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Tailane Muniz
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 14:29
- Atualizado há 2 anos
Os entusiastas do uso da maconha para fins medicinais, em Salvador, têm um motivo para comemorar. Especialmente os que possuem familiares que sofrem de epilepsia. A Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil (Cannab) firmou acordo com a canadense Khiron, potencial produtora do óleo medicinal de CBD (canabidiol) ou THC (Tetraidrocanabidiol).>
A parceria foi anunciada na noite desta segunda-feira (18), durante a inauguração da sede da Cannab, que passa a funcionar a partir do dia 13 de março, em endereço físico na Rua das Dálias, no bairro da Pituba, em Salvador. >
Presidente e fundador da associação, criada em Salvador no ano de 2017, Leandro Stelitano afirmou que a primeira pesquisa vai estudar o uso do óleo nos epilépticos. "Não temos autorização para produzir o óleo aqui, embora já tenhamos feito o pedido à Justiça Federal. Com a parceria, a Khiron vai financiar a nossa pesquisa, que deve durar cerca de 14 semanas. Nesse período, eles nos fornecerão o óleo THC e CBD", comentou.Leandro disse que a Anvisa e a União já se manifestaram contra o pedido feito pela associação, em fevereiro de 2018, mas não há, ainda, uma negativa oficializada pela Justiça.>
"Nós estamos aguardando, mas temos uma boa expectativa. Atualmente, são inúmeros os ensaios que mostram o avanço dos pacientes, além de uma extensa fundamentação científica que embasa o tratamento à base da cannabis", destacou. Foto: Brisa Dultra/Arquivo CORREIO Sede A sede da Cannab vai funcionar de segunda a sexta-feira, de 8h às 18h, prestando atendimento aos associados, incluindo pacientes e familiares. >
No local, que tem quatro salas de atendimento, as pessoas que sofrem de Parkinson, autismo, esclerose múltipla e microcefalia terão auxílio de neurologistas, psicólogos e assistentes sociais. Atualmente, a Cannab tem cerca de 150 associados no país, de recém-nascidos a idosos de 70 anos, sendo 90% deles moradores da Bahia.>
Um dos diretores da Khiron, o pesquisador uruguaio Marco Algorta comemorou a inauguração da sede. "O espaço é essencial para as pessoas que fazem esse tratamento. Aqui terão todo apoio necessário, espaço para interagir e o acompanhamento de médicos que podem prescrever o óleo".>
Segundo ele, embora tenham a liberdade para prescrever o medicamento, há uma necessidade de aprovação posterior por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Confira o especial do CORREIO sobre o uso da maconha para fins medicinaisPrescrição Presidente da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia e Instituto do Cérebro, o neurologista Antônio Andrade, que é mentor da pesquisa, já prescreve há cinco anos. Só em Salvador, acompanha cerca de 100 pacientes. >
Segundo ele, a utilização do óleo é legítima e eficaz. "Muitos ensaio, feitos por especialistas, comprovam isso. Eu tenho pacientes que pararam de convulsionar após a utilização", relatou. >
A parceria com a Khiron, segundo o médico, é oportuna especialmente para pacientes que não têm condições de arcar com a importação do medicamento, vendido nos Estados Unidos por 450 dólares. >
"As pessoas terão a possibilidade de fazer o tratamento, devidamente prescrito, sem precisar pagar por isso", completou o especialista. >
O óleo, que é produzido em quantidade de 100 ml, é o suficiente para ser utilizado por um mês, em média. A princípio, é indicada a dosagem de cinco gostas a cada 12 horas e, posteriormente, uma gota por semana. Antônio Andrade acrescentou, no entanto, que os demais medicamentos para cada tratamento devem estar aliados à utilização do remédio. >
Quem quer conhecer mais sobre o projeto pode acessar o site da Cannab, no endereço www.cannab.com.br , onde também é possível se associar.>