Após quase cinco horas de paralisação, coletivos voltam a circular em Salvador

Quatro garagens participaram da paralisação no início desta quarta

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  • Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2018 às 08:52

- Atualizado há um ano

. por Mauro Akin Nassor/CORREIO

Os ônibus já começaram a sair das garagens após quase cinco horas de paralisação na manhã desta quarta-feira (16). Coletivos foram vistos pela equipe de reportagem do CORREIO no bairro de Sussuarana, por volta das 8h50.

Cerca de 900 coletivos ficaram nas garagens e só saíram após todas as assembleias acabarem. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, quatro garagens participaram da paralisação. A frota total na cidade é de cerca de 2.500 coletivos. 

Os ônibus da OT Trans, que ficaram impedidos de circular, contemplam as áreas entre Mussurunga e Pernambués, incluindo Cajazeiras e Pau da Lima. 

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De acordo com a categoria, a paralisação foi uma forma de pressionar o sindicato patronal para negociar os salários da categoria. Há uma rodada de negociação entre representantes da categoria e dos empresários prevista para ocorrer às 10h desta quarta-feira, no Ministério Público do Trabalho (MPT). 

Segundo o diretor adjunto do departamento jurídico do Sindicato dos Rodoviários, Pedro Celestino, as saídas de ônibus de quatro garagens foram liberadas por volta das 9h: a G2 (Avenida San Martin); G3 (Campinas de Pirajá); G1 (Estrada Velha de Pirajá) e G6 (Rua da Indonésia, perto da Brasilgás). 

A última - que fica perto da Estação Pirajá - será liberada por volta de 9h30. "O motivo principal desses atos foi passar para o trabalhador as informações da campanha salarial de forma personalizada. Nesta quinta-feira (17) teremos uma assembleia pela manhã, e à tarde, 15h30, faremos uma caminhada pelo Centro da cidade", afirmou Celestino. Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO Transtornos Enquanto os rodoviários se reuniram para pressionar os empresários, a população aguardou a chegada dos coletivos nos pontos de ônibus. Algumas pessoas, inclusive, sem saber da paralisação, chegaram mais cedo aos pontos. Outras, decidiram levantar da cama um pouco mais tarde já cientes dos atrasos.

A merendeira Valdete Nascimento, 47 anos, precisava estar no serviço às 7h, no bairro de Santo Inácio. Às 7h30, aguardava no ponto de ônibus do bairro do Cabula a chegada da condução. 

Na escola em que ela é funcionária, todos receberam a autorização da direção para chegar mais tarde. Por lá, as aulas também vão começar mais tarde, às 10h."Agora vou ter que pegar dois ônibus para chegar no trabalho. Como já sabia da paralisação, não me preocupei em chegar mais cedo no ponto", conta Valdete. No mesmo ponto de ônibus, a jovem aprendiz Fabiana Andrade, 22, também aguardava a chegada do coletivo. O destino da jovem é mais longe que o da merendeira: a cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). 

Fabiana também precisava estar no trabalho às 7h. Até lá, a viagem dura 1h30, com o trânsito tranquilo. Para Fabiana, a paralisação é necessária para pressionar os empresários, no entanto, acredita, há quem seja muito mais impactado que eles. "É importante que a categoria exerça sua cidadania, mas, por outro lado, quem mais sofre com a falta de transporte é a população, e não os patrões", disse a jovem.  Fabiana Andrade precisava estar no trabalho às 7h (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O aposentado Roberto Leal, 65, precisava deixar a neta na escola também às 7h, no Colégio Salesiano Dom Bosco, na Avenida Paralela, porém, às 7h30, ainda permanecia à espera do coletivo. "Vou ter que negociar, conversar, explicar para a direção a situação, para que minha neta não leve falta", conta Roberto. Roberto Leal aguardava, junto com a neta, a volta dos coletivos (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A assistente administrativa Bárbara Jesus, 41, não avisou a patroa que chegaria atrasada no trabalho, no bairro da Ribeira. No entanto, imagina, a chefe também deve chegar mais tarde na empresa. "Não avisei e nem mandei um 'zap'. Como a minha chefe também pega ônibus, imaginei que ela também esteja atrasada", acredita. Bárbara Jesus acreditava que a chefe também ia se atrasar (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A gerente de loja Amanda Lima, 36, vai trabalhar de ônibus de segunda a sexta-feira, mas nesta quarta ela optou pelo metrô. "Eu moro na San Martin e trabalho em Brotas. Sempre vou de ônibus porque a estação de metrô de Brotas não fica perto do meu trabalho, mas o ônibus que eu pego passa na porta do meu serviço. Hoje eu fiquei com medo de não conseguir pegar o ônibus por conta da paralisação e, por isso, vim de metrô", contou.

Já a amiga dela, a vendedora Elizângela Souza, 35, trabalha na Avenida Sete de Setembro, no Centro, e todos os dias vai trabalhar de metrô. A diferença é que hoje ela saiu 40 minutos mais cedo de casa. "Fiquei com medo do metrô estar muito cheio e de não conseguir pegar os primeiros que passassem. Eu entendo a paralisação dos motoristas, mas que atrapalha a nossa vida, atrapalha".

As duas amigas estudaram juntas e contaram que quase não se veem. Nesta quarta, elas se encontram por acaso no metrô e resolveram colocar a prosa em dia. "São tantas notícias e várias queixas. Pelo menos teve esse ponto positivo da greve pra gente", brincou Elizângela.

Em Salvador, 1,3 milhão de pessoas usam o transporte público por dia. A frota de ônibus é de cerca de 2.500 coletivos. Na Estação da Lapa, que por dia recebe cerca de 400 mil passageiros, o fluxo de pessoas é bem pequeno nesta manhã de quarta (16).  Foto: Gil Santos/CORREIO *Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier