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No Brasil, emissões caíram 2,3, puxado por queda no desmatamento da Amazônia
Publicado em 21 de novembro de 2018 às 16:30
- Atualizado há um ano
O Bahia é o sétimo estado brasileiro com mais emissões de gases de efeito estufa. Em todo país, as emissões caíram 2,3% em 2017, em relação ao ano anterior. Os dados são da sexta edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, lançado nesta quarta (21).
O Brasil emitiu 2,071 bilhões de toneladas bruas de gás carbônico equivalente (CO2e1) no ano passado, frente a 2,119 bilhões de toneladas em 2016.
A Bahia aparece na lista de estados mais emissores atrás de Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Roraima.
No estado, a principal atividade responsável pelas emissões é mudança de uso da terra - quando um solo deixa de ser usado para um fim e passa para outro, como uma floresta que vira pastagem -, seguida pela agropecuária, setor de energia, de resíduos e por fim processos industriais. Veja os números:Ranking do Estados com Maiores Emissões Alocadas Estado Total PA 237.781.584 MT 231.584.585 MG 191.716.289 SP 168.739.941 RS 127.839.615 RO 122.881.811 BA 100.534.797 PR 90.141.427 AM 86.876.581 GO 86.426.643 MA 78.036.181 RJ 74.569.799 MS 72.295.982 SC 61.767.361 TO 49.647.835 ES 35.469.444 PE 30.041.421 CE 29.446.076 AC 25.455.518 PI 19.339.736 PB 14.801.803 RR 12.145.994 RN 11.613.980 SE 9.365.826 DF 8.336.093 AL 8.248.799 AP 3.314.843 Não Alocado 82.503.778 Veja o detalhamento da Bahia (dados de 2016)Estado Agropecuária Energia Mudança de uso da terra Processos industriais Resíduos Grand Total Bahia 22.597.613 20.227.724 51.883.335 1.457.688 4.368.437 100.534.797 Amazônia e Cerrado em pontos diferentes Segundo o estudo, a queda no país foi puxada pela redução da taxa de desmatamento na Amazônia. Em 2017, a destruição da floresta recuou em 12%.
Em contrapartida, no Cerrado, no mesmo período, houve aumento de 11% no desmatamento, o que elevou as emissões de gases-estufa do bioma, segundo maior do país, de 144 milhões de toneladas para 159 milhões.
"O combate ao desmatamento é uma questão urgente que precisa de políticas públicas efetivas e uma população consciente. A destruição de nossos ecossistemas está fortemente atrelada à agropecuária, que é justamente o setor a sofrer primeiro os eventos climáticos extemos provocados pelo aquecimento global, como estiagem prolongada e chuvas torrenciais”, afirma André Ferretti, gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, coordenador geral do Observatório do Clima e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
“Desde 2010 as emissões estão patinando no mesmo nível, por um misto da conjuntura econômica e da gangorra do desmatamento, que parou de dar sinais consistentes de queda após 2012”, explica Tasso Azevedo, coordenador técnico do SEEG. “Apesar da redução do desmatamento na Amazônia, houve aumento no Cerrado e depois de dois anos de queda as emissões dos outros setores voltaram a crescer. As emissões brutas per capita do Brasil ainda são maiores que a média mundial, muito longe do necessário para estabilizar o aquecimento global em menos de 2oC como previsto no Acordo de Paris e, assim, limitar as mudanças climáticas já em curso que estão colocando todo o planeta em alerta.”
De acordo com o estudo, a atividade agropecuária é a principal responsável pelas emissões brasileiras de gases de efeito estufa. Somando as emissões indiretas, pelo desmatamento para a atividade, com as diretas, o agronegócio responde por 71% do total do país, chegando a 1,5 bilhão de toneladas de CO2 equivalente. O relatório destaca, inclusive, que se o agronegócio brasileiro fosse um país, seria o oitavo maior emissor do mundo, à frente do Japão.