Bahia lidera ranking nacional de encalhes de baleias jubarte; veja

Dezoito baleias da espécie encalharam no litoral baiano até setembro

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  • Wendel de Novais

Publicado em 13 de setembro de 2020 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

A Bahia lidera o ranking de encalhes de baleias jubartes no Brasil. As informações são do Instituto Baleia Jubarte. No entanto, a liderança do estado com 18 encalhes, que é seguido por Espírito Santo com 15 e Rio de Janeiro com 8, não representa um aumento no número de ocorrências em território baiano. Pelo contrário, de acordo com informações do instituto, os números de 2020 são inferiores à 2018, quando ocorreram 39 encalhes, e 2019, quando 19 baleias jubarte encalharam nas nossa praias. Apesar de significativo, o número de ocorrências não representa nenhum tipo de risco para à sobrevivência da espécie. 

Adriana Colosio, coordenadora do programa de resgate do Instituto Baleia Jubarte, explicou o porquê de ser comum ver mais encalhes durante o ano, principalmente na Bahia. “A justificativa da Bahia ter uma maior quantidade de encalhes é proporcional. Nós temos a maior concentração da espécie na costa se compararmos com os outros estados. Isso ocorre, principalmente, por conta do banco de Abrolhos, que fazem da área um refúgio para amamentação e reprodução. Se você analisar, vai ver que isso se prova porque o Espírito Santo, que também está na região do banco, é o segundo da lista de encalhe. Ou seja, quanto mais volume, maior é a possibilidade de encalhe no local”, explica. 

De acordo com o instituto, os encalhes são considerados naturais e o quantitativo dessas ocorrências está dentro de uma média que é vista como algo comum no processo de sobrevivência das baleias jubartes.  Baleia jubarte no Banco de Abrolhos (Foto: Enrico Marcovaldi/Projeto Baleia Jubarte)

Motivos para o encalhe

Existem dois motivos principais para a ocorrência de encalhamento desses animais marinhos: as causas naturais e a ação do ser humano no meio ambiente. Dentro dessas duas causas, existe uma gama de motivos. Adriana citou alguns deles. “O motivo antrópico compreende situações como o ato do animal ficar preso em uma rede colocada em determinado ponto do oceano, a poluição sonora no local que deixa a baleia atordoada e ela acaba se perdendo, a colisão com embarcações já que os filhotes ficam mais tempo na superfície, o que deixa eles mais expostos, e outras tantas intervenções do ser humano. Nas casas naturais, estão a migração que é de oito mil quilômetros e alguns animais não resistem, as brigas pelas fêmeas, a velhice dos animais e também a juventude, que faz com que baleias com menos força e experiência sejam expostas ao risco”, declara.

Apesar de ser um fator, o instituto concluiu que, em 2020, há pouca influência da ação humana no fim das baleias que encalham na nossa costa. O que se tem notado na queda de encalhes é que as condições climáticas - corrente, vento e clima - têm afetado no menor número de ocorrências do tipo. Para o instituto, a ordem natural das coisas é um aumento progressivo de baleias encalhadas porque este fenômeno é diretamente proporcional à quantidade animais da espécie, que continua aumentando. 

Filhotes encalham mais

Dos 53 encalhes em todo o país, 7 baleias eram adultas, 12 juvenis e 34 filhotes. Este número também não ocorre por acaso. De acordo com Adriana, é muito comum que os filhotes encalhados estejam em número bem superior aos adultos e juvenis. Isso ocorreria por conta da menor força dos animais e a, consequente, menor capacidade de sobrevivência. “Os filhotes, que são muito menores e correm muito mais risco, podem se perder facilmente da mãe por conta de um evento inesperado, se machucam durante as brigas dos machos pelas fêmeas, acabam saindo da ocorrência e protagonizam outras diversas situações que acabam levando esses animais à óbito”, informa. 

O número de encalhes deve aumentar ainda mais em Setembro, mês de procriação das baleias, o que faz com que a presença dos filhotes no oceano é ainda maior. Porém, a situação não impõe nenhum risco para a sobrevivência dos animais. O processo de reprodução das baleias jubarte no litoral brasileiro irá até outubro ou novembro de acordo com o instituto. Os pesquisadores acreditam que, até lá, o quantitativo desses animais ultrapassará a marca dos 20 mil.

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro