Almirante Flávio Rocha deve substituir Wajngarten na Secom

Mudança foi articulada para tentar por um fim nos desentendimentos na comunicação do governo

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 09:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro deve mudar pela terceira vez, desde o início do seu mandato, o comando da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). Para acabar com divergências internas e tentar melhorar a comunicação do governo, o almirante Flávio Rocha deve ser o escolhido para substituir o atual secretário, Fábio Wajngarten. Rocha, amigo pessoal de Bolsonaro, chefia atualmente a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE) e, possivelmente, seguirá acumulando os dois cargos.

A mudança foi articulada para tentar por um fim nos desentendimentos na comunicação do governo, especialmente entre Wajngarten e o ministro das Comunicações, Fábio Faria. Há tempos que os dois estavam completamente desalinhados. A Secom é responsável pela comunicação oficial do governo e também pelo repasse de verbas publicitárias, o que aumenta o poder político da secretaria.

O próprio presidente tem reconhecido que a área está muito aquém do que poderia ser. Especialmente para lidar com crises de imagem, como na pandemia e também na recente demissão do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco.

Apesar da troca, a tendência é a de que Bolsonaro mantenha Wajngarten no seu entorno, como assessor especial. Apesar do temperamento explosivo, o empresário é visto como um aliado fiel e uma pessoa inteligente, que pode seguir colaborando com o governo. Além disso, ele é muito próximo dos filhos do presidente e do grupo ligado a Olavo de Carvalho.

Com um perfil oposto, o almirante Flávio Rocha é considerado um militar conciliador e de diálogo. Sem deixar a ativa, entrou no governo no ano passado e é figura constante ao lado do presidente nos eventos do Planalto. Segundo um ministro, o almirante é "bom de jogo", fazendo a ponte política entre Bolsonaro e outros setores. No dia 7 de setembro, por exemplo, organizou em sua casa um encontro entre Bolsonaro e ministros do Supremo Tribunal Federal, como Dias Toffoli.

Nos últimos meses, Rocha ampliou sua proximidade com Fábio Faria e integrou a delegação que promoveu uma espécie de "road show" pela Ásia para avançar nas discussões sobre a adoção da tecnologia 5G. Como fala seis línguas, o almirante tem ajudado também nas conciliações diplomáticas com outros países, como foi o caso com a China. Na terça-feira, os dois se reuniram com o presidente para tratar da troca na Secom.

Se essa habilidade ajudou a somar pontos a seu favor, Rocha também já deu suas derrapadas. Foi ele quem levou para o presidente o nome de Carlos Alberto Decotelli como possível ministro da Educação. A nomeação foi cancelada após publicação de notícias de que o ex-futuro ministro tinha turbinado o próprio currículo.

Se for confirmado na Secom, o almirante será o terceiro ocupante do cargo. Antes, o posto esteve com Floriano Amorim, que ficou até abril de 2019, quando foi trocado por Wajngarten.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.