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Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2022 às 20:11
- Atualizado há 2 anos
A rua em frente ao Teatro Castro Alves, no Campo Grande, foi palco para diversos artistas baianos nesta quarta-feira (31). No local, a categoria se reuniu para realizar a leitura da carta em defesa da democracia. O documento, elaborado pela Universidade de São Paulo (USP) e que já foi lido pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), denuncia que o Brasil enfrenta um perigo à democracia. >
A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” foi elaborada pela USP inspirada na Carta aos Brasileiros de 1977, feita em repúdio ao regime militar, e está disponível para leitura do site Estado de Direito Sempre, onde recebeu mais de um milhão de assinaturas. Sua leitura vem sendo realizada em outras cidades no país e já ganhou versão em vídeo, com a participação de artistas de renome nacional, disponível no YouTube.>
Os artistas argumentam que a carta é importante porque a cultura, as artes, a pesquisa e a ciência vêm sendo ostensivamente desprezadas no Brasil. O ator, roteirista e coreógrafo Lyu Árisson foi um dos artistas que estavam no local. >
“Nós, artistas, somos formadores de opiniões, então temos que participar sim desse movimento em prol da democracia. A classe artista já se posicionou quando saiu a carta, mas era importante fazer esse ato físico aqui na Bahia, em Salvador”, afirmou o ator. Foto: Nara Gentil/CORREIO Antes da leitura da carta, artistas se reuniram e apresentaram alguns de seus talentos no palco improvisado da rua do TCA. Lyu agradeceu a participação dos artistas, mas confessou que esperava mais. “Senti falta de mais artistas, de estudantes de Belas Artes da Ufba que não estavam lá, assim como mais professores. A presença dessas pessoas fortalece o movimento”, destacou. >
O ator Jaime Cunha informou que espera que os artistas formem uma unidade para defender políticas públicas voltadas para a categoria. “É importante a nossa manifestação nesse momento de obscurantismo. A cultura e a arte estão sendo desprezadas nesse país. Esse ato é de grande importância para a Bahia e para o Brasil inteiro”, pontuou. >
A carta de 1977, redigida pelo jurista Goffredo Silva Telles, trazia a frase “Estado de Direito já”. A de 2022 enfatiza: “Estado de Direito sempre”.>
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Outros atos A comunidade universitária e representantes de diversos setores da sociedade se reuniram na Faculdade de Direito da Ufba, na quarta-feira (24), para fazer a leitura da Carta em defesa do Estado Democrático de Direito e relembrar os mortos na ditadura. >
O reitor da Ufba, Paulo Miguez, marcou presença no ato e informou que a carta é uma expressão necessária em defesa da Constituição Federal, da democracia e das urnas eletrônicas, que vem sendo alvo de ataques constantes do presidente Jair Bolsonaro. >
"A partir do momento que a democracia e o sistema eleitoral vem sendo alvo de ataques desrespeitosos, colocando em dúvida a lisura dos processos eleitorais do Brasil, a sociedade civil se organiza e assina uma carta, lembrando que em outros momentos foi necessário, inclusive, a mobilização de pessoas para garantir a democracia. A gente reafirma o espírito de luta com essa carta”, declarou Miguez. >
No dia 11 deste mês, juristas e professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) se reuniram no Largo São Francisco e leram o mesmo manifesto em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro, o mesmo que foi lido hoje na Ufba. Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (Unidade Popular) e José Maria Eymael (Democracia Cristã) assinaram a carta.>