Cármen Lúcia confronta Bolsonaro e diz que as Forças Armadas não são poder moderador

A ministra defendeu o "diálogo" para superar a crise entre os poderes

Publicado em 17 de agosto de 2021 às 17:16

- Atualizado há um ano

. Crédito: José Cruz/Agência Brasil

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, se posicionou sobre as alegações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que as Forças Armadas seriam um Poder Moderador. Ela afirmou que a Corte tem a "coesão" necessária para garantir a democracia e que, no Brasil, “não existe um quarto Poder”.

Em entrevista à jornalista Míriam Leitão, do Globo, a ministra ressaltou a importância do equilíbrio entre os Poderes. “A sociedade não pode viver com essa audição permanente de xingamentos, de afrontas, de desatendimento à harmonia que é exigência constitucional”, declarou. Ainda frisou o dever "importante" exercido pelas Forças Armadas e o Exército de Caxias na "garantia da ordem pública", e disse que essas instituições podem "agir por iniciativa de qualquer [um] dos poderes", conforme previsto no artigo 142 da Constituição.

Para Cármen Lúcia, o ataque do presidente aos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "não é conveniente porque descumpre" o apregoado na Constituição, o conflito entre os poderes deve ser resolvido "com a convivência harmoniosa".

"Por isso, o presidente [do STF, ministro Luiz] Fux tentou o diálogo, para voltar ao veio natural da Constituição, mas ele se afastou quando não teve a resposta de diálogo que ele pretendeu. A gente sai disso superando esse conflito. O cidadão espera de todos nós agentes públicos, prudência republicana e também moderação entre os poderes. A superação da crise terá que ser pelo diálogo necessário e possível entre os poderes", afirmou.

No último dia 5, o ministro Luiz Fux cancelou uma reunião entre os chefes dos três poderes por conta dos ataques constantes de Bolsonaro a membros do judiciário, na época, o presidente fez ameaças a Alexandre de Moraes ao dizer que "a hora dele vai chegar."