Assassino confessa que matou agiota que lhe cobrava dívida de R$ 3,5 mil

Marinheiro conhecia a vítima há cerca de 20 anos e costumava pegar dinheiro emprestado

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  • Bruno Wendel

Publicado em 29 de novembro de 2019 às 16:13

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(Foto:Bruno Wendel/CORREIO) A cobrança de uma dívida levou à morte o marinheiro Edenilton Souza dos Anjos, 45 anos, que também era agiota. Ele foi assassinado pelo ex-marinheiro Sebastião Conceição Oliveira, 45, a quem havia emprestado R$ 3 mil em fevereiro deste ano e cobrado R$ 3.500 em junho. A vítima foi morta no mês de setembro, com pauladas na cabeça. Com a prisão de Sebastião, nesta quinta-feira (28), no bairro do Lobato, a polícia conseguiu desvendar o crime, mas ainda não encontrou o corpo da vítima, que estaria no mar da Ribeira. 

Sebastião foi preso numa casa próxima à residência na Prainha do Lobato por determinação da Justiça, que emitiu um mandado de prisão temporária. Apesar de o corpo ainda não ter sido encontrado, havia indícios da ligação de Sebastião com o desaparecimento de Edenilton – testemunhas viram os dois juntos no dia 4 de setembro, último dia de vida do marinheiro. 

Durante a investigação, a polícia descobriu que Sebastião havia contratado um caminhão-guincho para retirar de sua porta o carro de Edenilton, um GM Corsa. A vítima havia ido ao local a pedido do suspeito, ocasião em que tiveram uma discussão que resultou no crime.  Sebastião foi apresentado à imprensa, na manhã desta sexta-feira (29), no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), no final de linha da Pituba. Ele permaneceu calado o tempo todo. 

Investigação A investigação foi iniciada depois que a família de Edenilton denunciou o desaparecimento dele na Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP), uma divisão do DHPP, no dia 6 de setembro. “Com o decorrer da apuração, foi percebido que não se tratava de um desaparecimento, mas sim de um crime, pois testemunhas já tinham visto os dois juntos, a família contou que a vítima vinha cobrando uma dívida ao suspeito, o caminhão-guincho contratado para retirar o carro da vítima, o fato de não ter havido pedido de resgate na hipótese de sequestro, dentre outros fatores fizeram a investigação ter sido deslocada para o DHPP”, declarou a delegada Pilly Dantas, titular da 3ª DH/BTS. 

Com base nos indícios de envolvimento de Sebastião no desaparecimento do marinheiro, foi deferido o mandado de prisão temporária pelo juiz Paulo Sérgio Barbosa, do 2º juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri. “Inicialmente, quando procuramos, ele estava escondido em Cajazeiras. Depois, retornou para o Lobato, mas para outra casa, acreditando que a polícia havia desistido, só que não”, disse a delegada. 

Dívida Levado ao DHPP, Sebastião confessou o crime e disse que matou Edenilton por que não tinha como pagar os R$ 3,5 mil, fruto do empréstimo de R$ 3 mil em fevereiro deste ano para montar um bar. Vítima e autor se conheciam há cerca de 20 anos, chegaram a trabalhar juntos na Marina Salvador e o autor era acostumado a fazer empréstimos com a vítima.

“Eram amigos. Sempre quando precisava de dinheiro, o acusado recorria à vítima, que agiota, emprestava a juros. Só que Sebastião ficou desempregado e não tinha como pagar os R$ 3,5 mil”, contou a delegada. 

Para minimizar a dívida, Sebastião ofereceu algumas cadeiras que havia comprado anteriormente para a montagem do bar. O marinheiro aceitou e foi buscar na casa do acusado. Ainda em depoimento, Sebastião nega que tenha premeditado o crime. “Ele disse que agiu pela emoção”, disse a delegada. 

Crime Edenilton foi assassinado no dia 4 de setembro, no porão da casa de Sebastião, onde estavam guardadas as cadeiras que seriam usadas para amortecer o valor da dívida. “Ele disse que, na hora, tiveram uma discussão e acabou empurrando a vítima, que caiu, bateu a cabeça e ficou desacordada. Então, não pensou duas vezes, e pegou um pedaço de madeira e deu vários golpes na cabeça da vítima, que ficou agonizando e morreu no local”, contou a delegada. 

Sebastião contou à polícia que, no dia seguinte, levou o corpo do marinheiro em um tonel para dentro de um barco a motor e foi para as águas da Ribeira, onde lançou o tonel ao mar. “Na primeira tentativa, o tonel não submergiu. Na segunda, ele usou uma âncora e pedras para fazer peso. Acreditamos que o tonel ainda está lá, pois a região onde ele submergiu tem entre oito e dez metros de profundidade. Contaremos com a ajuda do Corpo de Bombeiros”, disse a delegada.