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Acusado de abuso de poder, ele continua no cargo até votação no Senado
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 22:36
- Atualizado há um ano
O impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi aprovado nesta quarta-feira (18) pela Câmara. Ele foi considerado culpado de abuso de poder pela maioria dos deputados em uma primeira votação e ainda pode ser considerado culpado de obstrução do Congresso em uma segunda votação também nesta quarta.
Apesar do resultado, que o torna o terceiro presidente da história americana a sofrer impeachment, Trump continua no cargo enquanto espera o resultado do julgamento no Senado, que deve acontecer em janeiro.
A votação desta quarta foi precedida por um debate de mais de dez horas, no qual os deputados dos partidos Democrata e Republicano discursaram, expondo seus pontos de vista a favor e contra o impedimento.
Ao todo, foram quase três meses de intimações, depoimentos, relatórios e transcrições que prenderam a atenção dos americanos.
Na véspera da decisão, vários deputados democratas moderados - eleitos em distritos conservadores em 2018 - anunciaram apoio ao impeachment de Trump.
Eles vinham sofrendo pressão da liderança do partido, mas temiam a reação de seus eleitores. A Câmara é composta por 435 deputados, mas 4 cadeiras estão vazias - 3 por renúncia e uma em razão da morte do democrata Elijah Cummings.
"O que o presidente fez foi errado", disse Ben McAdams, deputado democrata do Estado de Utah. "Não posso virar a cara e permitir que futuros presidentes, republicanos ou democratas, façam o mesmo."
Elissa Slotkin, deputada democrata de Michigan, chegou a ser ameaçada por eleitores depois de declarar que votaria a favor do impeachment. "Foi uma decisão difícil", disse. "Sabia que receberia críticas, mas tenho certeza que estou fazendo a coisa certa. Espero que os eleitores entendam."
Apoio Chrissy Houlahan, deputada democrata moderada da Pensilvânia, postou um vídeo na noite de segunda-feira em apoio ao impeachment. Elaine Luria, de Virginia, e Mikie Sherrill, de New Jersey, declararam na terça apoio à destituição de Trump.
Uma vez aprovado na Câmara, o processo segue para avaliação do Senado, onde o resultado também é previsível, mas em favor do presidente.
Os republicanos têm maioria no Senado - de 100 senadores, 53 são do partido de Trump. A condenação, no entanto, segue uma regra diferente. O presidente seria destituído apenas com dois terços dos votos. Portanto, 20 senadores republicanos teriam de mudar de lado, o que é considerado improvável.
Em setembro, os democratas anunciaram a abertura de um processo de impeachment contra Trump. A justificativa foi a pressão feita sobre o governo da Ucrânia para que lançasse uma investigação sobre o democrata Joe Biden, que lidera as pesquisas para disputar a eleição presidencial de 2020 pelos democratas.
Trump teria segurado o envio de US$ 391 milhões em ajuda militar aos ucranianos e, em troca do anúncio da investigação, ele receberia o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, na Casa Branca.
Durante a investigação, os democratas concluíram também que Trump tentou sabotar o processo, ordenando que as autoridades de seu governo não testemunhassem e não entregassem os documentos pedidos pela Câmara dos Deputados. O presidente alega que não fez nada de errado e reclama que a investigação foi uma "caça às bruxas".
Senado Nessa terça, o presidente do Senado, o republicano Mitch McConnell, rejeitou a proposta dos democratas de convocar novas testemunhas durante a nova fase do processo de impeachment. Durante o tempo em que o inquérito tramitou na Câmara, os deputados intimaram assessores e ex-secretários de Trump, como o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, o ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, o assessor de Mulvaney, Robert Blair, e o secretário do Orçamento Michael Duffey.
Um dos poucos que se ofereceram foi Bolton, demitido por Trump em setembro. Ele se colocou à disposição, desde que a Justiça desse sinal verde para seu depoimento. Os democratas, no entanto, tinham pressa para concluir o impeachment e não esperaram a decisão judicial - eles temem que o processo se arraste e afete as primárias do partido, que começam em fevereiro.
Após ser derrotado na Câmara, Trump se torna o terceiro presidente dos EUA a sofrer um processo de impeachment. Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998, também foram condenados pelos deputados, mas absolvidos no Senado.
Em 1974, Richard Nixon renunciou antes de o processo ser concluído. Até hoje, nenhum presidente americano foi destituído pelo Congresso. Com agências internacionais e informações do Estadão Conteúdo.