Áreas da Ufba ficam sem manutenção por quatro meses após quebra de contrato

Universidade diz que situação é fruto de "saída intempestiva" de empresa responsável pelo serviço

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  • Wendel de Novais

Publicado em 21 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Já faz mais de um ano que a Universidade Federal da Bahia (Ufba) está sem aulas presenciais por conta da pandemia. E, especificamente, no campus de Ondina, onde se via uma multidão de alunos, parte da paisagem foi dominada pelo mato.

Na Faculdade de Dança, no Instituto de Química e até nas imediações do Restaurante Universitário, a vegetação tomou conta. Situação que, segundo a universidade, só ocorreu por conta da interrupção de um contrato com a empresa responsável pela manutenção, que ficou suspensa por quatro meses e voltou a ser feita só no início deste mês.

O mestrando em Química, Gabriel Leal, 24 anos, que vai à Ufba por conta das pesquisas em laboratório, conta que a escadaria que fica ao lado do Instituto só recebeu manutenção depois que um vídeo dele viralizou. "A partir do Instituto de Química, tinha muito mato. A escadaria estava completamente tomada pela vegetação, não dava nem para ver o corrimão. Foi aí que fiz o vídeo, que viralizou tanto que logo depois eles fizeram a manutenção do local", conta.

Ainda segundo Gabriel, houve manutenção em partes específicas, mas ainda existem pontos onde o mato ainda está presente. "Entre Química e Farmácia, onde fica o anexo do Instituto, o mato ainda está super alto. Na própria faculdade de Farmácia, o mato está alto. No caminho para entrada da Ademar de Barros, no instituto de Biologia, tá com um mato na minha altura", afirma o mestrando.

E não são só esses pontos. A estudante Hadassa Freire, 22, passou por dentro da universidade de bike para evitar a movimentação grande de carros, motos e ônibus na rua e se impressionou. "Peguei a bicicleta no portão principal, entrei na Ufba e segui o percurso até o portão 1. Ou seja, passei pela Escola de Dança, o PAF 5, restaurante universitário. Tinha bastante mato, quase não reconheci alguns pontos", lembra Hadassa, que só seguiu caminho porque estava acompanhada. Vegetação espalhada pela universidade assusta quem passa por lá (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Denis Melo, 42, professor e vice-diretor da Faculdade de Farmácia e que vai ao local porque a faculdade mantém um serviço de coleta de sangue que é prestado pelo SUS e não foi interrompido na pandemia, salienta que as intervenções já estão sendo realizadas.

"O mato está realmente grande. Inclusive, estávamos cobrando para que a nossa área fosse podada para resolver essa situação, já que há uma movimentação no laboratório e estamos voltando com aulas presenciais para turmas limitadas. E, agora, já estão cortando e avançando no processo de limpeza do campus", disse.

Problema contratual Em nota, a Ufba informou que o problema com a manutenção das áreas verdes é resultado do encerramento do contrato por parte da empresa responsável pela poda e outras atividades de manutenção no campus. "Em função da saída intempestiva da empresa terceirizada que executava serviços de limpeza urbana e gestão das áreas verdes, a Ufba ficou quatro meses sem esses serviços", diz a universidade.

Ainda segundo a Ufba, o problema já está resolvido porque, durante esse período, a universidade realizou uma nova licitação e outra empresa foi contratada, iniciando suas atividades no começo deste mês de maio. Nova empresa já começou a fazer manutenção de áreas verdes da UFBA (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) "Nesse momento, a universidade já restabeleceu os serviços de limpeza e manutenção das áreas verdes e está direcionando suas ações para atender às áreas prioritárias. Asseguramos que, uma vez que as instâncias de decisão da universidade deliberem por um possível retorno às atividades presenciais, o que ainda não está previsto, a Ufba estará devidamente preparada para receber a sua comunidade".

As áreas prioritárias mencionadas no comunicado são as portarias 1 e 2, onde há, respectivamente, a área de bancos que seguem abertos e a vacinação contra o coronavírus em formato de drive-thru. De acordo com a Ufba, algumas áreas de laboratórios que seguiram funcionando mesmo com a pandemia também fazem parte dessas regiões prioritárias dentro dos campi.

Além disso, a Ufba afirma que suspendeu por tempo indeterminado as atividades acadêmicas e administrativas em março de 2020 por conta da pandemia - isso reduziu, inclusive, a quantidade de funcionários terceirizados que atuam na universidade. "Quando falamos de profissionais terceirizados, é importante destacar que isso inclui equipes de vigilância, manutenção predial e de áreas verdes, que passaram a atuar com equipes reduzidas ao mínimo necessário, tendo as condições de saúde e de trabalho monitoradas", diz a Ufba.

A instituição é enfática ao afirmar que a Ufba não está abandonada mesmo num momento em que as universidades públicas federais estão sofrendo bloqueio de recursos financeiros. No orçamento deste ano, o CORREIO já mostrou que a Ufba sofreu uma perda de R$ 30,2 milhões – a maior entre as federais baianas. O recurso de 2021 é o menor em 11 anos, o que impacta na assistência estudantil e demais atividades da universidade.

*Sob supervisão da subchefe de reportagem Monique Lôbo e colaboração do repórter Vinícius Nascimento