ANJ e ministros do STF condenam agressões sofridas por jornalistas do Estadão

Fotógrafo do jornal levou chutes e murros; motorista da equipe também foi agredido

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  • Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2020 às 17:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: TV Globo/Reprodução

Após apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do Estadão que acompanhavam uma manifestação pró-governo realizada neste domingo (3), em Brasília, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou uma nota para imprensa dizendo que "condena veementemente as agressões sofridas por jornalistas e pelo motorista do jornal O Estado de S.Paulo".

"Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados", diz a nota da entidade.

"A ANJ espera que as autoridades responsáveis identifiquem os agressores, que eles sejam levados à Justiça e punidos na forma da lei", completa o informe.

 

Agressão a jornalistas ofende Constituição e democracia, dizem ministros do STFA ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia afirmou que "quem transgride e ofende a liberdade de imprensa, ofende a Constituição, a democracia e a cidadania brasileira". Segundo Cármen Lúcia, isso "significa atuar de maneira inconstitucional".

Outro ministro do STF, Gilmar Mendes, afirmou que "a agressão a jornalistas é uma agressão à liberdade de expressão e uma agressão à própria democracia". "Isso tem que ficar claro", completou. Os ministros também disseram lamentar a agressão física e verbal que os profissionais do Estadão/Broadcast - o fotógrafo Dida Sampaio, o motorista do jornal Marcos Pereira e os repórteres Julia Lindner e André Borges - sofreram de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, em frente ao Palácio do Planalto, enquanto realizavam a cobertura jornalística do evento neste domingo.

Cármen Lúcia e Gilmar Mendes participam de transmissão ao vivo pela internet promovida pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Maia O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu às agressões sofridas por jornalistas neste domingo e afirmou que cabe às instituições democráticas impor a "ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror". "Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles", disse Maia.

No Twitter, Maia prestou solidariedade aos jornalistas agredidos e pediu que a Justiça seja célere para punir os criminosos responsáveis. Maia afirmou também que, no Brasil, além da luta contra o coronavírus, há também aquela contra o "vírus do extremismo", cujo pior efeito é ignorar a ciência e negar a realidade, disse. "O caminho será mais duro, mas a democracia e os brasileiros que querem paz vencerão", disse. Na postagem, o presidente da Câmara também lamentou as agressões sofridas por profissionais da saúde no feriado. O protesto de um grupo de enfermeiros por melhores condições de trabalho e pela manutenção do isolamento social durante a pandemia acabou em confusão após apoiadores de Bolsonaro tentarem interromper o ato e agredir os profissionais. Como mostrou o Estadão/Broadcast, três manifestantes foram identificados pelo Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) e o órgão vai processá-los. "Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror. Minha solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde agredidos. Que a Justiça seja célere para punir esses criminosos", disse. Durante a manifestação pró-Bolsonaro neste domingo, o fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa quando foi agredido. Sampaio usava uma pequena escada para fazer o registro das imagens quando foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. O motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de reportagem também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como "fora Estadão". Os dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma área segura e procuraram o apoio da polícia militar. Eles deixaram o local escoltados pela PM. Os profissionais passam bem. Milhares de pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em manifestação na qual Bolsonaro também participou. A ação ocorre após o ex-ministro Sérgio Moro prestar depoimento no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar denúncia feita por ele de que o presidente Bolsonaro utilizou o cargo para tentar ter acesso a investigações sigilosas da Polícia Federal. As informações do ex-ministro levaram a suspensão, pelo STF, da nomeação de Alexandre Ramagem para o posto de diretor-geral da PF.Entenda O fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa quando foi agredido. Sampaio usava uma pequena escada para fazer o registro das imagens quando foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. O motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de reportagem também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como "fora Estadão". Os dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma área segura e procuraram o apoio da polícia militar. Eles deixaram o local escoltados pela PM. Os profissionais passam bem. Os repórteres Júlia Lindner e André Borges, que também acompanham a manifestação para o Estadão, foram insultados, mas sem agressões. Milhares de pessoas se reúnem na Esplanada dos Ministérios convocadas num ato estimulado pelo presidente. A ação ocorre após o ex-ministro Sérgio Moro prestar depoimento no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar denúncia feita por ele de que o presidente Bolsonaro utilizou o cargo para tentar ter acesso a investigações sigilosas da Polícia Federal. Bolsonaro desrespeitou todas as normas de saúde pública ao participar da manifestação. Sem máscara, desceu a rampa do Planalto e deu uma volta em todo alambrado. O desrespeito às medidas de segurança por causa do novo coronavírus é generalizado entre os apoiadores do presidente. Assim como o presidente, grande parte da população não usa máscara.