Brasileiro cai em golpe de estágio e vende carro para pagar R$ 28 mil

O morador de Santa Catarina encontrou a vaga através de uma pesquisa no Google

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  • Da Redação

Publicado em 22 de março de 2022 às 18:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo pessoal

Um homem de 31 anos, Taillon Janiel da Luz, caiu em um golpe ao aceitar um estágio de seis meses em Londres. Após transferir R$ 28 mil para a empresa que supostamente oferecia vaga na Europa, ele percebeu a cilada.

O morador de Santa Catarina chegou a ser alertado por pessoas próximas, mas não deu ouvidos. A proposta seria para trabalhar como estagiário na Continental AG, multinacional de pneus, por um salário de aproximadamente R$ 15 mil por mês.

"(Encontrei a vaga) através de busca no Google. Lembro que me inscrevi em pelo menos umas 6 oportunidades de estágio. Passei a virada de ano pensando que eu queria mudar, tomar um novo rumo, adquirir uma experiência internacional. Remodelei meu currículo nos primeiros dias de 2021 e cheguei até essa oportunidade da Continental, que infelizmente causou tudo isso", contou Taillon à BBC News Brasil.

Ele teve interesse em falar com o veículo, após ler uma reportagem sobre 52 pessoas que foram enganadas para trabalhar em falsa agência de design.

"Meus pais e amigos já tinham me avisado que poderia ser um golpe. Mas eu estava com aquele brilho da coisa e não conseguia enxergar dessa maneira. Eu só enxergava aquilo como uma oportunidade. De poder trabalhar fora, melhorar meu currículo. Eu não desconfiava", disse em entrevista.

Taillon contou que, depois da inscrição na vaga, recebeu um e-mail no dia 1º de abril de 2021 com uma série de perguntas e uma mensagem que dizia que ele tinha sido aprovado na seleção para o estágio, mas que precisava pagar algumas taxas para concluir o processo.

Ele fez uma transferência bancária para pagar o que seria o equivalente aos três primeiros meses de custo com estadia e alimentação em Londres. Um detalhe: as remessas de dinheiro foram feitas para contas bancárias de países africanos. Os golpistas diziam que lá ficavam localizadas as sedes das empresas responsáveis pelo processo.

Para arcar com esses custos, e para comprar as passagens aéreas, Taillon se desfez de bens e pediu ajuda para arrecadar a quantia. Ele vendeu o carro por R$ 19 mil, um valor abaixo do que valia. "Tudo isso desmoronou minha vida", disse à BBC News. No total, o prejuízo foi de R$ 28 mil.

Ele passou a desconfiar do golpe depois que, três dias antes do voo, recebeu uma mensagem pedindo mais dinheiro, R$ 17 mil para finalizar a emissão de um visto europeu específico. Enviou um e-mail para a Continental, e recebeu a resposta que temia: não havia processo seletivo sendo realizado pela empresa.

"Recebi deles apenas uma mensagem que não dava muitos detalhes, mas dizia que eu não estava participando de nenhum processo seletivo e que tinha caído em um golpe", afirmou a vítima.

Nenhum suspeito foi identificado pela polícia até agora.