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'Antes as empresas tinham que gerar lucro. Hoje, têm que gerar impacto', diz Leonardo Barros

CEO e co-fundador da Ekoa participará do 13º Fórum Agenda Bahia, do CORREIO

  • D
  • Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2022 às 05:49

. Crédito: Foto:Divulgação

Com seis anos de existência, 20 funcionários e uma aposta no mercado de formação online em sustentabilidade, a startup baiana Ekoa Educação já bateu o número de 300 mil pessoas impactadas, entre profissionais, empreendedores e professores. Hoje são mais de 10 mil alunos formados e cinquenta empresas contempladas pelas soluções corporativas da Ekoa, que se apresenta como um portal de soluções educacionais em ESG.

Mas se nenhum desses termos faz sentido para você, é porque o conceito de sustentabilidade, na prática, ainda não está devidamente incorporado ao mundo empresarial e profissional e continua um mistério para muita gente. E é por isso que Leonardo Barros, CEO e co-fundador da Ekoa, acredita que o principal desafio da startup permanece: transformar as práticas ESG numa cultura corporativa, que só vai acontecer com cada vez mais pessoas capacitadas no mercado. Foto: Divulgação

Correio: O conceito ESG, apesar de na moda, ainda gera muita dúvida e questionamentos. O que a EKOA entende por ESG?  Leonardo Barros: É uma pergunta que surge muito para os profissionais de sustentabilidade que a gente capacita. A gente vive com essa pauta há muito tempo, nós que trabalhamos com responsabilidade socioambiental. Mas o formato, a sigla com que está sendo difundido hoje ainda é novo. No Google Trends (plataforma do Google que mede o interesse do público por um tema a partir da busca de palavras-chave) a gente vê que teve um crescimento muito grande de um ano pra cá porque esse tema foi muito difundido. Mas a sigla em inglês, por si só, tem um entendimento muito simples. O “E” vem de meio ambiente (environment), o “S” de social e o “G” de governança (government). É uma tradução de uma agenda socioambiental que uma empresa tem perante a sociedade. Uma empresa, historicamente, tinha a premissa de gerar lucro, resultado para os acionistas. Atualmente, temos uma nova visão. Organizações sustentáveis não têm só que gerar lucro para os acionistas, mas também impactar a sociedade como um todo, os trabalhadores, a circunvizinhança. É o que a gente chama de ‘política de stakeholder’, é uma série de impactos partes interessadas nesse processo. Hoje se enxerga que essas organizações precisam desenvolver ações que estejam em conformidade com o que está acontecendo na sociedade. A sigla veio do mercado de capital, saiu numa publicação do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas). Inicialmente, foi uma provocação de CEOs para o mercado financeiro de como incluir agendas sociais, ambientais, de governança dentro desses processos de investimento. Isso foi se difundindo numa curva ascendente nos últimos anos. Isso tudo está dentro do conceito de governança, para que empresas tenham atitudes mais sustentáveis mais perante a sociedade.

Apostar na formação e direcionamento de empresas e profissionais foi algo que vocês buscaram na EKOA? Nossa origem é na área da sustentabilidade, os dois fundadores são engenheiros ambientais. A percebeu que existia um deficit na formação do profissional no que a gente encontra no mercado nos desafios do dia a dia. E isso acontece a área ambiental é muito transversal, multidisciplinar: dialoga com o social, conhecimentos espaciais, área geográfica. A problemática ambiental se move com uma dinâmica muito rápida, sempre tem novos problemas, novas tendências, novos desafios e tecnologias. E para isso o profissional tem que estar sempre muito atualizado. A gente entendeu isso, e criou a Ekoa com o objetivo de capacitar esses profissionais e organizações também, porque temos soluções empresariais para implementar a sustentabilidade no trabalho. Foi algo que a gente mirou no início, porque naquela época o tema ESG não estava tão difundido ainda. Hoje a gente vê que tem mais pessoas interessadas. Só para se ter uma ideia, nós já formamos mais de10 mil alunos de trinta formações distintas. Daí é possível ter uma noção da transversalidade que o ESG tem.

E já virou um requisito até mesmo em investimentos, certo? Investidores procuram empresas que têm comprometimento com a pauta socioambiental como critério para fazer aportes. Tem relatórios de instituições que apontam que mais de 50% dos fundos internacionais vão exigir critérios ESG em empresas. Essa área de investimento tem se voltado muito para isso porque o ESG é uma mitigação de risco. Uma empresa que não cuida de seus colaboradores e meio ambiente tem risco de gerar algum tipo de passivo. O mercado de investimentos está, cada vez mais, a materializar o critério de investimento de empresas que adotem critério de sustentabilidade.

Voltando a falar da Ekoa, como surgiu a ideia de formar uma plataforma de ensino focada no ESG? A gente tem que voltar um pouco para falar da nossa atuação. Como a gente veio da engenharia ambiental, na época a gente ouvia que era a área do futuro, que um dia seria muito relevante, para nós já era a área do agora. Mudanças climáticas estão acontecendo há muito tempo, toda a problemática por conta da disponibilidade de água, a busca por eficiência energética. Aqui no Brasil a regulação ambiental veio nas últimas três décadas, tudo ainda é muito novo. A gente percebeu isso na época que a gente saiu da graduação e entrou no mercado, e então vimos como estávamos destoantes, o quanto o mercado ainda não estava consciente da preocupação de sustentabilidade. Percebemos que mais pessoas, como a gente, precisava dessa capacitação para se inserir ou conseguir uma alavancagem para a carreira, ou para uma transição. Daí pensamos em criar essa empresa de educação, começamos com cursos da área ambiental e fomos ampliando para a área social, trazendo conteúdo do eixo econômico, engenharias e agora, neste ano, criamos soluções específicas para organizações. 

Vocês já começaram com a aposta no digital? Começamos com cursos presenciais, mas, com o tempo, com a modelagem de negócio, a gente viu que queria impactar mais pessoas. Pessoas que vinham de outros estados, por exemplo, enfrentavam uma logística complicada. Na época começou a difusão de cursos pela internet e a gente viu que, com essa possibilidade, poderíamos chegar a mais pessoas que vivem em áreas que não poderiam participar presencialmente. Pessoas que vivem em interiores, de locais como o Norte do país. Essas pessoas conseguiram assistir as aulas, consumir o conteúdo e recuperar fazendas e transformar em florestas. Temos vários depoimentos de pessoas que não tinham acesso a esse conteúdo e, com a tecnologia, passaram a ter. E, do ponto de vista do negócio traz muito mais escala e viabilidade dentro do mercado como um todo, também.

E quando vocês perceberam que era hora de migrar para o online? Antes a gente atuou bastante no mercado com consultoria, palestras, e criamos a Ekoa em paralelo. Aí a empresa foi ganhando corpo, muita gente foi procurando até chegar num ponto que a gente precisou se dedicar de forma prioritária.Primeiro a gente começou a promover cursos em locais específicos, viajava para dar cursos. Foi em 2018 e 2019 que pensamos em construir nosso portal, transformar as aulas em digitalizadas e fornecemos a experiência através da nossa plataforma.O que vocês perceberam com essa migração? Com o presencial a gente pode fazer muito contato, olhar no olho, fazer a discussão. Nosso desafio era transformar isso numa experiência digital. Nossa premissa sempre foi fazer conteúdos alinhados à prática de mercado. Criamos mentorias, roteirizamos as aulas e colocamos dentro da plataforma. Com a tecnologia a gente faz de forma interativa, com apostilas, aulas roteirizadas e gravadas com atores, podcasts, pra alinhar às pessoas. E recentemente criamos uma comunidade pras pessoas poderem discutir. E isso foi um processo construído, para a gente poder fortalecer essa comunidade até chegar num ponto hoje em que está muito interessante. Um ponto preponderante para a gente fazer esse processo é que nossa gestão sempre foi muito fundamentada em dados, e toda essa nossa análise de dados faz com que a gente perceba o que é motivação, o que é tendência, e conseguimos retroalimentar.

Então é correto afirmar que os dados têm influência na orientação da gestão da empresa. Uma cultura que a gente chama nas startups é tomar decisões fundamentadas em dados. Marketing, produção de conteúdo, fazer com que o cliente tenha a melhor experiência, design de produtos. A gente tem ferramentas de dados e saber essas tendências de forma antecipada faz com que a gente consiga acertar o timing. Às vezes a gente tem um produto legal mas pode não ser bem aceito naquele momento. É poder oferecer o produto correto no tempo correto.

Como vocês lidaram com a pandemia? No começo era um cenário de incerteza, a gente precisou entender o que aconteceria pela frente. Acredito que a pandemia antecipou em mais ou menos cinco anos o que a gente chegaria em ensino a distância. Isso era uma tendência clara, antes da pandemia, que o EAD se tornaria uma realidade. Antes existia muito preconceito a estudar online, as pessoas tinham resistência, e um dos legados da pandemia foi quebrar essa resistência sobre estudar online. Tivemos um pico de acesso, tanto nos conteúdos gratuitos como nos cursos, e pra nós foi muito interessante.Hoje mais de 50% das matrículas nos nossos cursos já são EAD. Esse contato com que as pessoas tiveram com o online antecipou nosso plano de ação. E a pandemia fez com que o mercado também produzisse mais conteúdo: mais gente entrou no formato online porque, naquele momento, era a única forma, e esse modelo acabou sendo bem recebido pelo público geral.Quais são os principais desafios que vocês enfrentam e percebem neste momento no mercado? Dentro do caminho que a gente está, é implantar esse conceito de sustentabilidade dentro das organizações. Ainda que a pauta ESG esteja muito latente, ainda é um desafio sensibilizar tomadores de decisão para tratar disso de forma sistêmica dentro das empresas. Trazer isso para uma realidade de fato, uma materialização, de forma transparente. No nosso processo de difusão tratamos de levantar a importância de analisar com todos gestores, colaboradores, funcionários, os stakeholders implantados de forma concreta na empresa. E também analisar o papel do profissional, para que ele saia da sua zona de conforto, entendendo que temos a oportunidade de mudar o cenário de sustentabilidade, e que, para isso, que precisaremos de profissionais técnicos e prontos. Se a gente não estiver capacitado e preparado, não vamos conseguir efetuar essa mudança.

Quais são os pontos mais importantes que a Ekoa destaca nos cursos? A questão da formação técnica e da importância da formação específica é um grande destaca bastante nos conteúdos, e esse é um grande diferencial nosso. Claro que a gente fala de ESG nos âmbitos de diretrizes, do que é a pauta da sustentabilidade como um todo, mas a gente quer formar técnicos específicos que vão gerar mudanças nas organizações em que as pessoas trabalham. A implantação de uma agenda socioambiental nas empresas perpassa por assuntos muito técnicos. Desenvolvimentos tecnológicos que exigem que as pessoas dominem ferramentas. No evento de cada curso a gente torna a pessoa apta a resolver um projeto dentro do assunto estudado. Não é só ser informativo, mas fazer daquilo uma ferramenta de aplicação. Esse é o principal elo que une nossos conteúdos.

E vocês acham que já atingiram esse objetivo? Nós somos uma startup jovem, começamos mesmo em 2019 e tivemos um avanço muito grande nesse período. E a gente está só começando, só demos o primeiro passo. A gente se considera uma startup de impacto, fomos acelerados e temos um objetivo muito claro de unir as pautas social e ambiental. Além de ter uma empresa e querer crescer queremos gerar valor para pessoas e sociedade. Esse ponto norteia nossas decisões, para escolher potenciais investidores, inclusive. E fazemos isso de forma independente, a gente coloca nossa régua. Temos muito orgulho de ser de Salvador. A gente ouviu, ao longo de nossa trajetória, que tínhamos que ir para São Paulo, que precisávamos abrir filial lá se quiséssemos ganhar o mercado e crescer. E a gente sabe que o que vale é o projeto, não necessariamente onde ele está baseado.  

Serviço: 13ª edição do Fórum Agenda Bahia  Onde: Wish Hotel da Bahia, Youtube e Yazo Data: 18 de outubro  Inscrições pelo Sympla  Valor: evento gratuito 

O Agenda Bahia 2022 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Acelen e Unipar, parceria da Braskem e Rede+, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Fieb, Sebrae, Rede Bahia e GFM 90,1 e Apoio da Suzano, Wilson Sons, Unifacs, HELA, Socializa e Yazo.