Bonfim teve missa e demonstrações de fé, mas festa profana ficou para 2022

Tarde de quinta-feira na Colina Sagrada teve pouco movimento

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  • Wendel de Novais

Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

Todo ano, quando acaba o cortejo da Lavagem do Bonfim, vários grupos se unem para aproveitar o lado profano da celebração, com música, dança e bebida. Esse ano, porém, a festa de largo que espalha isopores, barracas e música alta por toda a Cidade Baixa não aconteceu. Nas imediações da Colina Sagrada e durante todo o caminho, o movimento desta quinta-feira, 14, nem de longe lembrou o clima do tradicional evento.

Quem chegou ao pé da ladeira tinha só a intenção de fazer suas preces e agradecimentos ao homenageado do dia. Não houve espaço para o lado profano da tradição. Nem mesmo os famosos carrinhos de café equipados com som apareceram. Um movimento tranquilo, que se estendeu por toda a tarde, segundo agentes da Guarda Civil Municipal.  Sem bebedeira, Sagrada Colina teve pouco movimento nesta quinta-feira (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Clima irreconhecível

O taxista Fernando Silva, 43 anos, que costuma faturar com as corridas que faz na região no dia de festa, disse que ficou assustado ao ver o Bonfim de um jeito que nunca tinha visto. “Eles fizeram a campanha do ‘quem tem fé, fica em casa’ e o povo ficou mesmo. Como não estão respeitando as coisas da pandemia por aqui, achei que ia ter um movimento significativo de gente e vim conferir, mas já tô indo embora que tá muito fraco, parece um dia comum”, declarou Silva. 

Outra que se surpreendeu foi a auxiliar administrativa Paula Olivera, 47, que não conseguiu ficar em casa e foi até a Colina Sagrada para agradecer o Senhor do Bonfim e pedir por saúde. “Quem tem fé, fica em casa, mas eu não pude deixar de passar por aqui para agradecer o nosso Senhor do Bonfim, reconheço. Fiquei preocupada achando que ia ter muita gente fazendo festa, mas não vi nada assim. Quem veio, só queria mesmo declarar sua fé”, afirmou.

Um homem, que não quis se identificar, foi para as imediações da colina junto com dois amigos atrás do lado profano da festa, mas acabou dando viagem de balde e se decepcionou com a ausência de gente. “Eu vim na expectativa, com o cooler para a cerveja não esquentar, mas parece mesmo que a galera não quis aparecer. Então, a gente vai ficar aqui mesmo bebendo entre nós três”, falou. 

Sagrado mantido

Ao contrário do profano, o sagrado, apesar de adaptado, teve espaço garantido na programação da Igreja. Às 17h, aconteceu uma missa. Dentro do templo estavam apenas os voluntários que ajudaram na logística durante todo o dia. Os fiéis do lado de fora acompanharam a missa pelas caixas de som instaladas no alto da colina, que ecoavam por toda a Baixa do Bonfim.  No lado de dentro da Igreja, estavam apenas os voluntários da Basílica (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Para Aline Costa, 35, que é presença garantida em toda Lavagem do Bonfim e, há três anos, é voluntária da igreja no dia da festa, o que aconteceu foi totalmente diferente de tudo que ela jpa presenciou ao participar da festa. “A gente sentiu muita falta dos fiéis, que não puderam estar presentes, infelizmente. Deu uma tristeza, um aperto no coração porque estamos acostumados com o público, com a união em fé. Mas é continuar orando ao nosso Senhor do Bonfim para que ele nos abençoe e o próximo já volte ao normal”, disse.

A programção do dia foi encerrada às 19h, com a novena que chegou à sua sétima noite. Na missa, houve homenagem às pessoas que contraíram a covid-19 e fizeram a experiência do isolamento social em suas casas e o tema mais abordado foi a necessidade de confiar na proteção do Senhor do Bonfim para prosseguir com ânimo.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela