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Campanha reúne fotógrafos para ajudar famílias impactadas pela pandemia


 

Recursos arrecadados com a venda de 150 fotos cedidas por fotógrafos baianos vão ajudar cerca de 300 famílias

  • Priscila Natividade

Publicado em 15/06/2020 às 06:00:00
Atualizado em 21/04/2023 às 07:07:06
. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Se uma imagem vale mais que mil palavras, uma foto, neste momento de pandemia, pode ajudar cerca de 300 famílias de cinco comunidades. É com esse olhar que a campanha 150 Fotos pela Bahia está sendo lançada, nesta segunda-feira(15), por um grupo de fotógrafos e agentes culturais baianos para arrecadar recursos que serão revertidos para instituições sociais e culturais afetadas pela crise da covid-19.

Por meio do site www.150fotospelabahia.com.br, as imagens cedidas por fotógrafos baianos serão vendidas por R$ 150 (cada) e entregues na residência dos compradores, pelos Correios, impressas pelo Estúdio Lukas Cravo em papel algodão, no tamanho 20 × 30 cm.

O projeto é realizado pela NMNC Produção Artística, em parceria com a Fundação Pierre Verger e apoio de instituições culturais e educacionais do Estado da Bahia. Os 200 primeiros compradores de duas fotografias ou mais, para o mesmo pedido, receberão, gratuitamente, o livro de Pierre Verger Todos Iguais, Todos Diferentes.

“A campanha vem nesse momento de relevância da solidariedade civil diante de uma situação de fragilidade das instituições governamentais e da ausência de gestão federal frente à crise”, afirma o coordenador da campanha, Paulo Coqueiro.

A ideia foi inspirada em iniciativas similares promovidas por fotógrafos na Itália, Espanha, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Belém e outros locais, como acrescenta a também organizadora da ação, Isabel Gouvêa.

“A campanha é de tema livre. Cada fotógrafo apresentou uma imagem que mais achasse coerente com o movimento para ser colocada à venda. Toda arrecadação da campanha será destinada, em forma de cestas básicas e materiais de higiene e proteção, às comunidades quilombolas de São Francisco do Conde e Iguape, no Recôncavo Baiano, moradores das regiões do Subúrbio Ferroviário e Nordeste de Amaralina e alguns povos indígenas”, diz. 

Entre as 150 fotos, estão as contribuições da editora de fotografia do CORREIO, Sora Maia, e da repórter fotográfica Marina Silva. “Achei uma iniciativa muito feliz dos produtores, porque além da finalidade maior que é ajudar instituições que apoiamos, dá uma visibilidade muito positiva à produção fotográfica baiana”, afirma Sora, que cedeu uma imagem que integra a série Salvador Blues. O registro foi feito na orla de Amaralina, em Salvador, num fim de tarde particularmente azul. Registro da editora de fotografia do CORREIO, Sora Maia, também integra a ação solidária (Foto: Sora Maia/ CORREIO) Já o registro de Marina foi feito durante um passeio no município de Cachoeira (BA), onde  capturou uma baiana toda vestida de branco, em uma janela de fachada vermelha em  um dos casarões da cidade histórica. 

“Estamos vivendo um momento de dor e podemos transformar a tristeza e as dificuldades que ele nos trouxe em solidariedade e esperança. Tem muita gente precisando de ajuda e, se cada um der um pouquinho do que tem, do que pode dar, a dor do outro pode ser minimizada. Quem compra as fotos leva para casa arte, reflexões, beleza e ainda ajuda outras pessoas que estão em dificuldade. Todos saem ganhando”, pontua a fotógrafa.

Olhares baianos Quem também apoiou a iniciativa foi o fotógrafo Fafá Araújo: “A fotografia, nesse caso, serve como grande instrumento para fortalecimento dessa ação. Ela cumpre seu papel social de apoio à sociedade. É a arte a serviço do bem-fazer político”, defende.

A imagem cedida retrata um momento marcante no Caruru dos Ibeji que acontece todo mês de setembro, organizado pela Casa do Boneco de Itacaré (BA).  'Poética Sagrada', pelo fotógrafo Fafá Araújo (Foto: Divulgação) “O nome da minha imagem é Poética Sagrada. A foto retrata um momento sagrado, momento profundo de (re)ligação com o divino, que nos permite também um olhar poético diante de tais signos e significado. O Candomblé se expressa de forma viva e visceral com quem permite ser ponte nesse processo. Esse momento já é celebrado há 18 anos”, conta Fafá.

O fotógrafo e integrante do Clube de Fotografia de Feira de Santana e da Organização do Festival de Fotografia do Sertão, Nei Rios, é mais um que deixou sua contribuição na galeria do projeto. A imagem foi registrada em agosto de 2013, em Canudos “velha”, próximo à cidade submersa, hoje, o Açude de Cocorobó, em um final de tarde.  Fim de tarde no sertão de Canudos (BA), pelo fotógrafo Nei Rios (Foto: Divulgação) “Vendo aquele rapaz fazendo seus pedidos e agradecimentos, não tinha como deixar de fazer o registro. Afinal, Canudos resistiu a partir de sua organização baseada na fé. Passados mais de 120 anos, estava, ali, próximo ao cenário daquilo que a literatura dominante chamou de guerra, alguém manifestando a mesma inspiração que moveu a resistência ao massacre”, lembra.

As fotos podem ser adquiridas até o dia 30 de junho e serão entregues num prazo de um mês depois do encerramento das vendas. As imagens também estarão disponíveis no Instagram @150fotospelabahia.