Casos de dengue caem de 10 mil para 652 ocorrências em Salvador

Índice de infestação do Aedes aegypti é o menor em 16 anos, mas quatro distritos sanitários estão em risco

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  • Gil Santos

Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

A pandemia tem mexido tanto com os ânimos dos soteropolitanos que até um mosquitinho chato que aparece por aqui todos os anos diminuiu a frequência das visitas. O índice de infestação pelo Aedes aegypti teve o menor percentual dos últimos 16 anos. A cada 100 domicílios visitados apenas 1,5 estavam com foco do inseto. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e foram apresentados nesta terça-feira (15).

Acompanhando esse resultado, o número de pessoas com dengue em Salvador também caiu. Em 2020, a cidade teve 10.362 pacientes diagnosticados com a doença, com destaque para os distritos do Subúrbio Ferroviário, Cabula e Pau da Lima, todos com mais de 1.700 casos. Já em 2021, foram 652 ocorrências e nenhum dos três distritos registrou mais que 150 pacientes infectados.

As arboviroses são frequentes nessa época do ano, quando o calor e a umidade típicos do verão ajudam na proliferação de pernilongos e do Aedes aegypti. Em 2020, cerca de 12 mil pessoas foram atendidas com chikungunya e outras 1.283 tiveram zika, em Salvador. Já em 2021, foram 350 e 59 casos, respectivamente. A receita para evitar o avanço do mosquito todo mundo já sabe: não permitir que água limpa fique parada a céu aberto.

O subsecretário de Saúde, Décio Martins, contou que 2022 também começou bem nesse sentido. Até o início de fevereiro a cidade registrou oito casos de dengue. No ano passado, nesse mesmo período, foram 56 ocorrências.

“Estamos com transmissão de casos de arboviroses muito baixa esse ano, isso já vem desde o ano passado e é muito positivo. Mas não significa que podemos descuidar, porque em alguns locais nós estamos com índices altos”, afirmou.

Quatro dos 12 distritos sanitários da cidade ainda apresentam dados elevados de infestação pelo Aedes aegypti. O caso mais grave é do Subúrbio Ferroviários que tem percentual de 7,6. Valores acima de 3,9 são considerados de risco. Centro Histórico (4,2), Brotas (4,1) e Itapuã (4,1) também fazem parte da lista. Mas, de uma maneira geral, houve redução nos números.

Para alguns moradores a pandemia pode ter influenciado no resultado. A administradora Marizete Santos, 42 anos, contou que a quarentena e o trabalho em home office a obrigaram a passar mais tempo em casa. Ela conseguiu cuidar melhor do imóvel e tomar medidas para evitar criadouros do mosquito transmissor dessas doenças.

“Minha rotina era mais agitada antes da pandemia, praticamente passava em casa apenas para dormir. A faxina era feita só aos fins de semana. O home office me permitiu otimizar meu tempo, consegui aumentar a quantidade de faxinas e ficar mais atenta aos detalhes. Acredito que aconteceu o mesmo com muita gente”, disse.

O Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa) começou em 2005, quando Salvador tinha percentual de infestação de 3,8. A situação foi piorando nos anos seguintes e ocorreram dois picos. Primeiro em 2007, quando o patamar foi de 5,3, seguido de quedas, até um novo aumento, em 2011, quando o índice foi de 4,2. Desde então, ele está em queda, mas essa foi a primeira vez que ficou abaixo de 2.

Mutirão Em 2021, foram realizadas 3.491.393 inspeções zoossanitárias, eliminados ou tratados 1.302.384 criadouros do mosquito e realizados 867 ciclos de aplicação de inseticida. As equipes recolheram 211 toneladas de entulho. Para o prefeito Bruno Reis (DEM) a redução do índice ao menor patamar em 16 anos só foi possível porque as equipes trabalharam juntas.

“Na Saúde, contratamos motos que saiam pelas ruas, becos e vielas fazendo a distribuição dos insumos para matar o mosquito, montamos equipes que iam de casa em casa conversar com a população e fizemos um trabalho em conjunto entre as secretarias. A Limpub coletava o lixo em locais mais propícios para as arboviroses, a Secretaria de Manutenção cuidando da limpeza e a Sempre conscientizando os moradores”, disse.

No distrito do Subúrbio Ferroviário os bairros de Coutos e Vista Alegre apresentaram os maiores índices de infestação e a prefeitura prometeu distribuir repelentes. Outras regiões que inspiram cuidado são Nazaré, Barroquinha, Saúde, São Joaquim, Macaúbas, Bairro da Paz, Luís Anselmo e Cosme de Farias.

“No Bairro da Paz e no Centro Histórico, que também apresentaram índices altos, detectamos uma grande quantidade de imóveis fechados, o que aumenta a infestação. Ainda hoje a maior dificuldade está em adentrar as residências fechadas para fazer o tratamento”, contou o prefeito.  

Já as comunidades do Matatu, Pitangueiras, Santo Agostinho e Vila Laura apresentaram o indicador mais baixo no município com 0%, ou seja, nenhum foco foi identificado na região durante o estudo. O Levantamento é realizado quatro vezes ao ano, sendo que o primeiro de 2022 ocorreu no período de 3 a 7 de janeiro. Foram inspecionados 42.250 imóveis e identificados 733 criadouros.

Foram investidos cerca de R$ 4 milhões na Operação Dengue 2021/ 2022. São mil agentes de combate às endemias atuando nos 170 bairros de Salvador. Na mobilização, estão sendo feitas a aplicação de inseticida, varreduras de casa em casa e tratamento de focos em terrenos baldios com auxílio dos profissionais da Limpurb.

Veja os dados das arboviroses em Salvador:2021 Dengue: 652 Chikungunya: 350 Zika: 59 2020 Dengue: 10.362 Chikungunya: 12.033 Zika: 1.283 Confira os distritos sanitários em risco:Subúrbio Ferroviário (7,6) - Coutos e Vista Alegre; Centro Histórico (4,2) - Nazaré, Barroquinha, Saúde, São Joaquim e Macaúbas; Brotas (4,1) - Luís Anselmo e Cosme de Farias II; Itapuã (4,1) - Bairro da Paz;