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Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2019 às 09:03
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro deixou Israel na manhã desta quarta-feira, 3, com a missão de angariar o maior número possível de parlamentares para votar a favor da reforma da Previdência. "Missão cumprida aqui. Tenho audiência às 8h30 na quinta-feira com parlamentares", disse o presidente a jornalistas no hotel em que se hospedou em Jerusalém, antes de ir para o aeroporto rumo ao Brasil. >
Bolsonaro demonstrou disposição em ceder em sua proposta de reforma, já que considera o Congresso "soberano para fazer polimentos" e tirar "alguma coisa" do texto. "Isso (conversas com parlamentares) eu tenho que enfrentar, mas conheço a maioria dos parlamentares. Não tenho problemas em dialogar com eles, não", comentou. Ele disse que não sabia ainda com quem seria a primeira audiência no retorno ao País.>
Segundo Bolsonaro, a ideia é "jogar pesado" na reforma da Previdência. "Se der certo, tem tudo para fazer o Brasil decolar " Nestes dias em Israel, ele mostrou preocupação, no entanto, com a possibilidade de as alterações propostas pelos deputados acabarem "desidratando" o projeto original. >
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já sinalizou que a capitalização do sistema previdenciário e mudanças na aposentadoria rural e na assistência a idosos de baixa renda (BPC) não devem passar no Congresso.>
"A gente gostaria que passasse como chegou, mas sabemos que vai ter mudanças. Não existe projeto que não tem mudança, é coisa rara acontecer isso aí, ainda mais um projeto tão amplo, como é o da reforma da Previdência", observou. Segundo o presidente, não é questão de abrir mão da proposta enviada ao Legislativo. "O deputado que eu fui durante 28 anos, na ponta da linha, sabe onde o calo dele aperta e questiona seu líder, e chega no Rodrigo Maia: 'Essa questão aqui, se não tirar, a gente vota contra o projeto como um todo'", disse.>
O presidente voltou a dizer que a boa reforma da Previdência é aquela "que passa". Ele não quis entrar em detalhes sobre pontos aos quais o governo faria vista grossa se os deputados resolvessem fazer alterações. "Quem vai bater o pênalti é a Câmara dos Deputados e, depois, o Senado.">
Segundo ele, o próprio PSL é um partido de formação de base. O presidente também disse contar com votos da bancada ruralista, conforme indicou a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, assim como os da área de saúde. "Hoje em dia você não vê deputado reclamando do ministro da Agricultura. Antigamente, quando tinha problema, procurava o ministro e, se não era do partido dele, não tinha prioridade. Isso acabou. A gente espera isso deles", argumentou.>
O presidente comentou não ser contra colocar parlamentares nos ministérios e disse que tem "uns três ou quatro aí" e que eles são até uma forma de sentir melhor a temperatura dentro da Câmara. >
Após uma série de atritos, Bolsonaro disse que está disposto a dialogar com Maia. "Se for a Brasília, estou disposto a conversar, posso ir até à casa do Maia", comentou. Ele descartou, no entanto, a intermediação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vem ganhando cada vez mais espaço no cenário político nacional. "Pelo que fiquei sabendo, o Doria estava preparando um jantar na sexta agora. Falei para minha assessoria que, para mim, está barra pesada, 'to' com 64 anos, não dá para ter uma batida dessa não.">
Bolsonaro afirmou não ter nenhum problema em conversar com o presidente do Legislativo e que poderia ser até um encontro particular. "Somos do Rio", ressaltou. "Para mim, é problema de saúde, é muito voo. Complica, de repente eu 'to' aí com problema de saúde", justificou. Ele disse que, na próxima semana, já terá também "várias saídas" dentro do Brasil. "Sou paraquedista e sei do desgaste que é subir e saltar.">
Pacote Bolsonaro também disse nesta quarta que o pacote para impulsionar a economia será lançado na forma de uma medida provisória que está na Casa Civil, mas não deu mais detalhes sobre o projeto. Em Jerusalém desde domingo, ele comentou que os dias têm sido muito corridos e que leu o que a equipe econômica o enviou em uma "diagonal rápida".>
Segundo Bolsonaro, o projeto "tem tudo para tirar o Estado de cima do empreendedor". "Não tenho detalhes aqui. Mal deu tempo de ler essas questões. Eu me preparo para o dia seguinte. Vou ter folga no avião para tomar conhecimento do que realmente está acontecendo no Brasil", justificou. "Tem termo ali que eu não entendo. Me desculpa. É melhor falar isso do que fazer besteira", disse a jornalistas antes de partir de volta para o Brasil. O voo dele deixou Israel às 3h20 (no horário de Brasília).>
O Estadão/Broadcast registrou na terça-feira, 2, que o Ministério da Economia prepara um pacote de medidas para aumentar a produtividade, estimular a geração de empregos e tentar destravar a atividade econômica. Previstas para acontecer em 90, 180 e 360 dias, as ações foram formuladas em quatro grandes planos que serão anunciados ao longo de abril: Simplifica, Emprega Mais, Brasil 4.0 e Pró-mercados.>
Bolsonaro afirmou que cumprirá 90% das metas estipuladas para os primeiros 100 dias de seu governo, e que os 10% restantes serão "parcialmente atendidos". A gestão dele completa 100 dias daqui a uma semana. "Sempre fui contra essa questão de meta porque aquele 1% que não é atendido, vocês (jornalistas) vão lá e atiram de .50 em cima da gente", disse à imprensa pouco antes de embarcar de volta ao Brasil. Armas de calibre .50 têm alto poder de destruição.>
O presidente enfatizou que, até hoje, todos os seus planos deram certo. "Tanto é que eu saí do zero e hoje sou presidente", disse, soltando uma gargalhada. Na sequência, comentou que estava rindo, mas que sentia estar envelhecendo de forma mais rápida desde que assumiu a Presidência. "A barra é pesada, tá ok?" >