Bairro do Lobato teve três arrastões em apenas 16 dias

Bandidos têm levado pânico para quem passa pelo local

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  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 14:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: SSP/Divulgação

Enquanto um grupo invadia os ônibus e saqueava os passageiros, outro agia no asfalto, roubando motoristas e quem passava na hora. Com armas curtas e longas, eles causaram pânico. Pessoas corriam desesperadas, motoristas invadiam a via contrária ou abandonavam os veículos para fugir do alcance dos criminosos. As cenas foram registradas por vídeos na noite desta quinta-feira (7), na Baixa do Fiscal. O arrastão promovido por bandidos na Avenida Suburbana, trecho do Lobato, não foi um fato isolado. É o terceiro que ocorre em 16 dias, a poucos metros do Complexo Policial da Baixa do Fiscal.   O primeiro aconteceu no início da manhã do dia 23 de dezembro, sentido Baixa do Fiscal. Carros e ônibus voltaram na contramão. Moradores da Santa Luzia do Lobato disseram que bandidos usaram veículos para bloquear a via e fazer o arrastão.  O segundo aconteceu nas primeiras horas do dia 31. Um vídeo que circulou nas redes sociais, mostrava pessoas correndo e homens armados parando veículos na avenida, sentido centro, próximo a um supermercado que fica na entrada da Bela Vista do Lobato. Já o terceiro, foi ontem. Do mês de maio de 2020 até esta sexta-feira (8), em Salvador já aconteceram pelo menos oito casos de arrastões. Além dos três na região do Lobato, no dia 30 de novembro houve um caso em Cajazeiras. Em outubro, foram registrados arrastões em Praia Grande e Periperi, nos dias 12 e 22, respectivamente. No dia 10 de setembro um caso em Plataforma e um no dia 26 de maio no bairro do Pau Miúdo. Lobato O arrastão desta quinta-feira aconteceu por volta das 19h. Moradores e comerciantes da região relataram que cerca de 15 homens armados abordaram carros, ônibus e as pessoas que caminhavam e roubaram o que vinham pela frente, pouco depois do Motel Oásis, na região de Santa Luzia do Lobato. Alguns criminosos usavam fardas de empresas de segurança.  “Foi desesperador. Tudo mundo em pânico. Muita gente chorando. Eles estavam levando tudo. Celular, relógio, bolsa, correntes, o que podiam levar. Foi ônibus e carros tentando dar ré, motoristas abandonando os carros ... Foi uma confusão isso aqui ontem”, contou o dono de uma oficina de ferro velho às margens da Avenida Afrânio Peixoto.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a correria das pessoas e os veículos parados na via. Em algumas imagens, as pessoas atribuem o arrastão à facção Bonde do Maluco (BDM), que controla atualmente o tráfico de drogas na região. Gerrc  Desesperadas, algumas pessoas procuraram refúgio no Complexo Policial da Baixa da Fiscal. “Assim que tivemos conhecimentos, fomos ao local, mas, assim que viram a gente, eles foram embora”, disse um agente do Grupo Especial de Repressão a Furtos e Roubos em Coletivos (Gerrc), uma das unidades do complexo.  O agente acredita que os três casos foram realizados pelos mesmos criminosos. “As pessoas relataram que eles saem dos becos da Santa Luzia do Lobato. Quando fizemos algumas abordagens lá, encontramos alguns fardamentos dispensados, que foram usados para dificultar a polícia na gora da identificação”, contou.  Apesar de o BDM comandar o Lobato, o policial disse que não dá para afirmar que a facção é a responsável pelos casos. “Todo mundo sabe que essa região é do BDM, fato. Mas não quer dizer que sejam eles, porque o Fundo do Lobato dá na Liberdade, São Caetano, Curuzu, onde atuam outras facções, que podem ter vindo atuar aqui”, disse ele.  Ainda de acordo com ele, o motivo dos três casos recentes em 16 dias se deu ao fato da intensificação da polícia no combate ao roubo a coletivos. “Como apertamos o cerco ao roubo a coletivos, os bandidos estão sem dinheiro e recorrem aos arrastões “, explicou. Reforço Diante da situação, o CORREIO pediu um posicionamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Em nota, a SSP disse que “determinou o reforço das ações ostensivas na região e que o grupo autor das práticas criminosas, nesta área do Subúrbio Ferroviário, está identificado”. Diligências para realizar as prisões estão sendo realizadas e mais informações sobre a quadrilha podem ser repassadas, com total sigilo, através do telefone 3235-0000 (Disque Denúncia)”, diz nota. Já sobre os casos nos bairros de Cajazeiras e de Pau Miúdo, a SSP disse que as Delegacias Territoriais investigam as autorias.

Roubos a ônibus têm o menor número dos últimos 6 anos

Os roubos a ônibus, na capital baiana, tiveram o menor número de casos dos últimos seis anos. No ano de 2020 foram contabilizadas 1.570 ocorrências. Em 2019 a polícia somou 1.982 roubos, no ano anterior 2.045, em 2017 foram 2.633, em 2016 aconteceram 2.664 assaltos, no ano anterior 2.562 e em 2014 registrados 1.929 ocorrências.  Policiais civis e militares  fazem operação para combater roubos em coleticos (Foto: SSP/Divulgação) Na comparação entre 2020 e 2019, a queda ficou em 20,8%. Ações das polícias Militar, com a Operação Gêmeos, entre outras unidades, e da Civil, através do Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gercc), são realizadas diariamente em bairros e principais avenidas de Salvador.

“Analisamos a mancha criminal diariamente. Quando percebemos a migração da prática criminosa para algum ponto específico, ampliamos o trabalho preventivo naquela determinada área”, destacou o comandante da Operação Gêmeos, major Carlos Emiliano. O oficial acrescentou que em dezembro aconteceram 88 roubos, menor índice do ano de 2020.

O titular do Gerrc, delegado Marcelo Tânus, enfatizou a integração com a PM e os desafios diários no combate à prática ilícita. “Lidamos com autores, boa parte deles, adolescentes. Eles são apreendidos e, no mesmo dia, retornam às ruas e voltam a assaltar. Seguiremos firmes, mesmo com toda essa problemática social, buscando sempre reduzir os números, como conseguimos em 2020”, afirmou o titular do Gerrc