CBPM e Xcalibur realizam estudo Aerogeofísico inovador

Método eletromagnético, com uso de helicóptero, mapeia novas oportunidades minerais na Bahia

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  • Do Estúdio

Publicado em 12 de agosto de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação / CBPM

O aumento do nível de conhecimento científico, de confiança do investidor e eficiência operacional estão provocando um novo ciclo de crescimento na produção mineral baiana. Representantes da Xcalibur Multiphysics, empresa especializada em soluções geofísicas e marinhas, realizaram, nas últimas semanas, a entrega e apresentação dos dados obtidos no último levantamento aerogeofísico realizado pela CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), no Norte do estado. 

A análise feita no primeiro semestre deste ano tem como objetivo obter informações mais detalhadas sobre as oportunidades minerais da Bahia com aplicação das mais recentes tecnologias aerogeofísicas disponíveis no mercado, como explicou o diretor-presidente da Lasa Prospecções, representante da Xcalibur no Brasil, Henrique Duarte.   

“A tecnologia utilizada é o método eletromagnético, no domínio do tempo, através de helicóptero. É um método desenvolvido pela empresa, no Canadá, e o diferencial desse método é que ele permite você investigar depósitos minerais em profundidade de até 500 metros, a depender da ocorrência”.  A análise foi feita no primeiro semestre deste ano, com aplicação das mais recentes tecnologias aerogeofísicas Ainda durante a apresentação, os representantes da Xcalibur compartilharam um pouco mais dos desafios enfrentados e também mais informações sobre a metodologia e equipamentos utilizados neste mapeamento. Henrique Duarte destacou que esse é o sistema mais moderno do mercado, o que garante mais qualidade e precisão nas imagens. “É o método disponível na indústria com a melhor qualidade de sinal, a melhor resolução, então, a CBPM está com dados na vanguarda do que se tem hoje em dia em levantamentos aerogeofísicos eletromagnéticos”, ressaltou. 

Durante o levantamento foram cobertos 1.178 quilômetros quadrados, que correspondem a mais de seis mil quilômetros lineares de dados aerogeofísicos. Com a entrega dos resultados, a equipe técnica CBPM parte a análise dos dados obtidos conforme explica o geólogo e mestre em geofísica, responsável pelos Projetos Geofísicos da CBPM, Ives Garrido. “A próxima etapa depois da entrega dos produtos finais, o corpo técnico da CBPM vai trabalhar esses dados para eleger áreas para a sondagem exploratória e para a descoberta de novas jazidas”. 

O geólogo reforça que as áreas aerolevantadas pela CBPM englobam regiões com elevado e diversificado patrimônio mineral. “Sendo o Estado da Bahia tradicionalmente minerador, a mineração constitui uma atividade fundamental que compõe a base de importantes cadeias produtivas do Estado. As divulgações dos resultados destes levantamentos aerogeofísicos possibilitam ao setor privado dispor de um grande volume de informações seguras que sinalizam inúmeras oportunidades para o desenvolvimento do setor”, analisou.   Ives Garrido, responsável pelos Projetos Geofísicos da CBPM Investimentos em pesquisa   Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, além da Bahia já possuir uma cobertura aerogeofísica regional de alta resolução, com este novo trabalho, representa um dos melhores investimentos para o desenvolvimento mineral do estado. “Sem dúvida, o retorno desses levantamentos no setor mineral será traduzido em uma modernização dos dados já existentes, resultando em mais rapidez na identificação de novas oportunidades minerais”. 

Nos anos de 2019, 2020 e 2021, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), a Bahia foi um dos estados que mais investiu em pesquisa mineral. Somando os investimentos públicos e privados, mais de R$ 800 milhões foram investidos tanto durante a fase de autorização de pesquisa, quanto durante a fase de lavra, o que reflete o resultado que a mineração baiana vem alcançando nos últimos anos. Ao longo de uma década, o montante foi de mais de R$ 1,8 bilhões de investimentos em pesquisa mineral. 

Tramm pontua que apesar de a Bahia já possuir uma cobertura aerogeofísica regional de alta resolução, este novo trabalho, além de aplicar métodos mais modernos, obtém um detalhamento bastante expressivo na descoberta de novas áreas mineralizadas. Os resultados devem ampliar significativamente a participação do setor mineral na economia baiana. Atualmente o estado apresenta um número significativo de requerimentos de pesquisa, após a finalização de cada aerolevantamento efetuado e disponibilizado pela CBPM.     Ao longo de uma década, a Bahia teve mais de R$ 1,8 bilhões de investimentos em pesquisa mineral “Esse levantamento de alta resolução espacial, aliado à evolução dos conhecimentos geológicos atuais, representa um dos melhores investimentos para o desenvolvimento mineral do estado da Bahia. Sem dúvida, o retorno desses levantamentos no setor mineral será traduzido pelo aumento significativo no número das autorizações de pesquisa”, reforça. 

Potencial mineral  O novo ciclo de aerolevantamentos foi realizado em regiões selecionadas com base no interesse geológico e em áreas identificadas a partir dos levantamentos aerogeofísicos regionais. Inicialmente foram mapeadas a Província Metalogenética do Norte da Bahia  (PMNEB), especialmente na região Campo Alegre de Lourdes, como esclarece o diretor técnico da CBPM, Rafael Avena. “Estes levantamentos são os mais modernos da atualidade e importantes para a descoberta de novos depósitos minerais, pois coletam vários conjuntos de dados que, certamente, servirão como subsídio para um novo programa de exploração no Estado da Bahia”.  Representantes da Xcalibur compartilharam desafios, metodologia e equipamentos utilizados no mapeamento O projeto utiliza sistemas aerotransportados eletromagnéticos no domínio do tempo/magnetométricos, em caráter de semidetalhe/detalhe, instalados em helicópteros. A  PMNEB está localizada no extremo norte da Bahia, em zona, principalmente, sobre a influência das faixas marginais de Rio Preto e do Riacho do Pontal, que fazem parte da borda norte do Cráton do São Francisco, detentora de importantes depósitos minerais, entre eles o grande depósito de Fe-Ti-V associado ao Complexo mafico-ultramafico de Campo Alegre de Lourdes, o expressivo depósito de rochas fosfáticas associadas ao Complexo Carbonatítico de Angicos Dias e também o depósito magmático de sulfetos de Ni-Cu denominado Caboclo dos Mangueiros. 

O geólogo e mestre em geofísica, responsável pelos Projetos Geofísicos da CBPM, Ives Garrido acrescenta que a interpretação de todos esses dados vai permitir a seleção e priorização de novas áreas-alvo para um programa de sondagens exploratórias, cujos resultados vão possibilitar a geração de outros novos projetos de pesquisa. 

“Estes estudos estão demonstrando a existência de diversas assinaturas geofísicas traduzidas por feições multifísicas específicas associadas às relacionadas aos depósitos minerais já conhecidos, proporcionando um melhor conhecimento sobre a reconhecida potencialidade metalogenética da região e a descoberta de novos depósitos minerais”, finaliza. 

O que é um levantamento aerogeofísico? 

Diretor-presidente da Lasa Prospecções, representante da Xcalibur, no Brasil, Henrique Duarte, explica como esse tipo de tecnologia funciona e os ganhos que o processo pode trazer para a exploração de minérios na Bahia  Henrique Duarte, diretor-presidente da Lasa Prospecções, representante da Xcalibur no Brasil Não-invasivos e sem qualquer impacto ao meio ambiente. Os levantamentos aéreos são métodos que não necessitam de perfuração na terra e nem nenhum licenciamento ambiental, justamente porque todas as informações são coletadas no ar, tornando o estudo e a pesquisa em mineração mais sustentável. “Com a atual retomada mais vigorosa da atividade exploratória mineral na Bahia, principalmente para exploração de cobre, níquel, ouro, ferro, a aerogeofísica se torna essencial pois possibilita a coleta de múltiplos dados simultaneamente e também a cobertura de extensas áreas de forma rápida e eficiente”, explica o diretor-presidente da Lasa Prospecções, representante da Xcalibur, no Brasil, Henrique Duarte.  Ele comenta também um pouco sobre como funciona esse processo e os ganhos da aplicação que esse tipo de inovação tecnológica é capaz de proporcionar ao desenvolvimento do setor de mineração na Bahia. Leia na entrevista.  Quais as oportunidades minerais da Bahia com aplicação das mais recentes tecnologias aerogeofísicas, disponíveis no mercado?  Henrique Duarte: Os métodos aerogeofísicos podem ser utilizados para as mais diversas aplicações, desde projetos de mineração, até mesmo engenharia, geotécnica, águas subterrâneas, meio-ambiente, passando por projetos de O&G e mapeamento geológico regional. No caso do estado da Bahia, devido a sua ampla extensão territorial, as tecnologias são importantes não só para o mapeamento regional de larga escala, mas também para auxílio à detecção ou mesmo confirmação de alvos minerais  metálicos, seja através da detecção (indireta) de parâmetros físicos esperados para determinada ocorrência mineral, como também indiretamente através da interpretação de indicativos de estruturas geológicas que possam indicar favorabilidade à ocorrência de outro prospecto.    Como essa tecnologia acaba agregando competitividade para o setor de minérios? Qual o investimento na sua aplicação?    Henrique Duarte: O uso da aerogeofísica se torna interessante para muitas empresas que têm necessidade de investigar o subsolo extensas áreas que não podem ser cobertas apenas por análises terrestres, visto que isto levaria muito tempo para ser feito e normalmente ocorrem restrições de acesso que impedem cobertura homogênea em toda a área, do tipo: ausência de estradas, áreas alagadas, áreas perigosas ou endêmicas, restrição de acesso por parte de proprietários de terras, por exemplo. Outra vantagem de levantamentos aéreos é a possibilidade de coletar múltiplos dados geofísicos, simultaneamente, permitindo obter diferentes parâmetros físicos do subsolo, e, assim, otimizar o conhecimento geológico da região de interesse. Após a entrega dos dados obtidos no último levantamento aerogeofísico realizado pela CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), no Norte do estado, o que o estudo apontou? Quais os desafios enfrentados durante o processo de análise?  Henrique Duarte: Os dados geofísicos coletados são de excelente qualidade e resolução, permitindo o imageamento da geologia na área de pesquisa como nunca antes visto nessa porção norte do estado da Bahia. Foram gerados diversos temas e produtos a partir dos dados coletados e processados, como: condutividade das rochas, constante de decaimento, mapa de fontes de condutores, campo magnetométrico, e uma série de produtos derivados destes. Estes produtos mostram diversas estruturas, litologias, contatos geológicos e corpos condutores que não podem ser observados em superfície, e que serão essenciais para otimizar o programa exploratório conduzido pela CBPM na região.  

“A Bahia ocupa hoje a posição de estado mais bem estudado geologicamente do país” 

Presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm reforça a importância do uso de tecnologia na mineração como diferencial competitivo para o desenvolvimento do setor no estado  Antonio Carlos Tramm, presidente da CBPM A Bahia vem cada vez mais conquistando uma posição de relevância no setor da mineração. De acordo Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), no primeiro semestre de 2022, a produção mineral do estado registrou um aumento de 26%, enquanto a brasileira sofreu uma queda de 9%, na comparação ao mesmo período de 2021. Segundo o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, os números só reforçam a importância do investimento em tecnologias de nova geração para identificar áreas promissoras de novos depósitos de minerais e, consequentemente, a expansão da atividade do setor. “Sem dúvida, esses números só foram possíveis graças aos trabalhos de pesquisas desenvolvidos pela CBPM nos últimos 50 anos e que foram essenciais para garantir a Bahia a posição de estado mais bem estudado geologicamente do país”, comenta. Leia mais na entrevista completa.  Como o setor enxerga o uso de alta tecnologia no mapeamento de áreas favoráveis para mineração?  Antonio Carlos Tramm: A utilização de tecnologias de última geração faz parte de todo o processo da mineração. Seja no processo de extração ou na pesquisa, as novas tecnologias são de grande importância para potencializar o setor de forma mais sustentável. O Levantamento Aerogeofísico realizado pela CBPM é mais uma das ferramentas utilizadas para poder mapear a nossa Bahia e identificar áreas promissoras para novos depósitos minerais.  Qual a importância dessa ferramenta para pesquisa mineral?  Antonio Carlos Tramm: Com os dados obtidos neste estudo, a nossa equipe técnica irá analisar os dados com as informações de superfície que já possuímos na região e, a partir daí, definir onde devemos continuar as pesquisas minerais.  E sobre a região de Campo Alegre de Lourdes, por que ela foi escolhida para dar início a esta etapa e o que os resultados apontaram?  Antonio Carlos Tramm: A Bahia já possui todo o seu território coberto por Levantamento Aerogeofísicos Regional. No entanto, mesmo já sendo totalmente coberto pelos métodos magnetométricos e gamaespectrométricos, a empresa deu início a um novo mapeamento de detalhe, com aplicação das mais recentes tecnologias aerogeofísicas, disponíveis no mercado. A área de extensão para esse novo levantamento foi escolhida com base na potencialidade mineral da região e nos estudos preliminares realizados pelos nossos geólogos, que sinalizaram o grande potencial mineral da região e das áreas da CBPM. O que ainda é gargalo para que o setor de mineração na Bahia possa se desenvolver e quais os desafios para superá-los?  Antonio Carlos Tramm: A logística é um dos principais problemas que enfrentamos. Atualmente o transporte até os portos de boa parte da produção de minérios da Bahia é feito por caminhões. Transportar de caminhão é caro, demorado, desgasta as estradas e polui muito mais do que se fosse transportado por trem. A malha ferroviária do estado é praticamente inexistente. A Ferrovia Centro Atlântica (FCA) que é administrada pela VLI - empresa que há mais de 25 anos tem a concessão dessa ferrovia - abandonou boa parte dos trechos que cortam o nosso estado. E agora, após passar quase dois anos tentando uma renovação antecipada, ela quer devolver os trechos que não interessam a ela (o que inclui os trechos do nosso estado) e pagar uma indenização ao governo federal pelos trechos devolvidos. Tal recurso seria aplicado na construção de dois ou três trechos. Mas, quem garante que isso será de fato realizado?".

Este conteúdo especial é uma realização do Jornal Correio com apoio da Xcalibur.  

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