Bolsonaro diz que PEC do voto impresso deve ser derrotada e culpa Barroso

Falando a rádio de Salvador, presidente também criticou governador Rui Costa

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  • Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2021 às 12:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (9) que a proposta de emenda constitucional (PEC) do voto impresso deve ser derrotada no plenário da Câmara, caso não aconteça uma negociação forte.

"Se não tiver uma negociação antes, um acordo, vai ser derrotada a proposta, porque o ministro Barroso apavorou alguns parlamentares. E tem parlamentar que deve alguma coisa na Justiça, deve no Supremo, né. Então, o Barroso apavorou. Ele foi para dentro do Parlamento fazer reuniões com lideranças e praticamente exigindo que o Congresso não aprovasse o voto impresso", afirmou em entrevista à Bravo Rádio, de Salvador. "Temos que ter eleições limpas", repetiu.

Bolsonaro é defensor da medida e tem atacado o atual sistema eleitoral, que o elegeu, afirmando sem provas que as urnas eletrônicas não são seguras e lançando suspeitas de fraudes. Ele já chegou a ameaçar a realização das eleições de 2022. Na última sexta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), disse que a proposta seria levada ao plenário, mesmo após ser derrotada em comissão especial. 

Na entrevista, Bolsonaro voltou a repetir uma denúncia sem provas sobre uma invasão hacker às urnas na eleição de 2018, dizendo que o Tribunal Superior Eleitoral "apagou os rastros do crime". Ao falar do assunto ele repetiu várias vezes que "não tenho provas", "isso é uma suposição", "não posso afirmar" e chamou o ministro Barroso de "mentiroso".

O inquérito da Polícia Federal sobre o tema, divulgado pelo presidente na semana passada apesar de ainda estar em andamento, não concluiu que houve fraude. Em nota, o TSE lembrou que o código-fonte das urnas, que teria sido obtido pelo hacker, é acessível a vários envolvidos nas eleições, como partidos, OAB e PF. "Uma vez assinado digitalmente e lacrado, não existe a possibilidade de adulteração. O programa simplesmente não roda se vier a ser modificado".

Críticas Bolsonaro criticou o governador Rui Costa (PT) várias vezes. Ele afirmou que Rui não investiu no esporte e queria "surfar" no sucesso de atletas baianos na Olimpíada de Tóquio. "Até a questão das Olimpíadas, você vê o governador da Bahia dizendo que se a Bahia fosse um país seria o 25º... Só que ele não investiu no Bolsa Atleta", disse o presidente.

Ele voltou a criticar medidas de isolamento social. "No ano passado, tivemos problemas seríssimos com a pandemia, além das mortes, que lamentamos todas, e os governos, especialmente o da Bahia, fecharam tudo, tirou o ganha pão de milhões de pessoas que trabalhavam durante o dia para comer à noite. Abandonou essas pessoas, obrigando-as de forma truculenta a ficarem dentro de casa, com medidas como lockdown, toque de recolher, confinamentos...", disse Bolsonaro, afirmando que o governo de Rui levou os mais pobres "à lona". 

Questionado sobre compras de respiradores que não foram entregues, Bolsonaro atacou também o Consórcio Nordeste. "Um grande escândalo comprovado via Consórcio Nordeste. Tinha lá um executor disso tudo, chamado Carlos Gabbas. Pegou R$ 49 milhões de dinheiro federal e comprou respiradores, só que não recebeu nenhum respirador. Isso aí está esquecido pela CPI. Um senador entrou com pedido para ouvir o Gabbas, mas Renan Calheiros não aceitou", afirmou.

O presidente negou escândalos na compra da vacina. "Não nos corrompemos, não teve propina, somente compramos vacina certificadas pela Anvisa e somente pagamos quando chegou no Brasil. Todas as vacinas entregues no Brasil foram compradas pelo governo federal. Compramos, estados distribuem e prefeitos na ponta da linha são responsáveis pela aplicação", diz. 

Ele também falou da reformulação do Bolsa Família. que está em fase "quase final". "Estamos acertados um mínimo de 50% de reajuste para o Bolsa Família. Queremos 100%, mas temos que ter responsabilidade, porque a economia não pode quebrar", disse ele.

Redes sociais Bolsonaro disse ainda o governo federal vai apresentar um projeto para que as redes sociais como Twitter e Facebook não possam remover postagens que descumprem suas regras sem autorização da Justiça. "Decisão minha, essa semana, enviarmos um projeto curtinho para o Parlamento, baseado no artigo quinto da Constituição, com a liberdade de expressão. Fazer com que qualquer matéria (post) sua só possa ser retirado dessas páginas por decisão judicial e ponto final. Caso contrário, vai acontecer como vimos nos EUA, onde quem apoiava o Trump era censurado e quem não apoiava era exaltado. Já acontece aqui no Brasil", afirmou o presidente. 

Ele disse que "obviamente os partidos de esquerda vão ser contrários", porque hoje os direitistas seriam perseguidos por expressas suas opiniões nas redes sociais.