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Casamentos em resorts e pousadas crescem até 300% na Bahia

Com dólar e euro altos, tendência é opção para quem casava e fazia lua de mel no exterior

  • Foto do(a) author(a) Marcela Vilar
  • Marcela Vilar

Publicado em 11 de outubro de 2021 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação/Pousada Jambo
Decoração de casamento na área externa da pousada por Divulgação/Pousada Jambo

Quem imaginava casar de véu e grinalda na igreja, com festa para centenas de convidados, teve que adiar ou adaptar o sonho, com a pandemia da covid-19. Muitas noivas ficaram com a segunda opção, o que fez surgir uma nova tendência na Bahia: os casórios em hotéis e resorts à beira da praia. Essa prática cresceu até 300% no estado, segundo levantamento do CORREIO. Existem espaços, como o Sítio Pasárgada, em Guarajuba, com a agenda lotada até junho de 2022. 

Foram nos resorts da Costa do Sauípe que as celebrações mais cresceram - triplicaram, de junho de 2020 até junho de 2021, segundo a Aviva, empresa que administra o complexo. Os pedidos chegam a 20 por mês, com duas festas realizadas a cada 30 dias. Já no Grand Palladium Resort & Spa Imbassaí, na cidade de Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador (RMS), 18 casamentos foram celebrados, em setembro, número 80% maior que a média antes da pandemia. 

“Os casamentos e renovação de votos têm ganhado bastante força e visibilidade e têm sido cada vez mais requisitados, tanto é que temos funcionários especializados nisso. Queremos levar momentos memoráveis aos nossos clientes, experiências que marquem de forma bastante positiva”, diz o diretor-geral do Grand Palladium Imbassaí, Paulo Fernandes. 

Os pacotes para esse serviço começam em R$ 3 mil, para as festas de até 10 pessoas. Por esse valor, o resort dá a decoração, jantar romântico na praia para os noivos e o bolo de casamento, mas é possível contratar serviços de buffet à parte. As reservas precisam ser feitas com 30 dias de antecedência.

No Sítio Pasárgada, segundo a administradora Tatiane Silveira, a agenda de 2023 já está aberta. “A procura aumentou muito, principalmente, agora, com a liberação dos eventos sociais. A Bahia é um dos principais locais do Brasil para Destination Wedding”, conta Tatiane. Desde 2016 que as celebrações são feitas no Sítio, que tem 23 quartos e área de 15 mil m². As festas podem ser de até 500 pessoas. 

Para ela, já havia uma tendência desse serviço antes da pandemia, que foi acentuada. “Casamentos ao ar livre, por serem em espaços abertos, dão uma segurança maior às pessoas nesse momento que ainda estamos passando. Além disso, na pandemia, as pessoas se conectaram mais com a natureza e nosso espaço proporciona isso, festas personalizadas e integradas à natureza, fora do tradicional”, acrescenta a administradora.

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No Grand Hotel Stella Maris, em Salvador, essa procura aumentou 50%, no segundo semestre de 2021. “Percebemos um aumento do interesse das pessoas por casamentos em hotéis, principalmente mini wedding, cerimônias para, no máximo, 10 pessoas. São noivos que vêm de todas as partes do Brasil”, comenta a diretora de vendas e marketing do Gran Hotel Stella Maris, Viviane Pessoa. Para 2021 e início de 2022, quatro cerimônias estão agendadas no hotel,que já tinha pacotes especiais para o serviço antes da pandemia. 

Na pousada Jambo, em Itacimirim, o interesse dos casais voltou, agora no segundo semestre de 2021. O espaço começou a fazer casamentos em 2018. “Vimos o mercado crescendo bastante e quisemos acompanhar”, declara a gerente do local, Iolanda Damasceno Dreschers. Na pandemia, houve uma celebração somente para os noivos, com violino, em frente à praia. Desde agosto, a Jambo faz uma média de um casamento a cada 15 dias. Em outubro e novembro, 6 casamentos estão agendados. 

Por não ser de grande porte, ter 26 apartamentos, esse é o limite de festas que Iolanda quer ter na pousada. Até porque, quando se realiza o casamento, é preciso reservar todas as acomodações. Além disso, é preciso reservar com bastante antecedência. A agenda da pousada já recebe visitas técnicas para casamentos de agosto de 2022. 

O número de casamentos cresceu também em função dos adiamentos de 2020. "Muitos mudaram a data para o segundo semestre de 2021. Todos os casamentos que tínhamos que fazer em 2020 passamos para o segundo semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022", explica a gerente. 

Na pousada A Capela, em Arembepe, a procura nunca deixou de existir. “Temos um cenário muito propício para casamentos, ficamos em frente ao mar, temos uma capela”, relata a dona da pousada, Nil Pereira. Ela trabalhou com eventos por 28 anos. Por opção, resolveu diminuir o ritmo das festas na pousada. “Temos dado mais preferência ao hóspede normal”, adiciona. Antes da pandemia, ela realizava cerca de 23 festas por ano. Hoje, no máximo 15. A pousada tem 17 apartamentos e comporta 50 pessoas, em 4 mil m². 

No B Blue Beachouse, em Itacimirim, ocorre, pelo menos, um casamento por semana. Eles ficaram com a agenda lotada em 2021, porque todos os casamentos marcados para 2020 foram transferidos. O espaço tem oito mil metros quadrados e acomoda 60 hóspedes. Os casamentos podem ter até 300 convidados e só podem ocorrer após a segunda semana do Carnaval e primeira semana de dezembro. 

A especialista em casamentos e idealizadora do portal Case na Bahia, Marina Novaes, explica que as festas começaram a ganhar força em junho de 2021. “É mais fácil fazer um evento de 50, 70 pessoas, na Bahia, do que de 500 pessoas, em São Paulo ou Minas Gerais. As pessoas buscam hotéis pela experiência que podem ter com amigos e familiares. Uma viagem de 3 a 5 dias com pessoas especiais é um super atrativo. Além da facilidade de logística, de todos estarem hospedados juntos, com uma estrutura completa”, justifica. 

Pelo dólar e o euro em alta, os casais que faziam festas no exterior ficaram impedidos de sair do país na pandemia. “Pela falta de disponibilidade e por vários países não estarem aceitando brasileiros, muitos preferem casar aqui. Outra questão foi que várias festas, que iam acontecer ano passado, tiveram que ser adiadas para este ano”, acrescenta Marina. O Sul da Bahia - Trancoso e Caraíva - são os mais procurados, segundo Marina.

A assessora de casamento e organizadora do Congresso de Destination Wedding na Bahia (CDWB), Michele Azevedo, ressalta que essas festas têm um custo benefício melhor. “O investimento em uma festa grande é muito alto. Por isso, muitos preferem ter um melhor custo-benefício com os destinations weddings, já que os convidados pagam a estadia. Fora isso, dá para fazer passeios e todo mundo ganha, porque movimenta o turismo, a hotelaria, os restaurantes e produtores de evento”, pontua Michele. 

Grand Palladium Imbassaí tem 100% de ocupação para novembro A pedagoga Tatiana Budunov, 35 anos, viajou, pela primeira vez, desde que a pandemia da covid-19 começou, em março de 2020. Ela veio de carro e enfrentou 30 horas de estrada da cidade de Primavera do Leste, em Mato Grosso, até o Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa, em Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador (RMS). 

Com os protocolos sanitários e o avanço da vacinação, ela, agora, se sente segura para voltar a turistar. “Minha neura diminuiu”, conta Tatiana. Não só ela, mas outros mais de 1.100 clientes que fizeram a ocupação do Grand Palladium chegar a 90% no último final de semana. Para novembro, o resort já parou de vender diárias, pois atingiu lotação máxima.

A expectativa para o próximo trimestre é alta, segundo o diretor-geral do Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa, Paulo Fernandes. “Desde julho, demos um salto expressivo na ocupação. O último trimestre de 2021 é bastante animador. Teremos, em média, 70% de ocupação. Nos finais de semana, enche mais, e chegamos a 90%. Atualmente, já consideramos que estamos no mesmo patamar de 2019, com o comportamento de antes da pandemia”, comemora o diretor-geral. 

Nem todos os quartos podem ainda ser usados simultaneamente, por conta das medidas restritivas de combate ao novo coronavírus. O limite permitido é de 1.300 pessoas, ou seja, cerca de 70% da ocupação, que permite 1.800 hóspedes no total. A arquitetura do hotel foi inclusive reestruturada durante a pandemia. Os 654 quartos são divididos em 11 vilas, para evitar aglomerações e dar mais privacidade aos clientes.

Retomada Para chegar a essa retomada, o resort passou por momentos difíceis: ficou cinco meses fechado, em 2020, com 0% de receita. Por isso, afastou 91% dos funcionários: apenas 70 dos 784 ficaram. Aos poucos, todos eles foram recontratados. 

Com a reabertura, em agosto de 2020, várias medidas sanitárias e de higiene foram incorporadas no dia-a-dia do hotel, que firmou parceria com a SGS, empresa suíça líder mundial em inspeção. Uma equipe de 8 pessoas agora faz a desinfecção das áreas comuns a cada 3 horas, com dois produtos diferentes, que exterminam o vírus. Para circular nos corredores e área externa, a máscara é obrigatória. A temperatura é medida na entrada, no check-in, e para acessar os restaurantes. 

A academia, refeições e participação das atividades do resort precisam, agora, ser agendadas, através do aplicativo. As crianças não podem mais brincar no clubinho - as brincadeiras e oficinas são nas áreas externas. A creche, para bebês de zero a três anos, está desativada, assim como a boate e sauna, com expectativa de retorno em 2022. A quadra de tênis pode ser usada se o hóspede trouxer os próprios equipamentos. O ping-pong e o vôlei voltaram recentemente, e as bolas são higienizadas a cada uso. 

Perfil do hóspede Os baianos representam somente 25% dos hóspedes no resort. A maioria é do Rio de Janeiro e São Paulo (40%). Já Minas Gerais ocupa o segundo lugar, empatado com a Bahia. Os sulistas correspondem a 15% dos visitantes. O público que mais frequenta são as famílias, casais com filhos ou grandes excursões: eles equivalem a 80% das reservas.   

É o caso da pedagoga Tatiana Budunov, que veio com o marido, o piloto agrícola Itamar Bassu, 39, e o filho Nicolas, de 1 ano e 10 meses. Ela está grávida do segundo menino, Henrique, e veio à Bahia, pela primeira vez, relaxar. “A gente costumava, antes da pandemia, viajar, todo ano, para fora, como Estados Unidos e Japão, mas, como não está podendo, resolvemos vir para cá”, explica a pedagoga.

Apesar de ser a primeira viagem da família na pandemia, ela já se sente mais confortável. “Precisamos aprender a conviver com o vírus, porque não tem como fazer a vida parar”, argumenta Tatiana, que espera o prazo para tomar a segunda dose da vacina contra covid-19. Já o casal paulista Lúcia Turra, 61, e o marido, Jeffer Santos, 63, vieram curtir as férias. Eles não têm filhos, vieram sozinhos, e estão casados há 19 anos. 

“A gente vem, todo ano, para a Bahia e para outro país. Como não está podendo ir para fora, ficamos por aqui. Normalmente, ficamos no Iberostar, mas, como não achamos vaga, viemos para o Grand Palladium, e estamos gostando muito. Já estamos acostumados com os protocolos, porque são os mesmos de São Paulo”, relata Lúcia. Ela e o marido já tomaram as duas doses da vacina contra covid-19. 

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro