Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 14:01
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro tem viagem marcada para a manhã deste domingo (1º) para Montevidéu, onde participará à tarde da posse do presidente eleito do Uruguai, Luis Lacalle Pou. A previsão é que Bolsonaro retorne a Brasília no fim do dia.>
Eleito pelo Partido Nacional, de centro-direita, Lacalle Pou encerra o ciclo de 15 anos de governo da coalizão de esquerda Frente Ampla, com dois mandatos de Tabaré Vázquez e um de Pepe Mujica. >
De acordo com o secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, a posse de Lacalle Pou inaugura uma nova era nas relações diplomáticas entre Brasil e Uruguai. Ele falou com a imprensa durante uma apresentação no Palácio do Itamaraty, nesta sexta-feira (28), sobre a viagem de Bolsonaro: "Essa visita, além do caráter protocolar, tem um simbolismo que inaugura, inicia, uma nova etapa da relação com o Uruguai. Ficou claro, com o contato dos presidentes e durante a visita do futuro chanceler a Brasília, uma grande sintonia. Não só na agenda bilateral, como na agenda regional".>
O secretário disse ainda que a expectativa do governo brasileiro é que o novo presidente realize uma mudança na postura internacional do Uruguai em temas políticos da América do Sul, como a crise da Venezuela. Até então, o governo uruguaio não vem adotando o mesmo tom crítico que o Brasil em relação à gestão do presidente venezuelano Nicolás Maduro.>
"O elemento novo vai ser uma maior sintonia, uma maior possibilidade de trabalhar juntos nos temas regionais. Já recebemos indicações de que haverá mudanças de posição em relação a temas centrais para o Brasil na agenda regional, como Venezuela e Bolívia. Imagino que isso terá impacto na atuação do Uruguai na OEA [Organização dos Estados Americanos]", afirmou Costa e Silva.>
De acordo o secretário, não está prevista nenhuma reunião bilateral do presidente brasileiro com outros chefes de Estado em Montevidéu. Costa e Silva adiantou que, entre os temas a serem tratados pelos dois países nos próximos anos, se destacam o trabalho conjunto na região de fronteira, segurança, prestação de serviços públicos compartilhados e infraestrutura.>
Ainda de acordo com Costa e Silva, Lacalle Pou deve visitar o Brasil no primeiro semestre de 2020. A proximidade entre Pou e Bolsonaro vem desde as eleições uruguaias. O secretário lembrou que Bolsonaro foi o primeiro mandatário a cumprimentar o presidente eleito do Uruguai e a confirmar presença na posse.>
Participam também da posse os presidentes de Chile, Colômbia e Paraguai, os vice-presidentes de Costa Rica e Equador e autoridades de Argentina e Peru, além do rei Filipe VI, da Espanha, do ministro do Ambiente e Transição Energética de Portugal e do chanceler do México.>
Crítico dos governos de esquerda na América Latina, Bolsonaro defendeu publicamente a candidatura de Lacalle Pou nas eleições do ano passado, a exemplo do que fez com a de Mauricio Macri na Argentina, derrotada pela chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner.>
No caso do Uruguai, como o candidato de centro-direita foi eleito, Bolsonaro decidiu comparecer à posse, o que não aconteceu no dia em que o novo presidente argentino assumiu o posto. Em dezembro, na Argentina, Bolsonaro enviou à solenidade de posse, em Buenos Aires, o vice-presidente Hamilton Mourão. Foi a primeira vez desde 2003 que um chefe de Estado brasileiro não compareceu à posse de um presidente argentino. >
Após trocas de farpas, Bolsonaro e Fernández ensaiam uma aproximação. Os dois chegaram a negociar uma reunião em Montevidéu, aproveitando a viagem para posse de Lacalle Pou. Mas o presidente argentino não deverá comparecer. Uma nova data poderá ser acertada.>