Caso Michel: defesa pede soltura de dois suspeitos de envolvimento no crime

Segunda audiência foi realizada nesta sexta-feira (28), no Fórum Criminal de Sussuarana

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  • Fernanda Varela

Publicado em 29 de junho de 2019 às 09:25

- Atualizado há um ano

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O caso do assassinato do assessor parlamentar Michel Batista de Sá teve sua segunda uma audiência realizada nesta sexta-feira (28), no Fórum Criminal de Sussuarana, em Salvador. Foram ouvidas cinco testemunhas, sendo duas de acusação e três de defesa - entre elas, estava a esposa da Michel, Francianne. De acordo com informações do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), a audiência teve início às 9h e terminou às 17h30.

Michel foi morto no dia 16 de agosto de 2018, na Avenida Tamburugy, nas proximidades do Condomínio Mediterrâneo, atrás do Shopping Paralela, no bairro de Patamares. O crime aconteceu entre 22h e meia-noite e o corpo do assessor foi encontrado no local na manhã seguinte, com marcas de tiro e sinais de tortura.

O CORREIO conversou com Hudson Dantas, que representa dois dos três acusados: o motorista Itazil Moreira dos Santos, 54 anos, e o empresário Maurício Lucas Teive, 45 - ambos presos no dia 16 deste mês. Ele solicitou a soltura de ambos. Além deles, há um terceiro acusado, Gabriel Bispo dos Santos, 22, preso em novembro do ano passado. Os três compareceram à audiência, mas ainda não foram ouvidos.

"Nessa audiência a esposa de Michel confirmou que nunca ouviu falar em Maurício e Itazil, mas reconheceu Gabriel. A defesa pediu ao juiz a revogação da prisão deles dois, já que ninguém os reconhece. A própria polícia não pediu a prisão deles porque não há comprovação alguma de envolvimento. Não há nada que indique que eles dois participaram do crime. Além disso, ambos colaboraram com as investigações. Estamos confiantes que o juiz entenderá que os dois não têm envolvimento", disse Hudson.

Na audiência desta sexta, além de Francianne, foi ouvido o delegado Delmar Bittencourt, do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (DCCP) e que investigou o caso, além das testemunhas de defesa de Itazil. Na terceira audiência do caso, prevista para acontecer no dia 2 de agosto, às 8h30, no Fórum Criminal de Sussuarana, prestarão depoimento as testemunhas de Maurício e Gabriel, além dos próprios acusados.

O advogado pontuou ainda que, depois dessa terceira audiência marcada para agosto, as alegações finais serão entregues ao Ministério Público e a sentença deve ser dada. 

O CORREIO também conversou com Milena Pinheiro, advogada de acusação e que representa a parte de Michel no processo. "Foi uma audiência longa, porque a viúva falou com riqueza de detalhes o que aconteceu naquele dia. O depoimento durou cerca de três horas. O que ela contou em audiência foi o mesmo que relatou no inquérito", explica.

A advogada confirmou ainda que Francianne reconheceu apenas um dos acusados, Gabriel, que confessou o crime em depoimento dado na delegacia, porque foi o único com quem ela teve contato visual. "Sim, ela só reconheceu Gabriel, porque foi o único acusado que ela viu. Isso não significa que os demais acusados não tenham participação, apenas que Francianne só conheceu um deles pessoalmente", esclareceu.

No dia do crime, segundo explica Milena, Francianne estava acompanhada de uma amiga que mora em outro estado e marcou um almoço com Michel no Salvador Shopping, hábito rotineiro do casal. Ele chegou ao estabelecimento com Gabriel, que informou que resolveria uma questão financeira para fechar negócio com o ex-parlamentar. Foi o último encontro do casal. Depois disso, Michel disse que se encontraria com Gabriel e desapareceu.

Relembre o caso Michel foi morto em agosto do ano passado. O CORREIO já havia divulgado a informação de que as impressões digitais de Maurício, que é casado com a mãe de Gabriel, foram encontradas no carro roubado de Michel, um Honda CRV - anunciado pelo assessor no site de compras OLX, por R$ 73 mil, dias antes de ser assassinado.

Na época, no entanto, a Polícia Civil não confirmou o envolvimento do empresário, que trabalha com compra e venda de veículos. Segundo o suplente de vereador Arnando Lessa, pai da vítima - e que chegou a investigar o crime por conta própria -, o empresário já aplicou um golpe milionário na Europa.

Maurício é pai adotivo de Gabriel Bispo dos Santos, 23, autor confesso do latrocínio - preso três meses depois do crime, no dia 21 de novembro, na cidade de Pomerode, em Santa Catarina. PAI DA VÍTIMA MONTOU CRONOLOGIA DO CRIME

'Não atirei' Quando foi apresentado à imprensa, em 23 de novembro, Gabriel utilizou o direito de permanecer calado. À imprensa, se limitou a dizer: "Nada a declarar". À Polícia Civil, no entanto, afirmou que estava no momento em que Michel foi baleado, mas negou que tenha apertado o gatilho.

"Ele também nega que tenha torturado a vítima. Disse que não sabe quem teria feito isso. Sabemos que o crime teve a participação de outras pessoas e estamos investigando. Nossa suspeita é de que Michel se recusou a entregar o carro e, por isso, tenha sido assassinado, mas estamos apurando", afirmou Delmar Bittencourt aos repórteres. 

Pouco antes de ser preso, o principal suspeito chegou a gravar um vídeo incriminando o padrasto pelo crime. O material foi encaminhado para a família da vítima. Questionado durante a apresentação do preso, entretanto, Delmar e o diretor do DCCP, Élvio Brandão, não comentaram a suposta relação de Maurício no latrocínio - como acusa Gabriel no vídeo.   Arnando Lessa disse que filho foi torturado (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Anúncio, morte e tortura O assessor Michel, que trabalhava na diretoria da Companhia de Processamento de Dados da Bahia (Prodeb), foi morto após se encontrar com Gabriel no Salvador Shopping, na tarde do dia 16 de agosto. Os dois negociavam um carro há cerca de um mês antes do crime.

A vítima, que foi baleada ao menos seis vezes, também teve os "testículos destruídos", de acordo com Arnando Lessa. O carro anunciado na OLX, que chegou a ser transferido por Michel para o nome de Gabriel, por meio do Documento Único de Transferência (DUT), e foi levado pelos bandidos, foi encontrado três horas depois do crime, por volta de 10h, no estacionamento do Shopping Bela Vista, no Cabula.

"Ele chegou a encontrar com o assassino dentro da própria casa, onde ele viu os três carros, sendo que um da esposa. Para mim, foi isso o que fez crescer a vontade dele de cometer esse roubo. Michel confiava nele, tanto que o carro já estava transferido", afirmou o pai da vítima, na época.