Casamentos e divórcios batem recorde na Bahia, diz IBGE

Dados das Estatísticas de Registro Civil apontam mais de 68 mil matrimônios e quase 25 mil separações no estado, em 2018

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Davi Santana/Divulgação

Mais de 68 mil casais baianos disseram sim. Esse foi o número de casamentos registrados em 2018 na Bahia, o maior do estado desde que o dado começou a ser estudado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1974. Em números absolutos, a Bahia é, ainda, o estado em que o registro de bodas mais cresceu. Foram 4.045 matrimônios a mais que em 2017, quando o levantamento marcou 64.548 enlaces. Todos os números são das Estatísticas de Registro Civil, divulgadas, nesta terça feira (04), pelo IBGE.

Do outro lado da moeda, o crescimento também é percebido. Assim como cresceram os casamentos, cresceram também os números de divórcios. Foram 4.581 divórcios a mais se compararmos os números absolutos de separações formalizadas em 2017 e 2018. No total,  24.952 casais deram um ponto final em suas histórias no último ano. No comparativo, a Bahia ficou em 2º lugar no ranking nacional entre os estados em que as separações mais aumentaram, perdendo apenas para São Paulo. A cada três casamentos baianos celebrados um divórcio é concedido.  (Ilustração: Arte CORREIO) (Ilustração: Arte CORREIO) Colocando os números em uma maior perspectiva, a Bahia segue o movimento do país quando o assunto é divórcio. No estado, o crescimento de divórcios foi de 22,5% de 2017 para 2018, contra apenas 3,2% da variação nacional. No caso dos casamentos, no entanto, a Bahia vai em sentido contrário, já que no Brasil houve uma redução de 1,6% contra o aumento baiano de 6,3%. (Ilustração: Arte CORREIO) Lá vem os noivos Os jovens universitários Caio Souza, 25, e Flávia Reis, 24, foram alguns dos pombinhos que contribuíram para que o número  de casamentos seguisse aumentando. Os dois disseram o tão sonhado sim em uma cerimônia recente, no último dia 30, depois de cinco anos de namoro e um de noivado. “A gente sempre sentiu que ia casar. Mas, na minha cabeça, um pedido de noivado já era o início da preparação do casamento, então sempre avisei que não era para me pedir se não fosse para casar mesmo”, contou Flávia.  Caio e Flávia disseram o tão sonhado sim após cinco anos de namoro e um de noivado (Foto: Acervo Pessoal) “Fizemos intercâmbio e passamos quase dois anos morando separados, se vendo pouco, e acho que isso foi o que levou a gente a casar agora. Não queríamos voltar para cá e seguir vivendo separados, mesmo que morando perto”, completou Caio. Agora casados, os dois olham para o futuro com animação. “Fazer planos juntos, crescer com alguém do seu lado é muito bom. Esperamos uma relação de muito companheirismo daqui para frente”, desejou Flávia.

A relação construída com base no companheirismo e na conversa é justamente a chave para que nenhum casal passe de uma estatística para a outra. “É difícil construir uma relação. Não somos ensinados a expressar nossos desejos, não aprendemos a nomear o que sentimos e queremos e isso acaba prejudicando”, opinou o psicólogo especialista no trabalho de casais e família Elídio Almeida.  Para o profissional, o aumento no número de casamentos não é uma surpresa. “Por mais que a gente tenha aprendido a lidar com as pessoas que decidiram não casar, o casamento ainda é uma confirmação de sucesso para a pessoa adulta. É uma construção histórica”, explicou.

História diferente Para Larissa Lage, 34, e Danilo Tapioca, 30, o casamento aconteceu contrariando diversas circunstâncias que poderiam ter transformado o encontro do casal em algo passageiro. É que os dois se conheceram durante o único dia em que Larissa brincou o carnaval de Salvador em 2017. “Nunca imaginei que, em uma festa, ia encontrar o meu marido. Geralmente vou nessas festas só por diversão mesmo”, contou ela.  O baiano Danilo e a mineira Larissa enfrentaram a distância antes da vida a dois (Foto: Davi Santana/Divulgação)  Mineira, a delegada se mudou para a Bahia quando foi aprovada no concurso. Durante a folia, encontrou Danilo que, apesar de baiano, também morava em outro estado. De 2017 para cá, passaram algum tempo namorando a distância até que ele, que é oficial de justiça, conseguisse a transferência de volta para Salvador. “Casar era um sonho, um sonho caro, mas um sonho. Agora que acabamos de voltar da lua de mel é que estamos começando a viver essa vida de casados”, revelou Larissa.

Com um trabalho especifico com casais, a psicóloga  Mirna Rosier destacou pontos que podem ajudar aqueles que estão no início da caminhada a dois. “De fato com a mesma facilidade com que as pessoas casam, elas estão se separando, principalmente porque as pessoas têm baixa tolerância a frustrações”, explicou. 

Equilíbrio A profissional revelou que, enquanto casal, é preciso trabalhar o equilíbrio. “Muitos casais tem o discurso de que primam pela liberdade e que as pessoas tem que preservar suas individualidades e ninguém quer ceder. O grande desafio é ajustar o que é nosso e o que é meu. De fato existem momentos em que você precisa preservar a individualidade e outros em que é importante primar pela relação”, detalhou. 

A comunicação é, inclusive, a arma dos cônjuges Suzana Vidal, 34, e Ronie Lima, 36, que vivem um casamento a distância há 3 anos. Por conta do trabalho, a empresária mora em Salvador e o engenheiro vive em São Paulo. “A gente sente falta de estar um do lado do outro, de ter o apoio presencial. Mas sempre fomos muito sinceros um com o outro, falamos aquilo que não tava legal, que nos incomodava. Até no dia a dia, conversamos muito, mesmo distantes sabemos dos problemas uns dos outros”, disse Lima. Apesar da distância, Ronie e Suzana exercitam a comunicação para manter o equilíbrio da relação (Foto: Paulo e Diego Kiki Fotografia/Divulgação) Para os profissionais, essa é justamente a chave para seguir juntos. “Quando o casal chega para se separar, a primeira coisa que se percebe é uma comunicação ruim. A pessoa cria expectativa, mas não comunicam o que esperavam, é o que acaba gerando a frustração”, finalizou Mirna. 

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.