Artigo: Cada um no seu quadrado. Como fica o triângulo?

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  • Horacio Hastenreiter Filho

Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 06:43

- Atualizado há um ano

Nada é menos inovador que discutir o espaço e a importância da inovação no cenário competitivo contemporâneo. Inter-relacionar, portanto, inovação com competitividade, está na ordem do dia. Analisando-se, no entanto, as condições propícias à construção e à sustentabilidade de um ambiente de inovação, como também as relações internas demandadas pelo mesmo ambiente para que seja possível concebê-lo de forma sistêmica, vemos fragilizada a capacidade de desenvolvimento de inter-relações. A literatura menos científica das revistas periódicas de negócio, por exemplo, passa ao largo de uma visão mais sistêmica e integrada do processo inovativo.  A noção de sistema como um conjunto de elementos inter-relacionados, quando aplicada à inovação, diz respeito, entre outros aspectos, à integração de uma série de subsistemas. Destes, podem ser destacados não só o industrial, o de ciência e tecnologia, mas também o subsistema de educação e treinamento, sem que se renuncie, ainda, nesta visão, à moldura legal e política, determinantes dos aspectos regulatórios mais críticos que podem funcionar como estimulantes ou inibidores de uma agenda de inovação mais profícua. Um Sistema de Inovação impõe ultrapassar a busca das empresas por inovação. Requer a presença de instituições de ciência e tecnologia, um modelo educacional e de desenvolvimento de pessoas e um arcabouço regulatório dotados de instrumental e condições reais capazes de reposicionar a inovação. A visão de uma relação triangular proposta por Sábato, na qual a inovação é favorecida pela articulação entre os vértices determinados pelo Setor Produtivo e pela Academia, que estreitam as suas relações a partir da ação catalisadora do vértice Estado, tem lugar de destaque na visão do processo inovativo propalada pela própria Academia. Uma série de circunstâncias, entretanto, não viabiliza que o vértice do triângulo a si destinado seja efetivamente ocupado por esta mesma Academia. Uma das razões apontadas para a não consumação da proximidade desejada entre os mundos acadêmico e produtivo pode estar na falta de um protocolo de comunicação funcional que estabeleça uma linguagem comum e que se traduza em uma ação simbiótica com ganhos para os dois lados. As regras do jogo que procuram favorecer esta relação ainda são incompletas e não estimulam, em termos de recompensa, o envolvimento da Academia com a agenda produtiva. Por outro lado, há de se pensar na zona de conforto acadêmica, cujos indicadores de produtividade e de progressão na carreira dispensam o seu real envolvimento com o Sistema de Inovação, induzindo que este grupo não exerça o papel que dele se espera para o atingimento de sucesso na construção do Sistema. Aqui no nosso estado, ao reconhecermos a extrema fragilidade do Sistema de Inovação baiano, não podemos deixar de refletir sobre o papel (não) desempenhado pela nossa Academia. Afinal, daqueles que reconhecem a sua responsabilidade e importância para o sucesso de um Sistema de Inovação, não se pode deixar de cobrar a sua parcela de culpa quando este Sistema não logra êxito.* Horacio Hastenreiter Filho é professor adjunto da Escola de Administração da Ufba e pesquisador do Espaço Redes Bahia