Brasileiros pagaram 1,5 trilhão de impostos este ano

Valor é calculado pelo Impostômetro da Associação Comercial de SP, 22 dias antes do registro de 2016

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  • Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2017 às 10:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: EBC

Nesta quinta-feira (14), por volta das 19h50, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) chega à marca de R$ 1,5 trilhão. O valor equivale a todo o dinheiro que os brasileiros pagaram aos cofres da União, dos Estados e dos municípios em tributos (impostos, taxas, contribuições, multas, juros e correção monetária) desde o primeiro dia do ano.

Em 2016, a marca de R$ 1,5 trilhão foi registrada dia 6 de outubro, demonstrando que a arrecadação avançou. “A inflação pesou muito no período, aumentando o bolo arrecadatório; ela tem caído, mas ainda é alta. Também contribuíram a elevação de algumas alíquotas e a recuperação ― mesmo que lenta ― de alguns setores da economia”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). “Se considerarmos o enfraquecimento recente da economia, o peso da tributação é ainda mais forte para empresas e contribuintes”. 

Os valores mostrados pelo painel da ACSP são nominais (sem descontar a inflação), baseados em informações oficiais e calculados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). 

Nominal X real 

A ACSP alerta que os dados divulgados mensalmente pela Receita Federal abrangem apenas os tributos federais. E que a divulgação dá ênfase à arrecadação deflacionada (descontando a inflação). Por isso os números diferem do que é mostrado pelo Impostômetro. 

“Em nenhum país do mundo as despesas são deflacionadas. O governo brasileiro, por exemplo, não deflaciona o salário dos funcionários públicos antes de pagá-los. Assim, se as despesas são sempre nominais, temos que compará-las com a receita (arrecadação) também nominal”, comenta Burti. 

Por fim, ele lembra que a carga tributária brasileira aumentou da casa dos 25% do PIB na década de 1990 para cerca de 35% do PIB em 2016, conforme calculado pelo IBPT. 

“No ano passado, o Impostômetro registrou R$ 1,5 trilhão dia 6/10 e, em 2015, dia 2/10. Este ano atinge a marca dia 14/9. Isso revela uma crescente arrecadação tributária. Teoricamente, pelo volume arrecadado ano a ano, a sociedade deveria ter retorno com serviços públicos de qualidade, mas, infelizmente, não é isso o que acontece. Lamentavelmente, o que observamos são serviços ineficientes nas áreas de transporte, saúde, educação, segurança pública, isso quando existentes”, afirma João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT.

Para o economista e professor da Faculdade Uninassau, Vinícius Gonçalves, a marca de 1,5 trilhão de arrecadação só confirma a posição ocupada pelo Brasil entre os maiores cobradores de impostos do mundo, conforme pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial (FEM, 2016). "Para piorar esta situação, é de consenso que o sistema tributário brasileiro não cumpre o seu objetivo", ressalta.

Com informações da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).