Baiano é preso na Europa acusado de tráfico internacional de drogas

Victor Souza, o Reeves, começou no tráfico como mula e passou a ser o responsável por receber drogas na Europa

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  • Bruno Wendel

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 18:15

- Atualizado há um ano

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(Foto: Arquivo pessoal) Primeiro, ele aceitou levar droga ao exterior escondida na bagagem - virou uma das 'mulas' do tráfico; depois, se tornou membro da quadrilha que o tinha aliciado justamente para enviar cocaína ao exterior. Baiano, o traficante Victor Brito Rodrigues Souza, conhecido como Reeves, foi preso na Espanha por tráfico internacional de drogas na semana passada.

Segndo as investigações, Victor faz parte de uma organização criminosa especializada no transporte de cocaína para a Europa e Ásia. A droga ia escondida nas bagagens das 'mulas', como ele, durante viagens aéreas.

A prisão ocorreu, de acordo com a Polícia Federal (PF), que investiga o grupo criminoso do qual Victor faz parte, através de uma cooperação internacional. A ordem de prisão de Victor se tratava de uma 'difusão vermelha' da Interpol, um espécie de alerta emitido por países membros. "Quando se trata de difusão vermelha da Interpol, como nesse caso, os dados do foragido e do mandado de prisão são difundidos a todos países membros da Interpol pelo sistema próprio. Havendo suspeita de que o foragido tenha ingressado em seu território a polícia local realiza diligências para sua localização e prisão", explica a PF.

A prisão de Victor Souza aconteceu na semana passada, na Espanha, país onde ele vinha residindo. Ele era procurado pela Justiça Federal da Bahia por tráfico internacional de drogas. O baiano é o único integrante da quadrilha preso no exterior. Ele foi localizado dias depois de a Polícia federal deflagrar a segunda fase da Operação Olossá, no dia 12 do mês passado, contra outros integrantes da organização criminosa.  Neste dia, a PF cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão na Bahia - em Salvador, Lauro de Freitas e Conceição do Coité - e nos estados de Sergipe, Maranhão, Pará, São Paulo e Santa Catarina. O CORREIO mostrou que o grupo usava uma barraca de praia em Lauro de Freitas para aliciar mulas interessadas em transportar a droga para o exterior. Para isso, recebiam cerca de R$ 20 mil. No último dia 12 de agosto, foram presos um ex-policial militar baiano, integrante da quadrilha, encontrado num condomínio de luxo em Itajaí (SC) – com ele, foi apreendida uma Land Rover avaliada em mais de R$ 300 mil e drogas sintéticas – e o líder da organização, um paulistano, localizado em Aracaju (SE). Espanha A prisão de Victor Souza foi uma ação conjunta entre a PF e o Corpo Nacional de Polícia (Cuerpo Nacional de Policía - CNP), órgão investigador com atribuições semelhantes à PF brasileira. O local exato onde ele foi encontrado e as circunstâncias da prisão não foram informados pela da PF na Bahia. 

O baiano é acusado de recrutar brasileiros como mulas para o transporte de drogas à Europa. Ele era um dos responsáveis por receber as drogas na Espanha, além de aliciar europeus para transportá-las dentro do continente.  Victor Souza até agora é o único integrante da quadrilha preso no exterior (Foto: Arquivo pessoal) Ainda segundo a PF da Bahia, ele começou na organização como muitos outros, na função de 'mula'. Fez várias viagens levando drogas do Brasil para a Europa. Depois de se destacar no grupo, passou a exercer o papel de recepcionar as 'mulas' que vinham de aeroportos brasileiros, além de aliciar os próprios europeus para distribuir as drogas no continente.  

Em seu perfil numa rede social, Victor Souza postou em 2017 fotos tiradas em pontos turísticos da Alemanha e Escócia. A PF da Bahia investiga se há ligação dessas viagens com as atividades da organização criminosa a qual faz parte. Ainda no perfil, há a informação de que o baiano estava morando na cidade espanhola de Palma.  Victor Souza está custodiando numa unidade prisional espanhola e aguardará processo de extradição. A PF de Bahia informou que não há previsão da transferência dele para o Brasil, mas, quando - e se isso acontecer -, o baiano será encaminhado de imediato a um presídio em Salvador.

Para que a extradição de fato aconteça é preciso haver um acordo entre os países ou promessa de reciprocidade. Se for autorizada a extradição pela Justiça e o Governo local, policiais federais brasileiros irão buscar o extraditando no aeroporto do país em que foi detido. "A representação diplomática brasileira local é cientificada e acompanha todo o processo de extradição", informou a PF.

Operação Olossá  Além de Victor Souza e do ex-PM, outro baiano que integrava a organização criminosa foi preso pela PF. Ele é o dono da barraca de praia Paradise Villas, identificado como André Gaúcho, preso na 1ª fase da Operação Olossá, em 14 de março.  A quadrilha começou a ser investigada pela PF em maio de 2019, após denúncias. Desde então, os federais identificaram aproximadamente 40 pessoas que foram aliciadas e conseguiram fazer o transporte da droga. Algumas delas eram garotas de programa, que frequentavam a barraca como clientes. Apesar de levar “Villas” no nome, a entrada da Paradise Villas está na Rua Paulo dos Santos Ferreira, em Ipitanga. Ela foi construída num trecho que faz divisa entre as duas praias, a cerca de 100 metros da última barraca de Vilas Atlântico, a Buraco da Velha. Por causa da pandemia, todas as barracas de praia de Lauro seguem fechadas há cinco meses devido à decreto municipal.   A Paradise Villas tem o tamanho equivalente a duas barracas da praia de Vilas do Atlântico – todas seguem padrão de tamanho e de estrutura, com cobertura de telhas, uma varanda, um salão onde funcionam um bar, cozinha e banheiros.