Bancos brasileiros podem se tornar aliados do meio ambiente

Segundo pesquisa, instituições vão se beneficiar ao alinhar seus portfólios às Metas de Desenvolvimento Sustentável

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 13:00

- Atualizado há um ano

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Nove entre 14 bancos brasileiros podem se beneficiar da implementação de políticas que garantam a produção sustentável de commodities leves, como  carne, soja, azeite de dendê e produção de madeira. Com isso, essas instituições financeiras podem captar a oportunidade de alinhar seus portfólios com as Metas de Desenvolvimento Sustentável e transição para uma economia de baixa emissão de carbono. Foi isso o que mostrou um levantamento realizado pela Fundação Global Canopy, desenvolvido em parceria com a organização não governamental World Wide Fund for Nature (WWF).

A pesquisa mostrou que 64% declararam explicitamente que seus clientes precisam operar legalmente e apenas um banco encorajou as empresas a assegurar o Consentimento Livre, Prévio e Informado, sendo que nenhum exige que as empresas atendam aos principais padrões trabalhistas.

Para se ter ideia da importância da adoção dessas políticas por parte das instituições financeiras, basta lembrar que a produção de commodities leves é um dos principais fatores de desflorestamento tropical e contribui com uma parcela significativa de 15 a 20% de emissões de carbono associadas à perda de florestas em todo o mundo.

Para o associado sênior de Finanças Sustentáveis na Global Canopy, Tom Bregman, o setor bancário na América Latina tem uma oportunidade histórica de garantir a segurança alimentar regional e colher os benefícios de vários trilhões de dólares através de seus portfólios de empréstimos e investimentos.

“Primeiro há uma necessidade real de colocar em prática políticas que avaliem, de modo adequado, os riscos ambientais e sociais daqueles que financiam. A cada ano, mais de nove milhões de hectares de florestas tropicais são liberadas para abrir caminho à produção de commodities leves como azeite de dendê, soja, pecuária e madeira”, ressalta Bregman, que salienta que mais de 30% da pesca mundial ultrapassa limites biológicos.

Com uma postura parecida, o Vice-Presidente de Finanças Internacionais no Fundo Mundial para a Vida Selvagem, Raj Kundra, festeja os sinais de encorajamento de que bancos regionais estejam começando a atuar em áreas como direitos trabalhistas. “A maioria dos bancos avaliados não têm políticas adequadas de commodities leves e frutos do mar para aproveitar a oportunidade de financiar a segurança alimentar do futuro. Esta é a razão porque as ferramentas e orientações do presente são tão importantes”, afirma.

As sugestões para adoção de políticas em prol do desenvolvimento sustentável incluem o uso da Plataforma de Risco de Commodities Leves da Global Canopy, para ajudar os bancos e investidores a analisarem sua exposição aos riscos em cadeias de abastecimento de commodities. A plataforma , por sua vez, contempla uma orientação de materialidade para demonstrar os riscos comerciais frente às empresas, operando de modo insustentável em cadeias de abastecimento, orientação corporativa e um documento informativo a fim de definir expectativas para os conselhos de empresas operando em cadeias de abastecimento.

Espera-se que esses instrumentos ajudem a fomentar o engajamento financeiro mais eficiente da instituição para empresa em torno dos impactos ambientais e sociais associados com a aquicultura e pesca.