Se mesmo com o alerta da Embasa para evitar o banho de mar entre as praias da Barra ao Rio Vermelho pelos próximos dias, você for um banhista teimoso e decidir cair no mar mesmo assim, a dermatologista Naíla Nunes explica que o contato com essa água, mesmo que diluída no mar, pode provocar infecções na pele de quem, por exemplo, tiver algum ferimento.
"É um material tóxico ao contato com a pele e deve ser evitado, mesmo que esteja de forma diluída na água, nesse caso seria preciso ter um tempo de exposição maior a essa água ou uma frequência maior para gerar uma dermatite", afirma a especialista, que é docente e membro do núcleo pedagógico do curso de medicina da Unifacs. Ela acrescenta que é necessária uma exposição prolongada e/ou frequente à água contaminada para sofrer com problemas como dermatite ou micose, por exemplo.
A especialista chama atenção para banhistas e, principalmente, pescadores - estes por terem contato prolongado com a a água do mar. "Pessoas que trabalham no mar, naturalmente acabam mais expostas a esses problemas", afirma a médica.
Dermatologista e professora da UniFTC, Larissa Caminha explica que há riscos em contato tanto em água doce quanto salvada e o principal agente capaz disso é a bactéria que causa a Leptospirose, o verme que causa a Esquistossomose e o verme que causa a Larva Migrans, que se prolifera na areia de praias poluídas. Outros microorganismos vão ser ingeridos acidentalmente podendo causar diarreia, amebíase, hepatite A e verminoses.
"Além das infecções, a pele pode sofrer irritações por contato com as substâncias contidas na água como excrementos e urina, lixo orgânico em decomposição, substâncias químicas diversas como amônia. A pele irritada pode evoluir com eczemas e infeções. Olhos e ouvidos também pode ser atingidos e gerar conjuntivite e otite", explica.
As duas especialistas são taxativas ao afirmar que, em caso de sintomas após se expor a essa água, é necessário procurar orientação médica para um tratamento mais específico e direcionado.
E se mesmo com todas as orientações você ainda insistir no banho de mar nessas áreas nos próximos dias e achar que vai se livrar de um possível problema usando sabonetes antissépticos ou produtos similares após o banho, é bom ter cuidado. A médica Naíla Nunes alerta que não é necessário fazer o uso desses produtos caso não tenha sintomas.
O caminho é lavar o corpo com água corrente e algum sabonete neutro. "Eu diria que nem é necessário usar sabonetes antissépticos em caso de ausência de sintomas", afirma a média antes de explicar que antissépticos em geral podem gerar reações adversas em quem não enfrenta problemas de pele, como irritações extremamente incômodas.
Larissa Caminha reitera que o ideal é evitar ao máximo o contato mas ele já tendo ocorrido lavar bem a área que teve contato com água corrente limpa e sabão, de preferência glicerinado para não agredir a pele, podendo sim usar shampoos pra limpeza do couro cabeludo.
"Deve evitar uso de sabonetes irritantes como antibacterianos, evitar uso de buchas e escovas que favorecem a formação de micro ferimentos na pele, evitar uso de produtos sem prescrição médica. Não é necessário nenhuma medida que não seja a higiene se não houver sintomas", afirmou.
Ainda segundo Caminha, nem todas as pessoas vão desenvolver doenças após a exposição, o importante é não expor novamente e ficar atento a qualquer alteração para buscar ajuda profissional.