Berço de movimentos culturais, Itapuã recebe Chegue Junto Comunidade nesse sábado

Evento é parte do projeto Correio 40 anos e oferece serviços de saúde, lazer, orientação jurídica e oficinas

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/ CORREIO

Lembrado pela Lagoa do Abaeté, pela estátua da sereia e pelas músicas de Dorival Caymmi, o bairro de Itapuã tem uma identidade marcante que continua a orgulhar os itapuãzeiros - como os moradores da localidade gostam de ser chamados.

Muitos deles foram nascidos e criados no bairro, a exemplo da auxiliar de serviços gerais, Eliana Batista Santos, que tem 56 anos de vida e 50 de Itapuã. O meio século que passou no bairro só a fez ter mais vontade de permanecer no local onde se criou. É que ela ama o lugar onde mora.

Moradora antiga, Eliana agora ajuda a cuidar dos novos itapuãzeiros que estudam na Creche e Pré-escola Primeiro Passo Itapuã Malê Debalê. O centro educacional fica na localidade do Alto do Abaeté, em Itapuã.

É na creche e pré-escola que vai acontecer o Chegue Junto Comunidade, parte do projeto Correio 40 anos. Com a ação, a comunidade vai receber serviços de saúde, lazer, orientação jurídica e oficinas. O evento acontece nesse sábado (23), das 9h às 16h. Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Malê Debalê (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO) A expectativa é que sejam feitos cerca de 500 atendimentos na data. Vão ser disponibilizadas senhas para os atendimentos e oficinas que são passíveis de lotação.

A distribuição de senhas iniciará às 8h, e os atendimentos começam a partir das 9h (confira a programação abaixo). O agito musical ficará por conta do projeto Malêzinho, ala infantil do Bloco Afro Malê Debalê, que funciona na região.

Pela preocupação do CORREIO com a integração entre a sociedade e o jornalismo, o jornal sempre busca atuar junto e pela população. “Nossa maior intenção com esse projeto é de integrar. O jornalismo cidadão vem da troca de experiências, seja pelos serviços que estamos facilitando, seja através das vivências dessas pessoas, que também agregam ao nosso conhecimento. Sendo o Jornal que é a cara da Bahia, o CORREIO se nutre pelo contato com a cidade”, afirma Luciana Gomes, gerente comercial do Jornal CORREIO.

Já a gestora da creche, Lucimar Costa de Melo, aponta que a creche e pré-escola foi criada por uma necessidade da comunidade. Os pais precisavam trabalhar, mas não tinham com quem deixar as crianças.“A vulnerabilidade social e econômica que a própria comunidade expressava, trouxe a oportunidade para essas famílias terem seus filhos em um espaço digno e qualificado”, afirmou a gestora da creche.É nesse cenário que a gestora enxerga que a parceria com o CORREIO “amplia a possibilidades de uso da comunidade dos serviços das áreas de cultura, saúde, justiça, educação e outros”.

“É muito interessante. Às vezes, não temos acesso pela rotina ou porque o serviço público não tem uma abrangência tão grande. Tendo esse serviço aqui para as pessoas da comunidade é excelente”, pontuou o militar da Marinha do Brasil, que mora nas proximidades da Avenida Dorival Caymmi.

A ação é bem-vinda para os moradores do bairro. Pai de Maria Eduarda Marquione Ferreira, 4 anos, que estuda na creche e pré-escola, Daniel Marquione Ferreira contou que existe uma dificuldade para ter acesso aos serviços ofertados pela ação no dia a dia. Daniel Marquione Ferreira e a filha Maria Eduarda, 4 anos, que estuda na Malê Debalê (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO) O Chegue Junto Comunidade integra o projeto Correio 40 anos, que tem oferecimento Bradesco, patrocínio Hapvida e Sotero Ambiental, apoio institucional Prefeitura de Salvador, apoio Vinci AirPorts, Sesi, Salvador Shopping, Unijorge, Claro, Sebrae, Itaipava Arena Fonte Nova, Santa Casa da Bahia e Coelba.

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Cultura A escola onde vai ocorrer a ação leva o nome do Bloco Afro Malê Debalê, uma das muitas manifestações culturais que surgiram no bairro. O projeto foi fundado no entorno da Lagoa do Abaeté por jovens de Itapuã em 1979.

Segundo o diretor do bloco, Celso Gomes de Sousa, o Malê Debalê sempre teve um forte comprometimento com a sociedade. O projeto tem uma preocupação de causar um impacto na vida da comunidade com um trabalho de iniciação musical e de dança para as crianças, por exemplo.

“O Malê tem um papel fundamental na comunidade não só na cultura como na questão social. As grandes melhorias que foram trazidas para a região vieram através do bloco. Tanto as questões de urbanização, saneamento básico e outras coisas mais aconteceram com a implantação da nossa sede. O Malê vem se colocando sempre como um grande aliado da comunidade”, ressaltou. Bloco Malê Debalê foi criado em 1979 por jovens do bairro (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) O subprefeito de Itapuã, Marco Aurélio Elpídio, ressalta o papel do bloco afro para a comunidade local. “O que a gente tem enxergado é uma força muito grande do Malê Debalê. É uma representatividade muito grande na região de Itapuã”, afirmou.

Nos primórdios, o bairro era habitado pela população indígena - daí vem o nome Itapuã, que significa pedra da ponta, em Tupi. Depois, apenas quem trabalhava pela região morava no bairro. 

Atualmente, são  66.961 habitantes, segundo censo do IGBE de 2010. Destes, são pardos 50,72%, enquanto 27,25% dos itapuãzeiros se consideram pretos e 20,65% dos residentes são brancos.

Mesmo com a expansão de Salvador e o aumento populacional, Itapuã manteve sua cultura única e aspecto bucólico que serviram de inspiração para a música Tarde em Itapuã, de Toquinho e Vinícius de Morais, e que fundou os movimentos culturais do bairro. Fim de tarde em Itapuã (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) É nisso que acredita o compositor, instrumentista e gestor cultural Amadeu Alves. Ele foi um dos idealizadores das Ganhadeiras de Itapuã e é gestor da Casa da Música, que fica ao lado da Lagoa do Abaeté.

Para Alves, a história de isolamento físico do bairro permitiu que a região criasse uma forte comunidade e cultura própria. Devido à junção das culturas de quem viveu e ainda vive na região, como os indígenas e os negros, o local é de grande efervescência cultural, aponta o gestor da Casa da Música.

Ganhadeiras de Itapuã As Ganhadeiras tomaram forma em 2004 e buscam transmitir as memórias das antigas tradições do bairro. “O grupo se materializou com o propósito de guardar e transmitir para as novas gerações as histórias do bairro. As Ganhadeiras abrem para o aprendizado desse legado”, afirmou Alves.

O nome do grupo remete às mulheres que faziam a “lavagem de ganho” na Lagoa do Abaeté ou saíam com os seus balaios para vender peixe e quitutes pela cidade desde o século XIX e início do século XX. Era assim que estas trabalhadoras sustentavam as suas famílias.

No presente, a Casa da Música tem o papel de dar continuidade aos movimentos culturais característicos do bairro. “A Casa leva esse bastão adiante. É como se fosse o coração cultural do bairro. É um centro de formação de música e instrumentos. Tem capoeira, yoga e também é lugar de eventos”, explicou Alves.

A intenção de unir o Itapuã de antes com o de agora é uma preocupação das Ganhadeiras. De fato, para quem é nascido e criado na região, são dois bairros diferentes. Morador da localidade há 40 anos, Edclaudio Alves é colaborador na rádio comunitária Fala Negão. Ele conta que falar de Itapuã é lembrar das maravilhas e das falhas do local.“É um bairro que é conhecido pela sua cultura, essência, existe um prazer de morar nele. É tudo próximo e os moradores saem e entram na hora que querem porque conhecem as pessoas”, afirmou Edclaudio.Apesar de ainda sentirem um carinho pelo bairro, os moradores reconhecem que Itapuã não é mais a mesma de anos atrás. A calmaria deu lugar para a insegurança, apontam quem reside no local.“A segurança é o que eu mais acho que tem que melhorar. O serviço médico também pode ter uma melhora”, disse o militar Daniel Marquione, que reside no bairro há 4 anos.Mesmo com estes problemas, o carioca Daniel revelou que não sente vontade de voltar para o Rio de Janeiro. “Pretendo passar muitos anos aqui no bairro”, afirmou.

Veja a programação:

Creche e Pré-escola Primeiro Passo Itapuã Malê Debalê, nesse sábado (23):

9h às 15h  Aferição de pressão e glicemia9h às 13h  Teste rápido: HIV, sífilis e hepatite9h às 13h  Vacinação antirrábica para animais9h às 13h  Saúde bucal9h às 15h  Orientações jurídicas (nas áreas de direito trabalhista, do consumidor, direito de família e sucessões e direito previdenciário9 às 12h  Cadastro para o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e atendimentos pela Defensoria Pública sobre questões de família, ação de alimentos divórcio, guarda, violência doméstica e área penal. Os casos vão ser encaminhados para o Ministério Público (MP-BA)Enquanto durar o estoque de LED  A Coelba fará a troca de lâmpadas (levar lâmpadas antigas para trocar pelas de LED) e ainda é possível levar material reciclável e ter desconto na conta de luz9h às 15h  Oficinas de educação financeira para microempreendedores, de alimentação saudável e de decoração natalina feitas com materiais reutilizados com a Sotero Ambiental9h às 11h  Pediatria e Urologia12h30 às 15h  Dinâmicas de grupo9h às 15h  Pintura de rosto15h às 16h  Aula de Dança - Fitdance

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier