Após bronca de Bolsonaro, Joaquim Levy pede demissão do BNDES

Diretor do BNDES também renuncia após críticas de Bolsonaro a Levy

Publicado em 16 de junho de 2019 às 07:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Agência Brasil/AFP

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, pediu demissão do cargo após receber uma crítica pública do presidente Jair Bolsonaro. O jornal O Globo, na sua versão digital, confirmou neste domingo (16) o pedido de demissão. 

"Solicitei ao ministro da Economia, Paulo Guedes, meu desligamento do BNDES. Minha expectativa é que ele aceite. Agradeço ao ministro o convite para servir ao País e desejo sucesso nas reformas. Agradeço também, por oportuno, a lealdade, dedicação e determinação da minha diretoria. E, especialmente, agradeço aos inúmeros funcionários do BNDES, que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco, possibilitando que ele responda plenamente aos novos desafios do financiamento do desenvolvimento, atendendo às muitas necessidades da nossa população e confirmando sua vocação e longa tradição de excelência e responsabilidade", afirmou Levy ao ministro, segundo O Globo. 

No sábado (15),  Bolsonaro deu uma bronca em Levy e ameaçou demiti-lo caso ele não suspendesse a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto do cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento.

“Levy nomeou Marcos Pinto para função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy”, disse o presidente. “Falei para ele: ‘Levy demite esse cara na segunda (amanhã) ou eu demito você Levy sem passar pelo Guedes (ministro da Economia)’”, afirmou o presidente.

Bolsonaro deu a declaração ao sair do Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência, em direção à base militar, de onde parte para Santa Maria (RS)."Governo tem que ser assim: quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e que ele conhece a meu respeito, ele (Levy) está com a cabeça a prêmio há algum tempo”, continuou o presidente.

Ao ser indagado por uma jornalista se estava demitindo publicamente o presidente do BNDES, Bolsonaro negou. “Você tem problema de audição?”, questionou.

Na noite de sábado, Barbosa Pinto entregou uma carta de renúncia ao cargo. Ele foi chefe de gabinete de Demian Fiocca, na presidência do BNDES, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao "G1", Guedes destacou ainda que é natural Bolsonaro se sentir "agredido". 

Com laços com o PT, Marcos Pinto foi chefe de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES. Fiocca era um dos principais nomes da gestão de Guido Mantega. Ele  é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, mestre em Direito pela Universidade de Yale (EUA) e doutor em Direito pela Universidade de São Paulo.  

Levado por Guedes para a presidência do BNDES durante a atual gestão, Levy foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT)  entre 1º de janeiro e 18 de dezembro de 2015, primeiro ano do segundo mandato da petista.

Na última semana, Bolsonaro afirmou que vai demitir o presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, por ele ter se comportado como “sindicalista”.  Desagradou o presidente o fato de o general ter tirado foto com parlamentares de esquerda e de ter dito que não haverá privatização dos Correios.