Bebê de 21 dias morre após esperar atendimento médico durante 11 horas

Não havia médico ou ambulância no hospital que recebeu a criança no Rio de Janeiro

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  • Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2019 às 16:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo Pessoal

Após esperar 11 horas por um atendimento no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro, um bebê de 21 dias morreu. Ao site Último Minuto, os pais de Aylla Vitória Cunha de Souza disseram que faltava médico e até ambulância para transferí-la para outro hospital.

Giovani Barbosa de Souza, pai do bebê, contou que eles chegaram às 9h no hospital e ficaram sem atendimento até 19h. Então, eles foram orientados por uma enfermeira a irem para o hospital Albert Schweitzer, em Realengo, pois eles iriam "mofar" ali. 

A enfermeira teria argumentado que o hospital estava em troca de plantão e, por isso, não havia como atendê-los. Por conta disso, o pai deixou o local com a pequena Aylla por volta das 20h e voltou para casa, pois não tinham dinheiro para irem até a outra unidade."Fomos para casa, conseguimos dinheiro para ir para outro . mas temos outros filhos e deixamos para o dia seguinte, pois estava tendo tiroteio e não conseguimos sair. Ela se alimentou, mamou, a minha mulher colocou ela para arrotar e ela vomitou. Acabou que ela dormiu, quando deu 3h percebemos que ela estava sem vida", disse o ajudante de pedreiro ao site.Giovani mora com a mulher e outros cinco filhos, que têm entre 4 e 12 anos. Ele contou que levaram a bebê novamente ao Ronaldo Gazzola às 4h de quinta-feira (27), onde o pai diz que ficou esperando, novamente, até 9h."Não sei nem a causa da morte da minha filha. Só às 9h alguém desceu e me deu a papelada para preencher para retirar o corpo da minha filha. Nem o prontuário não querem me dar. Eles são obrigados a me darem o prontuário. A polícia disse que eles tem a obrigação de me dar", reclamou o pai.Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro disse que os pais chegaram com a recém-nascida por volta das 11h e recebeu os atendimentos médicos enquanto lá esteve, diferente da versão da família. "O médico avaliou a recém-nascida e solicitou transferência para uma emergência pediátrica".

O órgão também afirma que a transferência com disponibilidade de leito foi autorizada pela Central de Regulação, inclusive com ambulância, mas, diz a SMS, "segundo relatos do hospital, familiares já haviam levado Ayla para casa, contrariando as orientações médicas". A versão é rebatida pelo pai da criança. 

"Ficamos esperando o médico o tempo todo. Quero que ele (diretor) mostre que me atenderam pelas câmeras, pelo prontuário, é só ver que vão confirmar que não atenderam. A gente nem chegou a entrar no hospital, ficou na recepção o tempo todo. Dizem que atenderam 11h30. Só avaliaram e mandaram esperar a ambulância para levar para Realengo, mas também não tinha. Quando tinha médico, não tinha ambulância, quando tinha ambulância, não tinha médico", criticou Giovani.

Apesar de afirmar que a criança foi atendida, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que vai apurar os fatos e "se alguém errou, será afastado". "A SMS assume esse compromisso com a família da pequena Ayla", prometeu o órgão, que classificou a morte como "tragédia inadmissível".

"A SMS assume o compromisso com a população do Rio , após determinação do prefeito Marcelo Crivella, de que as responsabilidades neste caso serão apuradas e que tomará as medidas necessárias para que isso não volte a acontecer. A secretária Beatriz Busch determinou a abertura imediatamente de uma apuração. E, caso alguma falha seja identificada, os profissionais envolvidos serão afastados", diz a secretaria.

Os pais de Aylla registraram o caso em uma delgacia carioca. Giovani esteve na manhã desta sexta-feira no Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo da filha. O enterro da recém-nascida deve acontecer neste sábado no Cemitério de Ricardo de Albuquerque.