BaianaSystem encerra ato no Farol da Barra pela saída de Temer

O grupo se apresentou para cerca de 100 mil pessoas, segundo a organização; PM não estimou público e dezenas de artistas e políticos compareceram

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  • Luan Santos

Publicado em 11 de junho de 2017 às 21:50

- Atualizado há um ano

A banda BaianaSystem encerrou o ato político, artístico e cultural pela saída do presidente Michel Temer (PMDB) e pela realização de eleições diretas para a Presidência da República, na noite deste domingo (11). O grupo se apresentou para cerca de 100 mil pessoas que participaram da manifestação, segundo estimativas dos organizadores do evento, e finalizou o ato que contou com a participação de dezenas de artistas e políticos de partidos que fazem oposição ao atual governo.

A Polícia Militar não divulgou uma estimativa de público presente no protesto, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Frente Brasil Popular. O evento foi marcado por apresentações dos artistas, que cantaram sucessos da música baiana, intercalados com discursos políticos de diversas representações de partidos como PT, PCdoB e PSB, além de integrantes de movimentos sociais.Público começou a chegar por volta das 14h (Foto: Luan Santos/ CORREIO)

Daniela Mercury, Margareth Menezes, Lazzo, Márcia Castro, Manno Góes, Gerônimo, Zelito Miranda, Márcia Short, os grupos Nova Era e Pirombeira e a banda Levante também participaram do ato, que começou por volta das 14h e durou pouco mais de seis horas. Os manifestantes também protestaram contra as reformas trabalhista e da previdência. A apresentação da BaianaSystem foi o ápice do ato, com maior concentração de público em frente ao trio elétrico parado em frente ao Farol.

Um dos momentos de tensão da manifestação foi durante a apresentação da banda Nova Era, que cantou uma música com críticas à Polícia Militar. A letra irritou policiais que trabalhavam no ato. Muitos reclamaram da letra da música e disseram que o grupo estava ofendendo a corporação. "Uma coisa dessa é inadmissível", reclamou um policial.

DiscursosOs discursos políticos pediam tanto o andamento dos processos de impeachment contra Temer na Câmara quanto da PEC das eleições diretas. Para eles, as manifestações populares podem pressionar o Congresso a acelerar a tramitação dos processos. "Não tem Congresso que resista à vontade popular", disse a deputada federal Alice Portugal (PCdoB).

O também deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), por sua vez, não acredita que o processo de impeachment de Temer vai à frente. "Não por falta de fundamentos, porque todos estão muito bem fundamentados, mas porque demoraria muito. O melhor é Temer renunciar e o Congresso aprovar a PEC das eleições diretas", ponderou. "Quanto mais rápido isso acontecer, menores serão os danos ao país", complementou Almeida.

O senador amapaense João Capiberibe (PSB), coordenador da  Frente Parlamentar das Diretas Já, comparou as manifestações de agora com as de 1984, que culminaram com a realização de eleições diretas após o regime militar. "Os brasileiros se uniram e derrotamos a ditadura, ocupando as ruas e pedindo por Diretas Já", disse, ressaltando que o Congresso atual não tem moral para tirar o Brasil da crise. Capibaribe foi ao ato acompanhado pela senadora e correligionária Lídice da Mata, que defendeu que as eleições diretas são necessárias para que o Brasil volte a crescer. 

Entre os artistas, os discursos foram de união e reconciliação. "Estamos aqui para unir as pessoas, para apoiar um projeto de reconciliação no país e para mostrar que há esperança, mesmo nesse contexto de democracia combalida", disse o cantor Manno Góes.

"Temos que acabar com a corrupção e precisamos ter coragem para nos renovar. A quantidade de dinheiro levada pela corrupção transformaria a vida das pessoas de maneira melhor. Defendo as diretas já para salvar as riquezas que temos", disse a cantora Margareth Menezes.

Daniela Mercury afirmou que o Brasil vive "um estado de exceção". "O ministro Carlos Ayres Britto me disse que 'o dilúvio não resistiu à Arca de Noé'. E que a democracia é maior do que qualquer dificuldade que a gente passe. Mas a gente precisa mostrar isso. A corrupção não resiste à democracia. E a gente vai ter que encontrar soluções políticas", afirmou a cantora.