Brasileiro deixa Belarus por não querer morar onde a pandemia não é levada a sério

Ditador do país europeu não adotou quarentena e diz que vírus é curado com 'vodka e sauna'

Publicado em 8 de maio de 2020 às 08:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo pessoal

O brasileiro Nivaldo Ciriaco resolveu deixar o Dínamo Minsk, clube de Belarus onde trabalha como preparador de goleiros, por causa da pandemia do novo coronavírus. A decisão aconteceu após, nas últimas semanas, ele ter visto o número de crianças para quem dava aula diminuir.

“Eu sei que a situação no Brasil não está fácil, mas o medo do vírus me venceu. Desisti de Belarus por enquanto. Estou indo embora com o coração partido, mas tenho muito medo de morar em país que não leva a pandemia a sério”, contou Ciriaco ao G1.

“Se o governo dissesse que temos que tomar providências, todo mundo seguiria um protocolo. Como a pandemia não está sendo tratada da forma que deveria, causa medo e preocupação”, completou.

Vodka e sauna contra o coronavírus O ditador Alexander Lukashenko está ao lado do presidente do Brasil Jair Bolsonaro na lista dos poucos líderes que insistem em negar a gravidade da pandemia de Covid-19, que já matou mais 267 mil pessoas em todo o mundo. Depois de classificar medidas como o lockdown, adotado vários países do mundo, como “psicose”, ele chamou a atenção dos jornais internacionais ao dar a sua receita para combater o novo coronavírus: ir à sauna e beber vodka.

Considerado o último ditador da Europa, no poder há 24 anos, Lukashenko não tomou nenhuma atitude preventiva. Por lá, por exemplo, o campeonato de futebol segue em andamento e nenhuma medida para promover o distanciamento social foi tomada até agora. Ele manteve a tradicional parada militar que marca a vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial no sábado (9).

Lukashenko também não evita aglomerações e em um jogo de hockey no gelo de em um torneio amador, em março, declarou que “não estava vendo nenhum vírus” na arena lotada.

No início da pandemia, os boletins eram esparsos e não mencionavam mortes. No entanto, após uma visita de uma comissão da OMS, houve uma evolução mais rápida no número de óbitos. Ainda assim, o número de vítimas não é tão alto.

Oficialmente, pouco mais de 100 pessoas morreram por complicações da Covid-19 e mais de 19 mil foram infectados pelo novo vírus no país de 9,5 milhões de habitantes.

Aos poucos, os relatos de casos de contaminação se espalharam e parte dos moradores começou a se dar conta da gravidade da situação e a olhar com desconfiança para as estatísticas divulgadas pelo ministério da saúde. Além disso, parte dos habitantes começaram a aderir ao isolamento por conta própria.