Canal do Vale das Pedrinhas será fechado e requalificado pela prefeitura

250 metros do canal será fechado para construção de uma praça

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  • Nilson Marinho

Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 13:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Todos os dias, com o sol a pino, por volta do meio-dia, o mau cheiro que exala do canal do bairro do Vale das Pedrinhas, no Nordeste de Amaralina, incomoda quem passa por ali. Nos dias de chuva a situação é ainda pior: às vezes, o trecho alaga, atrapalhando a circulação de pessoas e carros. Daqui a seis meses, no entanto, os transtornos devem acabar, já que um projeto da prefeitura prevê obras de macrodrenagem e urbanização no canal.

O prefeito ACM Neto foi ao bairro na manhã desta sexta-feira (8) para assinar a ordem de serviço de início imediato das obras, que vão ter investimento de R$ 4 milhões. Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO A moradora e ialorixá, Vera Lúcia Santos, 42 anos, é nascida e criada no bairro. Ela conta que esse é um desejo antigo da população. Em dias de chuva, lembra, transitar por ali é quase impossível, sem contar com os ratos e animais peçonhentos que costumam circular pelo canal, colocando em risco a vida dos moradores. “Quando chove, as crianças precisam ficar dentro de casa e, os adultos, precisam redobrar a atenção. Muita água e muita lama. Era uma intervenção que já queríamos há muitos anos”, comemorou. Obras As obras que já começam nesta sexta-feira devem ficar prontas nos próximos seis meses. De acordo com o superintendente de Obras Públicas (Sucop), Orlando Castro, os 250 metros do canal, que vai do início da Rua Professora Natália Vinhais até as imediações na igreja Assembleia de Deus, serão aterrados para dar lugar a um trecho que vai contar com praça, parque, equipamentos de ginástica e anfiteatro.

 “Vamos fazer uma canalização e, por meio dela, a água passará. Em cima, vamos soterrar e colocar uma 'laje'. Nela, virá a praça", explica Castro.

Também será feito uma obra de macrodrenagem para melhorar o escoamento da água e evitar alagamentos. Ainda está previsto no projeto a pavimentação em um trecho de 4.600 m² de vias.

A prefeitura vai implantar, ainda, pontos de iluminação em LED, em todo o percurso.

Outros canais O vice-prefeito e atual secretário da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Bruno Reis, comparou a obra a outras da cidade, como, por exemplo, as da Avenida Centário e Vasco da Gama, que também tiveram trechos cobertos.

Ele ressaltou, ainda, que alguns canais da cidade também passarão por intervenções. Um deles é o da Rua Cônego Pereira, nos Dois Leões, que deve começar a passar por reforma na próxima semana, além do Rio Paraguari, no Subúrbio - esse está em processo de licitação.

"Sempre nos incomodou, pelas nossas caminhadas na cidade, ver canais correndo a céu aberto. Isso causa uma série de problemas de saúde e também aqueles que afetam a convivência dos moradores", comentou Bruno Reis. "Vamos mudar inteiramente o paisagismo e qualidade de vida das pessoas que moram aqui. Estamos prevendo seis meses de obra, vamos correr para garantir que, no máximo, no início do segundo semestre deste ano, a gente possa estar aqui de volta, inaugurando essa grande obra", concluiu.Que canal é esse? 

O canal hoje fedorento e repleto de lixo é, na verdade, um braço do Rio Lucaia. Nasce no Dique do Tororó, passa pela Avenida Vasco da Gana, Avenida Juracy Magalhães, Rua Lucaia até desaguar no largo da Mariquita. A transformação em canal ocorre a partir da própria ocupação do entorno de suas águas. Com o aumento populacional, veio poluição e degradação.“Você pode fazer um canal – que é a construção de algo dentro do rio – por vários motivos, como a impermeabilização”, explica o coordenador de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) Eduardo Topázio.No caso do Rio Lucaia, os moradores reclamavam do mau cheiro exalado do canal. E a poluição, conforme explicou Eduardo Topázio, começou a dificultar a impermeabilização do solo, quando há dificuldade da capacidade de absorção da água. Imaginar uma esponja incapaz de sorver a água é a metáfora ideal para entender o que aconteceu ali. 

Já o fechamento do rio, afirma Topázio, faz parte de um processo de intervenções realizadas em rios poluídos.“Digo que é jogar sujeira para de baixo do tapeta. Primeiro, eu escondo o problema. Depois, a água continua ali. O que pode acontecer? Inundações, as águas escapam para outros lugares. Não penso ser a solução adequada”. O rio compunha, antes da transposição, a bacia do Rio Camarajipe, o maior de Salvador, com nascente no bairro de Boa Vista de São Caetano e deságua na Praia do Jardim dos Namorados. É relativamente pequeno, acrescenta, mas tem – ou deveria ter - importância para o abastecimento do leito urbano. 

*Com a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier