Assassinas do menino Rhuan são denunciadas pelo Ministério Público

Criança de 9 anos foi degolada ainda viva pela mãe e sua companheira

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  • Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2019 às 18:51

- Atualizado há um ano

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Mãe (à direita) e companheira são suspeitas pela morte do menino (Foto: Divulgação) O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Rosana Auri da Silva Candido, mãe do menino Rhuan, e Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, sua companheira, por homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver e fraude processual. Elas são autoras confessas do assassinato da criança de 9 anos. A denúncia foi apresentada nessa terça-feira (18).

O crime ocorreu no dia 31 de maio, em Samambaia (DF). Para o Ministério Público, as acusadas premeditaram o assassinato e planejaram como matariam e destruiriam o corpo da criança. 

Na noite do crime, a dupla esperou Rhuan dormir para executá-lo. Rosana, a mãe, desferiu o primeiro golpe no peito do menino, que acordou com o ataque. Kacyla o segurou para que Rosana desferisse as outras facadas. Por fim, a mãe decepou a cabeça do filho ainda com vida. (Foto: Divulgação) De acordo com o MPDFT, o assassinato teve motivo torpe, ocorreu por meio cruel e o recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O primeiro diz respeito ao sentimento de ódio que Rosana nutria em relação à família paterna da criança. Em relação ao segundo, a criança recebeu, ao menos, 11 facadas e foi degolada ainda viva. Por último, Rhuan foi atacado enquanto dormia.

Após o assassinato, a dupla esquartejou, perfurou os olhos e dissecou a pele do rosto da criança. Elas também tentaram incinerar partes do corpo em uma churrasqueira, com o intuito de destruir o cadáver e dificultar o seu reconhecimento.

Como o plano inicial não deu certo, elas colocaram partes em uma mala e duas mochilas. Rosana jogou a mala em um bueiro próximo à residência onde ocorreu o crime. Antes que ocultasse as duas mochilas, moradores da região desconfiaram da atitude da mulher e acionaram a polícia, que prendeu as duas autoras em flagrante, em 1º de junho.

Relembre o caso O menino Rhuan Maicon da Silva Castro​, 9 anos, foi esquartejado na noite do dia 31 de maio em Samambaia, no Distrito Federal. As autoras do crime disseram que mataram a criança por ter ódio dela.

Segundo o Conselho, Rhuan teve o pênis decepado há 1 ano pela mãe. A conselheira Claudia Regina Carvalho contou ao Uol que Rosana e Kacyla queriam transformar Rhuan em menina. Elas alisavam o cabelo dele, que era longo, todo dia. "Foi uma espécie de cirurgia de mudança de sexo. Após retiraram o pênis, elas costuraram a região mutilada e improvisaram uma versão de um órgão genital feminino, fazendo um corte na virilha", conta.

A postura das duas diante dos homens também influenciou a filha de Kacyla, que tem forte aversão a homens. O pai da menina, Rodrigo Oliveira, foi ao Distrito Federal buscar a criança, que a princípio se negou a encontrá-lo. Ele não via a filha há cinco anos e só conseguiu conversar com ela após insistir muito. "Ela (a filha de Kacyla) contou que não gostava do irmão de criação por ser homem", diz a conselheira. "A criança não olhava diretamente para o rosto dele (do pai), só segurava a minha mão. Ela ainda ficará um tempo no abrigo para se readaptar à família que não via há muito tempo. Tudo vai dar certo. Ela também receberá assistência psicológica".

O crime chamou atenção da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que visitou o Conselho Tutelar de Samambaia e afirmou estar "chocada" com o caso. "Vocês conseguem imaginar quanta dor este menino vinha sofrendo?", questionou a ministra em vídeo postado no Twitter. Ela afirmou que quer "saber onde a rede de proteção falhou".

O Conselho Tutelar diz que nunca recebeu denúncias sobre as crianças - elas não frequentavam a escola e aparentemente viviam sob cárcere privado.

Sequestrado O pai de Rhuan, Maycon Douglas Lima de Castro, tinha a guarda da criança, mas depois da separação a mãe fugiu com o garoto. "Tentamos salvar o Rhuan. Postamos nas redes sociais, procuramos polícia e Conselho Tutelar. Ninguém nos ajudou", diz Maycon.

Ele e Rosana tiveram um relacionamento de dois anos no Acre, de onde são os dois. Rhuan nasceu em Rio Branco. Eles se separaram justamente porque Rosana o traiu com Kacyla. Rosana, Kacyla e as duas crianças deixaram o Acre e viveram em Sergipe, Goiás e por fim no DF.

Em novembro de 2015, Maycon conseguiu a guarda provisória do filho, mas nunca o localizou. "Meu pai que me contou a notícia (do assassinato de Rhuan). Quando vi as fotos das duas não acreditei, a ficha não caiu. Quando meu filho desapareceu, todos ficamos desesperados. Éramos todos apegados a ele. Nunca desistimos de nada. Mas a Justiça do Brasil não ajuda e o resultado foi esse", lamenta. 

Desempregado, Maycon juntava dinheiro para tentar ir atrás de Rhuan - ele recebeu informação de que o filho estaria no DF. Agora, o corpo do menino voltará para O Acre, com custos pagos pelo Ministério Público de lá, para o sepultamento.