Bolsonaro: 'Peço a Deus que não tenhamos problemas, chegamos no limite'

Presidente afirmou que nomeará novo diretor-geral da Polícia Federal nesta segunda-feira (4)

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  • Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2020 às 15:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Globo

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste neste domingo (3), durante transmissão ao vivo, que nomeará novo diretor-geral da Polícia Federal nesta segunda-feira (4), sem mencionar o nome do escolhido para ocupar o posto. Como mostrou neste sábado (2), o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro avalia indicar o delegado Rolando Alexandre de Souza para chefiar a instituição. Atual secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Investigação (ABIN), Rolando é próximo de Alexandre Ramagem, cuja nomeação ao comando da PF foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A afirmação foi feita durante live transmitida enquanto Bolsonaro prestigiava manifestação em Brasília a favor de seu governo e repleta de palavras de ordem contra o STF e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente disse que não irá mais admitir o que chamou de interferência em seu governo e afirmou que as Forças Armadas estão ao lado do povo. Ao fim da transmissão, ele disse pedir a "Deus" para que não tenha problemas nessa semana, porque, segundo ele, se chegou ao "limite". "Vamos tocar o barco. Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla-mão. Não é de uma mão, de um lado só não. Amanhã nomeamos novo diretor da PF e o Brasil segue o seu rumo aí", disse o presidente.

Nomeação de Ramagem suspensa Na última semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal. A decisão se baseou na fala do ex-ministro Sergio Moro, que acusou Bolsonaro de tentar uma interferência política na cúpula da PF. Neste sábado, Moro prestou depoimento em razão do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as declarações do ex-ministro.

Bolsonaro classificou a decisão como "política" e, no sábado, chamou o ex-ministro da Justiça de "Judas". Neste domingo, disse que "não vai admitir mais interferência", sem citar diretamente as decisões da última semana.

O presidente também não detalhou o que significa "não admitir interferência", e não disse o que pretende fazer caso novas medidas sejam derrubadas na Justiça."Queremos a independência verdadeira dos três poderes e não apenas uma letra da Constituição, não queremos isso. Chega de interferência. Não vamos admitir mais interferência. Acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente. Acredito no povo brasileiro e nós todos acreditamos no Brasil."O presidente também voltou a criticar governadores, a quem culpa pelo desemprego e pela crise econômica em meio à pandemia do novo coronavírus. Segundo Bolsonaro, a decisão de fechar comércios é "irresponsável" e "inadmissível"."O Brasil como um todo reclama volta ao trabalho. Essa destruição de empregos irresponsável por parte de alguns governadores é inadmissível, o preço vai ser muito alto na frente. Fome, desemprego, miséria. Isso não é bom. E o país de forma altiva vai enfrentar os seus problemas."Bolsonaro classificou o ato como "manifestação espontânea do povo aqui em Brasília, em defesa da democracia da liberadade."

"Quer um governo sem interferência, que possa trabalhar para o futuro do Brasil", disse. No ato, os manifestantes exibiram faixas pedindo intervenção militar e gritaram contra o Congresso Nacional, o STF e o ex-ministro Sergio Moro.

O Congresso e o Judiciário são dois pilares do sistema democrático e, por isso, pedidos para o fechamento das instituições são ilegais. A reivindicação por "intervenção militar com Bolsonaro" é considerada apologia contra a democracia e, portanto, ilegal e inconstitucional.