Aumenta para sete número de mortos por chuvas na Bahia

Pessoas foram desabrigadas, ilhadas e soterradas por causa do temporal

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo Pessoal

Subiu para sete o número de mortes provocadas pela chuva na Bahia neste domingo (12). Além das cinco perdas confirmadas pela Defesa Civil estadual, foram encontrados dois corpos em Amargosa, no Vale do Jiquiriça. As duas vítimas são da mesma família e viviam numa casa que foi soterrada. Um homem que também vivia na residência, no distrito de Ribeirão dos Caldeirões, está desaparecido.

Em várias cidades de diversas regiões da Bahia foi possível ainda sentir os efeitos da chuva neste final de semana. Em Caetanos, no sudoeste baiano, não é diferente. Famílias estão ilhadas, em situação de risco, já há 12 dias, após dois rios transbordarem. O caso acontece na comunidade rural Fazenda Riachão do Gado Bravo, que é banhada pelos rios Riachão e Gavião.  

A região enfrenta problemas há anos, sem pontes, e sempre que ocorre uma enchente os moradores ficam ilhados, sem ter meios de sair ou de receber qualquer ajuda de fora. Com as chuvas que castigam a região, a população local se viu novamente em uma situação desesperadora. Os rios transbordaram de novo e estão todos presos no espaço elevado de terra onde construíram suas casas. 

Janecleide Vieira mora em São Paulo, mas tem familiares na cidade. Ela segue preocupada com a família. “A situação não se resolve. Tem anos que pedimos uma ponte. O único mercado de lá já não tem mais café. Eu só consigo falar com eles por causa da internet, pois nem o telefone pega”, disse. 

Caetanos está localizada no Sul da Bahia, região mais afetada pela chuva que, de acordo com a Defesa Civil do Estado, matou pelo menos cinco pessoas e deixou outras 175 feridos. Há também o registro de 3.744 pessoas desabrigadas e outras 6.472 desalojadas. No total, são 69.198 pessoas que foram diretamente impactadas pelo temporal.   

Mortes  A reportagem perguntou a Sudec informações sobre as cinco mortes consideradas, mas ainda não obteve retorno. Na prática, a quantidade de óbitos é maior, pois mortes decorrentes da chuva foram registradas na Bahia após a divulgação dos dados pela Defesa Civil.  

Em Amargosa, localizada no Vale do Jiquiriça, pelo menos duas pessoas da mesma família morreram e uma está desaparecida após uma casa ter sido soterrada no distrito de Ribeirão dos Caldeirões. Na madrugada deste sábado (11), um temporal atingiu a cidade, destruindo estradas, causando deslizamento de terra e alagando ruas da cidade.   

Elita Pereira, 80 anos, e sua filha Eliana Pereira, 40 anos, foram encontradas sem vida neste domingo (12), no segundo dia de buscas. “Elita foi levada pela lama e correnteza. Já o corpo de Eliana foi encontrado por um pescador no rio”, explicou o estudante Vinicius Santana, que faz parte da família e esteve na casa uma semana antes da tragédia acontecer. Seu tio Gildásio Ribeiro Alves segue desaparecido.  

Medeiros Neto tem cerca de 2 mil pessoas desabrigadas  Já em Medeiros Neto, no Extremo Sul da Bahia, de acordo com a prefeitura, a estimativa é de que mais de duas mil pessoas tenham ficado desabrigadas ou desalojadas. O município decretou estado de calamidade pública. Lojas do centro da cidade ficaram completamente alagadas. Carros foram levados pela enxurrada e casas desabaram.  

Policiais militares que trabalham na cidade estão fazendo uma campanha em favor dos milhares de desabrigados. É possível doar alimentos não perecíveis, roupas de uso infantil e adulto, roupas de cama, produtos de higiene pessoal, fraldas descartáveis e água mineral. Se quiser ajudar, pode entrar em contato com os agentes pelo Instagram @44cipm.  

Na Chapada Diamantina, a cidade de Lençóis também foi afetada pela chuva. Por lá, o nível do rio subiu ao ponto de alagar totalmente a principal via da cidade. De acordo com o guia turístico Augusto Galinaris, muitas pessoas ainda estão desabrigadas na cidade. “A situação ficou feia em muitos bairros, principalmente no Labrado, que ficam na parte de baixo da cidade, mais perto do rio. Subiu muito o nível da água e muitas famílias ficaram desabrigadas, pois o rio carregou muita coisa e deixou várias famílais em calamidade”, lamenta.  Na cidade, também foi feita uma campanha para doação de itens de higiene pessoal e alimentos para as famílias desabrigadas, o que está sendo entregue Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do município.