Caso Bernardo: Juíza nega transferência do pai para ala psiquiátrica

Justiça pede exames para avaliar se Paulo Osório deve ir para a ala psiquiátrica; ele continuará detido na carceragem da PCDF

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  • Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 19:19

- Atualizado há um ano

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(Fotos: Reprodução) A Justiça determinou nesta quinta-feira (5/12) que Paulo Roberto Osório, pai que confessou ter matado o menino Bernardo de 1 ano e 11 meses, passe por avaliação psiquiátrica para avaliar a sua sanidade mental. A juíza Leila Cury determinou também que Paulo Osório permaneça ao menos até a próxima quinta-feira (12) na carceragem da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), no Departamento de Polícia Especilizada (DPE), atendendo ao pedido policial de não transferência do preso, para não interferir nas investigações de localização do corpo de Bernardo. As informações são do Correio Braziliense.

O funcionário do Metrô-DF foi preso em Alagoinhas na segunda-feira (2) e confessou o crime. Ele sequestrou o filho no Distrito Federal, onde viviam, e depois de matá-lo fugiu com o corpo. Ele agora está detido preventivamente na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), no Departamento de Polícia Especilizada (DPE). De acordo com a defesa de Paulo, ele tem distúrbios mentais, e por isso, deveria ser transferido para a ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda. (Foto: Reprodução) A juíza Leila Cury, no entanto, pontua que a sanidade mental do preso precisa ser comprovada, e determinou a avaliação. Segundo a magistrada, a transferência sem real necessidade pode "colocar em risco a sua própria integridade física e a dos pacientes", que estão presos na Ala. Os exames serão feitos pela equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) da DCCP ou pela equipe do Instituto Médico Legal (IML). 

Polícia investiga se corpo achado na Bahia é de bebê morto pelo paiUm corpo achado na cidade de Palmeiras, na Chapada Diamantina, pode ser do garoto Bernardo, de 1 ano e 11 meses, morto pelo pai. Paulo Roberto Caldas Osório, 45 anos, foi preso em Alagoinhas na segunda-feira (2) e confessou o crime. Ele sequestrou o filho no Distrito Federal, onde viviam, e depois de matá-lo fugiu com o corpo. Em depoimento, Paulo tinha dito à polícia que abandonou o corpo de Bernardo depois da divisa de Goiás com a Bahia, mas buscas na região de São Desidério não tiveram sucessos. 

Na quinta (5), um morador encontrou um corpo à tarde, em uma área de estrada no povoado Campos de São João. O bebê usava roupas similares às que Bernardo tinha quando sumiu e estava em uma cadeirinha veicular, o que condiz com o depoimento de Paulo Roberto. Ele contou à polícia que colocou o filho no carro para sair do DF, tomou a BR-020 e notou só depois que ele estava morto. Ao perceber, tirou o menino do carro na cadeirinha e abandonou na estrada.

Segundo a Polícia Civil da Bahia, os investigadores que comandam o caso no Distrito Federal foram alertados sobre a descoberta. O corpo foi encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Itaberaba. Embora os objtos achados indiquem que se trata de Bernardo, um exame de DNA deve confirmar a identidade do corpo, com prazo de 30 dias.

Com base no depoimento do assassino confesso, a polícia chegou a fazer 100 km de buscas a partir de São Desidério, no oeste da Bahia, e não encontrou o corpo de Bernardo. O delegado Leandro Ritt, titular da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS) do DF, afirmou ao Correio Braziliense que acreditava que Paulo Roberto não queria que achassem o corpo, para aumentar o sofrimento da ex-mulher e da ex-sogra. 

“Os policiais foram 50 km adiante da cidade (São Desidério), rumo a Salvador, e 50 km no caminho inverso. No total, foram 100 km de buscas infrutíferas, pois ele indicou o local errado de onde a criança foi deixada. Desde o princípio, o objetivo de Paulo era perpetuar o sofrimento da mãe de Bernardo e da ex-sogra para que elas, realmente, nunca mais vissem o menino. Ele não quer que o corpo seja encontrado”, explicou na ocasião. Cadeirinha similar a de Bernardo foi achada com corpo (Foto: Divulgação) Sequestro Na sexta-feira passada, Paulo Roberto, que trabalhava como agente de estação no Metrô de Distrito Federal, pegou o filho na creche. Ele deu um suco de uva misturado com medicamentos à criança, que acabou dormindo. A suspeita da polícia é que o garoto tenha acabado morrido intoxicado.

Depois, Paulo Roberto colocou o menino no carro e saiu dirigindo em fuga. Ele diz que abandonou o corpo da criança pouco depois de chegar à Bahia. O suspeito foi preso em Alagoinhas. Ele confessou que cometeu o crime para se vingar da mãe da criança e da ex-sogra, Juciane Mascarenhas Nascimento, 57.  Paulo Roberto matou a mãe em 1992 (Foto: Reprodução) Para o delegado, o servidor afirmou que ficou irritado porque a ex entrou na Justiça em 29 de agosto pedindo pensão alimentícia para Bernardo. Ele alegou que estava passando por uma "fase bem difícil", especialmente depois da morte do pai, e disse que a ex não precisava de dinheiro.

“Não foi só pela pensão, tiveram outros fatores. Ele relatou desrespeito e humilhação. Então, o que parece é que as frustrações se acumularam e acabaram nessa tragédia. A principal impressão é de que ele preparou tudo e tinha, sim, a intenção de matar. Ele pensou em um assassinato indolor ao filho, pois, na cabeça dele, nutria uma afeição pelo menino”, diz Ritt.

Para o delegado, Bernardo morreu já no dia em que foi levado pelo pai. Ao chegar na casa do servidor, a polícia encontrou muito vômito da criança espalhado no local. “Ele nutre um ódio muito forte pela mãe do garoto, mas, sobretudo, pela ex-sogra. Acredito que esse sentimento provocou uma ira tão grande que a afeição que ele sentia pela criança foi deixada de lado. Tudo isso para colocar essas pessoas em um profundo sofrimento”, acrescenta o delegado.Mensagens A mãe do garoto está em busca da criança desde a sexta, quando Paulo Roberto levou Bernardo. No domingo, foi ele quem entrou em contato com a ex através de mensagens. Tatiana implorou para que o servidor devolvesse Bernardo.

“Paulo, a gente sempre tentou manter contato e uma amizade com você. Você nunca quis. A gente sempre quis estar presente com o Bernardo, sempre fizemos tudo. Como você faz uma coisa dessas? O negócio é dinheiro? Pode ficar com o seu dinheiro, eu não preciso dele, não. Só quero meu filho", diz uma das mensagens.

Paulo respondeu dizendo que ela nunca mais veria o filho."Boa sorte pra você. Espero que sofra muito. Eu falei que, no dia que você se metesse entre eu e o meu filho, eu ia passar por cima de você. Agora, você está entendendo o recado? Você não vai ver Bernardo mais nunca. Você vai morrer sem vê-lo".Morte da mãe Paulo Roberto de Caldas Osório ficou internado na ala psiquiátrica da Penitenciária da Papuda, em Brasília, por 10 anos, por ter assassinado a própria mãe. 

Ele tem esquizofrenia e toma medicamentos controlados. A mãe do menino diz que não sabia do passado do ex-companheiro. Ela só soube da história após conversar com os vizinhos de Paulo, enquanto procurava pelo filho.

Segundo informações do G1, na época em que matou a mãe, em 1992, ele foi considerado inimputável, ou seja, não tinha condições de responder pelo crime devido ao seu transtorno mental. Apesar disso, ele foi aprovado no concurso do metrô, que exige avaliação psicológica.

Paulo estava afastados do seu trabalho por 60 dias, devido a uma licença psiquiátrica. Ele atua como agente de estação. A companhia do metrô disse que não comentaria sobre o caso.

"A Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) informa que Paulo Roberto Osório é empregado da empresa e não comentará o assunto, uma vez que os fatos narrados não se relacionam com suas atividades na Companhia", disse em nota.