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Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2019 às 05:37
- Atualizado há 2 anos
A audiência do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara virou palco para ataques entre oposição e a base governistas. A audiência foi encerrada após uma briga generalizada na sessão. >
O tumulto aconteceu após cerca de oito horas de reunião, depois que o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ofendeu Moro. "A história não absolverá o senhor. Da história, o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar sim nos livros de história. Vai estar no livros de história como um juiz qu se corrompeu, como um juiz ladrão. É isso que vai estar nos livros de história. A população não vai aceitar como fato consumado um juiz ladrão, um juiz que ganhou uma recompensa para atingir a democracia brasileira.>
A fala gerou revolta de deputados que apoiam o juiz. Parlamentares e assessores cercaram a mesa da presidência da reunião.>
A deputada Marcivania (PCdoB-AP), que presidia a sessão, encerrou os trabalhos. Ela ainda tentou retomar a sessão, mas Moro já havia deixado o prédio. O deputado Filipe Barros (PSL-PR) disse que Marcivania não tinha “pulso” para presidir a reunião.>
Clima tenso Já nas primeiras perguntas direcionadas a Moro, o clima da sessão esquentou levando o presidente do colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR), a classificar a sessão como uma aula da "Escolinha do Professor Raimundo", em referência ao programa de humor da TV Globo.>
As discussões irritaram Moro que demonstrou por mais de uma vez em gestos e fisionomias suas insatisfação. O deputado Rogério Correia (PT-MG) chegou a chamar o procurador da República Deltan Dallagnol de "cretino", o que provocou a reação do líder do PSL, Delegado Waldir (PSL-GO).>
A vice-presidente da CCJ, deputada Bia Kicis (PSL-DF), usou dos escândalos de corrupção de governo petistas para atacar a oposição. "O pior é que a mentira, o roubo, ele vem depois com mentiras para tentar sustentar. E vem acompanhado de mais coisa, de muita cara de pau, de pessoas que ficam a todo custo agredindo Vossa Excelência, inventando inverdades, tentando desmoralizar, coisa que não vão conseguir, com o intuito claro de defender o chefe da quadrilha", disse a deputada.>
O líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), provocou Moro ao pedir que ele abra mão de seus sigilos "já que ele não tem nada a esconder" e criticou algumas falas irônicas do ministro. "O senhor não tem direito de ser irônico", disse sendo interpelado pro Moro: "Seu direito a expressão não pode me ofender".>
Em outro momento de confusão, deputados governistas liderados por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, levantou folhas impressas com as palavras "solução" e "montanha". Os termos se referem aos supostos apelidos de Maria do Rosário (PT-RS) e Pimenta no sistema de pagamentos ilegais a construtora da Odebrecht.>
Em um momento de descontração, após mais uma briga entre oposição e situação, Francischini ainda imitou o gesto que o personagem de Chico Anysio fazia com o polegar e o dedo indicador para encerrar os programas da "Escolinha": "E o salário, ó!", disse.>