Assassino de servidora do MEC confessa outra morte: 'Maníaco em série'

Polícia do DF investiga ainda outros sete crimes que ele teria cometido

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  • Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 20:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Depois de confessar ter matado a advogada Letícia Sousa Curado, 26 anos, funcionária do Ministério da Educação, o cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto disse à Polícia Civil do Distrito Federal que em junho ele matou outra mulher, uma funcionária de pizzaria.

O corpo de Genir Pereira de Sousa, 47, foi achado em 12 de junho de 2019, dez dias após ela desaparecer - ela foi vista pela última vez também em um ponto de ônibus, assim como Letícia. O delegado Veluziano Castro diz que há vários indícios de que Marinésio cometia crimes em série."É comportamento de maníaco em série, perfil desviado, embora saiba perfeitamente de tudo que faz", diz.Letícia, que conhecia Marinésio do bairro por pegarem sempre o mesmo ônibus, aceitou uma carona dele na sexta-feira (13), quando seguia para o trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Ela não apareceu para almoçar com a mãe nesse dia e a família desconfiou. Depois, não conseguiram localizá-la e descobriram que ela não tinha aparecido para trabalhar. 

O cozinheiro foi preso no domingo. No carro dele, foram encontrados objetos da vítima. Depois, Marinésio levou a polícia até o local em que abandonou o corpo, em uma manilha de esgosto próxima à DF-250. A perícia vai determinar se houve estupro.

O assassino confesso contou que viu Letícia no ponto de ônibus, quando parou para dar uma carona. Ela aceitou. Durante o caminho, ele a assediou e diante da recusa dela a atacou. Letícia morreu enforcada.  Servidora desapareceu após aceitar carona (Foto: Reprodução) Depois que o caso veio à tona, segundo o Correio Braziliense, sete mulheres procuraram a polícia para afirmar ter sofrido algum tipo de ataque por parte do suspeito. "O que nós temos de concreto são os dois homicídios, quatro vítimas que já nos procuraram oficialmente e outras três que ligaram e vamos marcar o depoimento delas", diz a delegada Jane Klebia, da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). "As mulheres estão sendo orientadas a ir até as delegacias registrar ocorrência. Elas têm contado a mesma narrativa, mas não tive tempo de ouvi-las para saber da coerência dos fatos", acrescenta.

Além das duas mortes já confessadas, Marinésio já foi formalmente acusado por outras quatro mulheres. Há duas irmãs que dizem que foram atacadas no último sábado; uma jovem de 23 anos que sofreu assédio em 11 de agosto; e uma adolescente que foi estuprada em abril deste ano. 

A caminhonete usada na maioria dos crimes foi comprada pelo cozinheiro há cinco anos. A polícia investiga se os ataques se iniciaram há mais tempo e pode reabrir casos passados.

Caso Genir O corpo de Genir foi achado em uma mata entre a região que ela trabalhava em uma pizzaria e a que morava, em Planaltina. O dono da pizzaria foi quem procurou a polícia.

Ele contou na delegacia que nos 15 anos de trabalho no local Genir nunca faltou e era considerada muito responsável. Por isso, quando ela não apareceu e não deu notícias, todos estranharam. Ela sumiu de um ponto de ônibus no DF. Uma das linhas de investigação busca apurar se o suspeito se passou por motorista clandestino para atrair as vítimas.

"Os casos que tiverem essa semelhança de transporte irregular, que a vítima foi abordada, nunca chegou ao destino ou se desesperou e conseguiu escapar, nós vamos apurar e buscar algum elemento que tenha relação com esse autor. Mas não dá para dizer que há com certeza essa vinculação", disse a delegada ao Correio Braziliense. Chefe de Genir procurou a polícia (Foto: Reprodução) Outros casos Entre as denunciantes estão duas irmãs que foram atacadas no último sábado, na Rodoviária de Planaltina, menos de 24 horas após a morte da servidora do MEC.

Elas contaram que saíram de uma festa de madrugada e um homem se aproximou e ofereceu uma carona. As duas, de 18 e 21 anos, aceitaram. Quando o homem começou a fazer um trajeto diferente do que tinha sido combinado, elas ficaram assustadas. O homem então as assediou, contam. 

“Assim que entraram no carro, Marinésio já avançou em uma delas, alisando a perna da que estava sentada na frente. No mesmo momento, ela recusou o toque e disse que é casada, que era para o homem parar. Ele rebateu respondendo: ‘Não dá nada, não'”, explicou a delegada para a Metrópoles.

Uma das irmãs chegou a pegar uma panela que estava no banco de trás e ameaçou quebrar tudo. Foi quando o suspeito parou o carro e as duas desceram, saindo correndo.

Caso similar aconteceu a uma terceira jovem, que procurou a polícia ontem e reconheceu Marinéseio. Ela também aceitou uma carona oferecida por ele. Quando foi atacada, conseguiu pular do carro e correr.

Também ontem, uma adolescente de 17 anos procurou a polícia com a mãe depois de reconhecer a imagem de Marinésio nos noticiários. Ela afirmou que em abril deste ano foi estuprada por ele, que depois ainda tentou asfixiá-la. A garota saiu de Paranoá de ônibus para ir até a escola. Ao voltar após a aula, ia para um ponto para pegar ônibus e seguir para o local em que trabalha como menor aprendiz. Armado com uma faca, Marinésio se aproximou em um Prisma vermelho, diz a vítima, diferente da Blazer usada em outros cinco crimes. Ele obrigou a jovem a entrar no carro.

"Ele passou a tarde com ela, a estuprou, e, depois, a abandonou em uma área erma da cidade. Ainda chutou a perna dela para sair do carro e apertou o pescoço da minha filha", diz a mãe da adolescente. "Após o episódio, minha filha parou de usar maquiagem, tentou tirar a própria vida em 28 de maio e duas outras vezes, em junho e julho, quando finalmente disse o que aconteceu", conta. Acompanhada da mãe, a garota registrou o boletim de ocorrência do estupro em julho.

Hoje, a jovem tem acompanhamento psicológico e toma três remédios controlados. A mãe diz que ela não tem dúvidas de que Marinésio é o homem que a atacou. "Ela tem certeza, sem medo de errar. Quando ela a viu, começou a tremer, a chorar. Ela passou mal hoje na escola, precisou ser socorrida, e levada para casa", diz. 

Além de todos esses casos, a polícia ainda investiga se Gisvania Pereira dos Santos Silva, 34, que sumiu em outubro do ano passado, é uma das vítimas de Marinésio. Ela foi vista pela última vez ao ser filmada por câmeras de segurança de um posto de gasolina em Sobradinho, onde morava com os pais e a filha adolescente, às 4h40. Ela aparece com um homem nas imagens, mas sai sozinha do posto. O corpo nunca foi encontrado. Gisvania está desaparecida desde outubro (Foto: Reprodução) Outro delegado do caso, Fabrício Augusto Machado, diz que o cozinheiro foi confrontado sobre essas outras denúncias que surgiram, mas só confessa as mortes de Letícia e Genir.“No caso das duas irmãs (que o denunciaram por assédio), ele fala só que deu uma carona, mas não confessou nada. O outro caso (da carona) do dia 11 de agosto, ele diz que não se recorda”, comentou o delegado."Ele agia conforme a oportunidade e a fragilidade das vítimas. Existia um comportamento dele usar a desculpa de um transporte pirata, mas não havia um padrão de vítimas", acrescenta a delegada Jane. Questionada se o suspeito tem algum problema mental, ela afirma que isso deverá ser analisado. "Há um desvio de comportamento em relação à sexualidade, mas que deve ser estudado por psicólogos e estudiosos da área", finaliza.