Cada vez mais apreciado, mel de abelha sem ferrão faz até cerveja

Meliponicultores realizam encontro na Bahia no momento em que atividade se consolida como fonte de renda sustentável

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  • Georgina Maynart

Publicado em 7 de agosto de 2019 às 09:30

- Atualizado há um ano

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Elas são abelhas, mas possuem o ferrão atrofiado e não machucam o ser humano. Peculiares, as abelhas nativas do Brasil, conhecidas como meliponas, conquistam cada vez mais admiradores. São tantos meliponicultores no país, que nos próximos três dias os estudiosos das abelhas sem ferrão vão se reunir em Salvador para discutir a criação destas espécies de insetos.

O II Encontro Baiano de Meliponicultura será realizado na antiga sede da EBDA, na avenida Dorival Caymmi, ao lado do Parque do Exposições de Salvador, em Itapuã. Quem for ao local vai poder ver de perto colméias de abelhas sem ferrão e outros produtos gerados por estes minúsculos insetos, desde pólem, própolis e o famoso mel.

“Este encontro é uma maneira de fomentar o desenvolvimento da meliponicultura profissional no Brasil. Desde a produção do enxame e do mel, até a capacitação das pessoas para a atividade como fonte de renda”, afirma o meliponicultor Pedro Viana, um dos coordenadores do evento.

O encontro tem o apoio da Superintendência de Agricultura Familiar e da Companhia de Desenvolvimento Regional (CAR), e terá a presença de delegações de nove estados, entre eles Amazonas, Sergipe e Alagoas. A criação de abelhas sem ferrão permite a coleta do mel sem a necessidade do uso de equipamentos de proteção (Foto: Georgina Maynart) PROGRAMAÇÃO

O encontro será o maior do país já realizado sobre a meliponicultura, a criação de abelhas sem ferrão como atividade produtiva. Assim como a apicultura, que é a criação de abelhas com ferrão, o segmento vem se expandindo na Bahia e já conta com centenas de criadores em várias regiões do estado. 

Até sexta-feira estão previstas as participações de 35 palestrantes, 6 minicursos, feira do empreendedor, concurso para escolha do melhor mel, além de aula show de gastronomia com produtos das abelhas. Mais ácido do que o mel produzido pela abelha com ferrão, o mel da abelha nativa vem conquistando o mercado gourmet. Os chefs de cozinha dizem que ele permite combinações diferenciadas.

Valorizado no mercado, o litro de mel da abelha sem ferrão chega a custar dez vezes mais do que o das outras abelhas. Em Salvador o litro chega a ser vendido por até R$ 300, enquanto o mel comum custa entre R$ 30 e R$ 50.

Um dos destaques do encontro será o lançamento de produtos especiais, como a cerveja feita com mel de abelha uruçu, o vinagre de mel e o hidromel. Tambem serão discutidos assuntos como sustentabilidade, a fabricação artesanal de cosméticos, o melhoramento de pastagens para as abelhas e o desenvolvimento de suplementos vitamínicos voltados para este insetos.

ORIGEM

De acordo com os especialistas, as abelhas sem ferrão sempre existiram na América do Sul. Mas elas teriam começado a desaparecer depois da introdução no Brasil das abelhas com ferrão, trazidas pelos colonizadores. Os especialistas relatam que as abelhas africanas, por exemplo, por serem mais fortes, teriam de alguma forma ofuscado a presença das nativas brasileiras. Para aumentar a presença das nativas, nos últimos anos os meliponicultores passaram a incentivar a instalação de colméias inclusive nas zonas urbanas. A espécie mais comum nas áreas de Mata Atlântica é a uruçu.

"O Brasil tem 75% das 400 espécies existentes no mundo. A Bahia tem 59 espécies identificadas, mas apenas 8 ou 9 delas possuem protocolo catalogado de criação", afirma o professor e engenheiro agrônomo Rogério Alves, especialista na criação de abelhas sem ferrão e um dos organizadores do evento.

SUSTENTABILIDADE

Além da produção de mel e outros derivados, as abelhas são consideradas importantes na manutenção do equilíbrio ecológico e na produção de alimentos. Nas lavouras, são elas que fazem o transporte do pólem de flor em flor, um processo de polinização que permite o desenvolvimento dos frutos. Segundo os pesquisadores, as abelhas chegam a visitar cerca de 7 mil flores por dia. Por garantirem o equilíbrio dos ecossistemas, este ano elas foram proclamadas pelas Nações Unidas os animais mais importantes do planeta.

SERVIÇO

O QUE: II Encontro de Meliponicultura da BahiaQUANDO: 07 a 09 de agosto de 2019. Das 8 às 17 horas.ONDE: Sede da antiga EBDA. Avenida Dorival Caymmi, Itapuã.INSCRIÇÕES: Para participar do evento é preciso fazer a inscrição com antecedência. Informações através do facebook: @2encontrobaianodemeliponicultores