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Fernanda Santana
Publicado em 30 de novembro de 2019 às 11:20
- Atualizado há 2 anos
Desde 1964, as missas da Catedral Basílica de Salvador eram celebradas numa mesa provisória. Há três meses, frontões de altar de 330 anos, foram encontrados, estragados, no depósito da igreja. Neste sábado (30), depois de três meses de restauração, o material até então esquecido foi entregue e consagrado por Dom Murilo Kriegger, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, como o novo altar da catedral. >
O novo altar é formado por cascos de tartarugas e marfim. No processo de restauração, como é praxe dos altares, foi colocada uma pedra na parte central da mesa. Ali, estão as relíquias de Santa Dulce dos Pobres e Bem Aventurada Lindalva. A consagração de altares é obrigatória e um evento considerado raro pela Igreja.>
O antigo altar da Catedral, que serviu para as celebrações em que o sacerdote ficava de costas para o povo, já foi dedicado séculos atrás; também a igreja já o foi. Depois da solicitação de Dom Murilo, Padre Abel, pároco da Catedral, iniciou as pesquisas para saber qual seriam os materiais utilizados. A catedral é considerada a mãe de todas as igrejas da cidade. >
“Para nós, o altar é Cristo. Queríamos uma coisa mais definitiva, mais solene, o altar é o centro da igreja”, comentou Dom Murilo.>
Agora, o altar fica mais próximo dos fiéis. No ano de 1964, o papa Paulo VI, definiu que os altares deveriam ser colocados em direção aos fiéis, não virados para as imagens, como acontecia. Desde então, a mesa de celebrações da Catedral era provisória.>
Os frontões transformados no altar, conta Padre Abel, pároco da Catedral, foram utilizados até 1923. Naquele ano, depois de uma reforma, foram substituídos por exemplares de pedra e gesso. “A ideia era fazer um altar digno, a gente estudou, chamou um restaurador italiano, e viu que seria a melhor opção”, disse o padre. A restauração custou R$ 16 mil, paga por uma família que frequenta a catedral. >
No ato da consagração, o chamado óleo dos catecúmenos é passado sobre a mesa. É o mesmo óleo que, durante o batizado, é colocado sobre a testa da criança. “Para mim é novidade. Eu vejo pelo valor, um valor de uma pedra tão antiga”, acredita Laura Souza, aposentada. >
Durante a celebração, também houve ordenação de um novo diácono permanente. Os católicos que recebem o título podem ser casados, como é Francisco José Homem Bittencourt, o ordenado do dia. A partir de agora, ele pode, por exemplo, celebrar a palavra e aplicar o batismo. >
“Nós somos considerados cristos servos - o padre é o Cristo cabeça. O Cristo que lavou os pés. Eu sempre fui ministro da eucaristia, desde a infância. Mas eu fui chamado ao casamento”, contou, antes da celebração.>