Catedral de Notre-Dame recebe primeira missa dois meses após incêndio

Catedral segue em obras de restauração, fechada para visitação; celebração foi restrita a 30 pessoas, que usaram capacetes de segurança

  • D
  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2019 às 20:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Karine PERRET / AFP

O arcebispo de Paris, Michel Aupetit, celebrou ontem à tarde a primeira missa na Catedral de Notre-Dame, em Paris, desde o incêndio que a destruiu parcialmente há dois meses. De acordo com a diocese da capital francesa, a cerimônia não foi aberta ao público por razões de segurança, mas foi transmitida ao vivo por uma emissora de televisão. 

Quem compareceu ao evento teve de usar capacete de segurança devido às obras de restauração no local.  Cerca de 30 pessoas, a metade delas sacerdotes, assistiram à missa, que começou às 18h locais (13h de Brasília) na capela localizada atrás do coro, local onde estava garantida a segurança.

O incêndio da catedral, patrimônio mundial da Unesco, ocorrido em 15 de abril, consumiu o telhado da construção na capital francesa. Imagens divulgadas um mês após a tragédia mostravam o interior da igreja com redes de proteção, andaimes e máquinas para a retirada de destroços. A obra de restauro deve durar cinco anos.

À frente da celebração,  padre Michel Aupetit é o arcebispo da Igreja Católica em Paris desde janeiro de 2018. Durante a cerimônia, que durou 50 minutos, Aupetit afirmou que Notre Dame não tem vocação para ser ponto turístico. “Não existem turistas na Notre-Dame. Muitos entram por curiosidade, mas não saem da mesma forma”, disse o padre, que defendeu que a pedra angular (que sustenta a estrutura da catedral) pertence a Cristo. “Se retirar essa pedra essa catedral vai desmoronar de verdade”, completou. 

O único momento em que os religiosos retiraram os capacetes foi durante o rito de consagração da hóstia e do vinho, que, na tradição católica representa a transformação no corpo e sangue de Jesus. Ao final da cerimônia, Aupetit pediu uma oração à Nossa Senhora de Paris,  estátua da Virgem Maria que sobreviveu ao incêndio. 

História e relíquias

A Catedral de Notre-Dame tem mais de oito séculos e levou 180 anos para ser construída. O fogo teve início por volta das 18h50 em Paris (13h50 em Brasília), no sótão. A “flecha”, torre mais alta da catedral, desmoronou, mas a estrutura do prédio conseguiu ser salva.

O Corpo de Bombeiros levou mais de quatro horas para conter as chamas, que tomaram conta de um dos símbolos mais conhecidos da capital francesa. Cerca de 400 profissionais participaram da operação. A polícia francesa continua investigando as causas do incêndio. 

Mesmo após a missa, a igreja e seus arredores seguem fechados para visitação. Segundo informações do Ministério da Cultura da França, as doações recebidas até o momento chegam a 80 milhões de euros, o que corresponde a R$ 340 milhões.  Rodeada pelas águas do rio Sena e protegida pelas famosas gárgulas contra espíritos malévolos, Nortre Dame assistiu à participação da França em duas guerras, além de ter sido saqueada e quase demolida durante a Revolução Francesa. 

A igreja guarda ainda relíquias para o devotos do catolicismo, entre elas a Santa Coroa, que católicos acreditam que foi usada por Jesus antes de ser crucificado e mais outras duas relíquias da Paixão de Cristo: um pedaço da Cruz e um cravo.