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Raquel Saraiva
Publicado em 5 de julho de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A saúde na Bahia está em alerta para doenças como sarampo, caxumba, rubéola, poliomielite e infecções pneumocócicas, como meningite e bacteremia (bactéria no sangue). O motivo é a baixa vacinação. No total, 75 municípios do estado têm menos de 50% da população-alvo imunizada para ao menos uma dessas doenças, que incluem ainda difteria, tétano, pneumonia e otite.>
Anteontem, o Ministério da Saúde divulgou a lista dos 312 municípios que tiveram menos de 50% das crianças de até 1 ano vacinadas contra a poliomielite em 2017 - dentre eles, 63 são baianos. Ribeira do Pombal tem a menor cobertura do país: apenas 0,5%. O município rebateu, afirmando que pode ter havido erro na transmissão dos números.>
Na Bahia, 47 municípios têm menos de 50% das crianças de até 1 ano imunizadas pela vacina Pneumocócica, que protege contra 70% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) em crianças, causadas por dez tipos de bactérias classificadas como pneumococos. >
Em relação à vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções, 68 municípios têm menos de 50% do público-alvo imunizado. Em 53 municípios do estado, menos da metade do público-alvo foi imunizado contra sarampo, rubéola e caxumba com a vacina D1 Tríplice Viral. Os números são do Sistema de Imunização do SUS (DataSUS) e foram atualizados em fevereiro de 2018. >
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), os índices de vacinação abaixo de 50% para essas dez doenças é o menor em, pelo menos, dez anos.>
Já a meta do Ministério da Saúde é vacinar 95% do público-alvo. Considerando essa meta, os dados mostram que a cobertura para quatro tipos de vacina também não está adequada na Bahia: a cobertura de imunização em 2017 foi de 78,1% para poliomielite, 85,1% para a tríplice viral, 78% para pentavalente e 84,4% para pneumocócica. (Foto: Evandro Veiga/ Arquivo) De acordo com a coordenadora de vigilância epidemiológica de Ribeira do Pombal, Ana Verena Andrade, existe “algum erro na transmissão dos números”. “Há uma equipe de saúde da família que faz o acompanhamento de vacinas na cidade. Além disso, recebemos a quantidade de vacina necessária para a população. Então, esses dados foram errados para o Ministério da Saúde”, argumentou, sobre a cobertura para poliomielite. >
Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o sistema de informação sobre os dados de imunização tem que estar implantado em todos as salas de vacina do estado.>
“Pode haver pequenas discrepâncias, mas uma diferença dessa deve ser analisada. Vamos verificar se o município está com o sistema de informação de imunização implantado e alimentado regularmente, porque é um compromisso acordado entre as três esferas de gestão. O estado tem atuado na supervisão. Se isso não está acontecendo, deve ser revisto pelo gestor municipal”, afirma Ramon Saavedra, coordenador estadual de imunização.>
Segurança Dentre os fatores que contribuem para a mais baixa procura por vacinas nos últimos dez anos está a diminuição ou erradicação das doenças, segundo o coordenador.>
“Ao que parece, a percepção de risco da população tem diminuído nos últimos anos pela falta de convívio com essas doenças, o que gera uma falsa sensação de segurança. É como se a vacina fosse vítima do seu próprio sucesso - se hoje não temos poliomielite, sarampo e temos poucos casos de caxumba, é porque as vacinas foram efetivas quando implantadas no calendário de vacinação”, diz Ramon Saavedra.>
Contra a pólio, por exemplo, o Ministério da Saúde inicia, no dia 6 de agosto, a campanha nacional de vacinação.>
No Rio Grande do Sul, a Secretaria da Saúde confirmou mais um caso de sarampo – o sétimo no estado. Uma mulher de 29 anos, moradora do município de Vacaria, teve contato com um dos casos anteriormente confirmados em Porto Alegre e foi infectada. Um outro caso suspeito da doença, identificado na capital gaúcha, segue em investigação. A primeira notificação de sarampo no Rio Grande do Sul, em março, foi em uma criança de 1 ano, não vacinada, que vive em São Luiz Gonzaga e que se contaminou em uma viagem à Europa, onde há um surto da doença.>
O infectologista Claudilson Bastos, do laboratório Sabin, ressalta que, atualmente, esse risco de adquirir doenças infectocontagiosas é maior por causa da facilidade de deslocamento entre diferentes estados e países. Embora a vacinação seja gratuita - atualmente o SUS disponibiliza 42 imunobiológicos - muitas pessoas não estão imunizando seus filhos deliberadamente.>
“A vacina é prevenção. A criança pode estar com saúde agora, mas a vacina previne doenças que podem acontecer e que podem ser muito graves. O sarampo, por exemplo, pode matar, e os riscos de ter reação vacinal são muito menores”, explica ele.>
* Com supervisão da editora Mariana Rios>