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Audiência sobre desaparecimento de Davi Fiúza é adiada para outubro

Testemunha ocular do caso, que seria ouvida, não conseguiu comparecer

  • D
  • Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2022 às 14:44

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Gil Santos/CORREIO

A audiência que aconteceria nesta quarta-feira (31) na Vara Militar, no Bonfim, sobre o desaparecimento do adolescente Davi Fiúza, em 2014, foi adiada para outubro, por conta da ausência da principal testemunha do caso. O encontro foi remarcado para 7 de outubro, a partir das 10h, ainda sem definição se será presencial ou on-line. Policiais militares são acusados pelos crimes de sequestro e cárcere privado do adolescente, jogado dentro de uma viatura da Polícia Militar no dia 24 de outubro de 2014 e nunca mais visto. 

"Sinto muito, porque é um desgaste emocional, físico, mental. Mas vamos aguentar. Para quem esperou 7 anos e 10 meses, esperar mais um mês... Mas tudo ocorreu porque essa testemunha está sob proteção e não conseguiram um aparato policial, alguma coisa, acredito que foi isso, a forma de locomover ela até aqui", disse a mãe de Davi, Rute Fiúza, que estava no local. 

Ela disse que prefere não ver os policiais militares acusados pelo sequestro e sumiço de Davi. "Eles já estavam de costas, prefiro não olhar para eles", afirmou. "O assustador é que hoje fiquei sabendo que foram promovidos, três foram para reserva e todos eles foram pra cargos de oficiais. Interessante, o crime compensa, no caso do Estado. Por isso segue esse terrorismo implantado com sucesso nessa cidade, nesse país", criticou. (Foto: Gil Santos/CORREIO) Mais cedo, Rute falou da dor pelo sumiço do filho. "O principal ficou no meu coração e na minha memória. Davi é meu ancestral, ele vai ficar comigo para sempre. Tem pessoas que preferem guardar algo físico, eu prefiro guardar o amor, o carinho, a reciprocidade que havia entre eu e ele. Um carinho e amor de mãe pra filho e de filho pra mãe. Admiro pessoas que guardam, mas não tenho essa capacidade, prefiro guardar dentro do meu coração".

Alexandra Montgomery, representante da Anistia Internacional, também esteve na audiência adiada, criticando a demora no andamento do processo. "Primeiro é um absurdo um adolescente desaparecer dessa forma. Absurdo as investigações nunca conseguirem localizar o corpo desse menino. E outro absurdo é esse processo ser trasladado da justiça comum para a militar, que nunca deveria ter sido o fórum competente para analisar esse tipo de violência", afirmou ela, lembrando que houve mobilização de várias partes do mundo pedindo justiça para Davi.

Ela criticou também a mudança na tipificação do crime. "A justificativa de que não pode acusar por homicídio e sim por sequestro, pra nós, da Anistia, é um absurdo jurídico. O desaparecimento forçado é um crime continuado. Do dia que a pessoa é desaparecida até o dia que a pessoa é localizada ou não, esse crime continua.  Tem tratado internacional, pelo menos três, que tratam do desaparecimento forçado. A acusação só ta sendo por sequestro porque o Brasil até hoje não tipificou o crime de desaparecimento forçado, que é uma obrigação. Para nós está tudo errado, institucionalmente o Brasil está deixando tudo a desejar", avalia.

Em nota, a Anistia Internacional Brasil lamentou o adiamento da audiência judicial e classificou a situação como "inaceitável".

"É revoltante mais um atraso. Nós compreendemos que a ausência da testemunha inviabiliza a audiência, mas estamos falando de uma testemunha protegida pelo Estado. Não ter escolta para trazê-la para uma audiência, para a qual foi devidamente intimida, é inaceitável. Nós, da Anistia Internacional Brasil, vamos continuar lutando onde for preciso para buscar justiça para a família de Davi”, afirma Alexandra Montgomery, diretora de Programas da Anistia Internacional Brasil.

A Anistia informou ainda que vem denunciando, há anos, a morosidade do sistema de justiça na investigação do desaparecimento, o risco de os policiais envolvidos interferirem nas investigações e as ameaças que a família de Davi vem sofrendo.