Caso Flordelis: polícia investiga bomba jogada em casa de testemunha

Deputada é acusada de ser mentora e mandante da morte do marido

  • D
  • Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2020 às 07:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Uma testemunha da investigação no caso da morte do pastor Anderson Carmo disse à polícia que uma bomba caseira foi jogada em sua casa na madrugada da sexta-feira (4). Após a denúncia, a delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí investiga o caso.

A deputada federal Flordelis, esposa do pastor, foi apontada pela polícia e pelo Ministério Público como a organizadora e mandante do assassinato. Ela já foi denunciada pelo crime, mas não foi presa por conta da imunidade parlamentar. 

A Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, no entanto, analisa o caso, em processo que pode determinar a cassaçao do mandato de Flordelis. Os partidos já decidiram que vão aprovar o pedido, que ainda vai a plenário. O caso será encaminhado à corregedoria da Câmara, que vai fazer um relatório para análise da Mesa Diretora. Depois, o resultado vai para o Conselho de Ética e a deputada terá dez dias para apresentar a defesa.

Crime O plano para matar o pastor Anderson do Carmo começou ainda em maio de 2018, com envenenamento por doses de arsênico, afirmaram representantes da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio. A mulher dele, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), foi acusada de ser a mentora intelectual do crime. 

Foram pelo menos quatro tentativas de matar o marido anteriormente, incluindo o uso do veneno, até a concretização do crime. O pastor foi morto em 16 de junho de 2019, na porta de casa, com mais de 30 tiros.

"Flordelis, além de arquitetar todo esse plano, financiou a compra dessa arma, convenceu pessoas a realizar esse crime, avisou sobre a chegada da vítima ao local e tentou ocultar provas. Não resta a menor dúvida deque ela foi a autora intelectual, a grande cabeça desse crime", afirmou o delegado Allan Duarte durante coletiva.

A possibilidade de separação entre o casal foi uma das motivações do crime, aponta a invetigação. O rigor de Anderson na administração das finanças e no controle das brigas de família também influenciaram.

“Quando ela fala com um dos filhos sobre os planos de matar Anderson, ela disse: ‘Fazer o que? Se eu separar dele, vou escandalizar o nome de Deus’”, contou o promotor Sérgio Luiz Lopes Pereira, do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.

Por conta da imunidade parlamentar, Flordelis não foi presa. Outras nove pessoas foram presas, incluindo cinco filhas da deputada e uma neta.

A deputada não vai responder somente pelo homicídio. “Uma associação criminosa que começou para matar por envenenamento, depois por arma de fogo, e por último para fraudar as investigações, com uso de contrainformações”, explica o promotor. (Foto: Reprodução) Envenenamento Segundo o promotor, o envenenamento foi uma tentativa de matar Anderson aos poucos. "O arsênico era posto na comida do pastor de forma dissimulada", afirma. "Até 2019, ele teve várias passagens na emergência de hospitais de Niterói, com diarreia, vômitos, sudorese, e se tratando como se fossem outras coisas”.

O advogado da deputada, Anderson Rollemberg, afirmou estar surpreso com os rumos da investigação, que afirma não ter provas.

“A defesa foi surpreendida com essas prisões preventivas das cinco filhas da deputada e da neta. Tomaremos conhecimento do que há de indícios para que essas prisões fossem feitas e para o indiciamento da deputada, já que na primeira fase da investigação, passou longe de qualquer prova que a apontasse como mandante".

Flordelis está "muito aborrecida e chateada" com tudo por ser inocente, diz."Jamais foi mandante desse crime bárbaro".