Ataque a ônibus deixa rastro de destruição na Estrada Velha

Carro considerado uma relíquia foi completamente destruído; prejuízo é de R$ 100 mil

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  • Bruno Wendel

Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 12:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O ataque a um ônibus na Estrada Velha do Aeroporto causou pânico aos moradores da região e o ataque deixou marcas pela extensão do quilômetro 14 da avenida. Fiação, paredes e um carro foram atingidos pelo fogo.

Testemunhas relataram que um grupo com mais de 10 homens - a maioria armados e com os rostos cobertos - ocupou a pista nas imediações do final de linha, obrigando o ônibus a parar. "Eles começaram a gritar, mandando todo mundo descer. As pessoas estavam sem entender e eles ameaçaram atirar em todo mundo. Foi aí que todos saíram correndo, algumas pessoas de idade passaram mal", contou uma moradora.

Instantes depois, o veículo já estava em chamas. Os bandidos teriam usado um combustível. "Foi muito rápido. Ninguém teve coragem de sair para ver o momento do início do fogo, ninguém iria arriscar, pagar pra ver, mas alguns deles chegaram segurando galões. Como as chamas se espalharam com muita rapidez, devem ter usado gasolina", disse um morador.

O fogo do ônibus alastrou e atingiu a residência da dona de casa Ângela dos Santos Torres, 52. Ela e o marido não estavam em casa. "Meu esposo estava viajando e eu na casa de minha sobrinha. Quando retornei, só vi os bombeiros trabalhando para apagar as chamas que destruíram o portão de madeira da minha garagem. Graças a Deus que não estávamos na hora porque a gente tem o costume de ficar na porta de casa", contou ela.

A dona de casa disse que um vizinho impediu um estrago maior. "Ele teve a coragem de entrar e retirar um botijão de gás cheio que a gente deixa de reserva. Ele evitou que algo pior acontecesse", contou. (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) A casa de Ângela é de dois andares. No último pavimento, estavam seus dois cachorros. "Quando vi os bombeiros pensei que os meus bebês tinham morrido queimados, porque o fogou chegou ao segundo andar, mas não avançou", contou ela.

As labaredas consumiram também fios elétricos e de telefone, além de parte uma amendoeira e uma relíquia, um Jeep Wills 1964, do sargento aposentado do Exército Elias Bispo, 57, o Marrom, como é conhecido no bairro. Ele costumava deixar o veículo na porta de casa. "Era o meu dengo. Estava comigo desde 2007. Era o veículo que eu trabalhava no 19° Batalhão de Caçadores e significava muito pra mim. Era a minha história", disse ele desolado. (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Elias disse que o prejuízo somam mais de R$ 100 mil. "Não tinha seguro. Até tentei, mas não achei seguradora pra ele. Reformei ele todo. As peças eram todas novinhas. Não saia com ele para qualquer lugar, só em ocasiões específicas. Era o meu bichinho de estimação. Nenhum ser humano está preparado para perdas", declarou ele.

Ônibus Os ônibus chegaram a parar de circular no bairro após o ataque. A situação só foi normalizada após a PM instalar uma base móvel no final de linha do bairro. 

Segundo informações do major Paulo Cunha, comandante da 49ª CIPM, o incêndio no coletivo aconteceu após uma ação policial na localidade conhecida como Casinhas de Mussurunga. "Os policiais faziam incursão na localidade das Casinhas de Mussurunga, no setor F, e se deparou com alguns homens armados, eles resistiram e um deles veio a óbito. E virou praxe de eles fazerem isso. Eles tentam atingir pessoas inocentes, disse, em entrevista à TV Bahia.

Ainda de acordo com o major, o policiamento vai continuar reforçado na região até que a situação se normalize. "Nós vamos colocar uma base móvel mais próximo ao final de linha de São Cristóvão, de onde os ônibus saem. E as viaturas permanecerão aqui o quanto for necessário", finalizou.