Celebração do encontro de Jesus e Maria volta a acontecer e emociona fiéis em Salvador

A Santa Missa ocorreu na Igreja Nossa Senhora da Ajuda

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  • Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/ Correio

Pregar a importância da entrega de Jesus pela salvação do mundo. Essa é a razão da celebração da Procissão do Encontro, momento em que é lembrado o encontro de Maria com o filho durante o caminho do calvário. A cerimônia, que compõe a confraternização da Semana Santa, aconteceu nesta quarta-feira (13), no Centro Histórico de Salvador. 

A Santa Missa, que inicia a comemoração, ocorreu na Igreja Nossa Senhora da Ajuda, celebrada pelo Bispo Auxiliar Dom Marques Eugênio, com a concelebração do Padre Dionatan, capelão do templo. A mensagem transmitida para os fiéis destacou a história da crucificação e da ressurreição de Cristo.

Aos 77 anos, Ana Maria acompanhou a missa e chegou a cogitar não ir a procissão, devido a problemas de saúde, mas não se conteve. A devota encarou o sol escaldante e ignorou as dores que poderiam surgir após a caminhada para seguir até o ponto onde ocorreria a união da imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos com a de Nossa Senhora das Dores.

“É um dia importante na religião católica e nós, que somos fiéis, precisamos manter a nossa fé bem forte. Nos anos que não aconteceu [a procissão], continuei orando todos os dias na minha casa. Hoje, tenho, graças a Deus, a oportunidade de estar aqui”, conta Ana Maria.

Assim como ela, o padre Dionatan também destacou a importância da celebração para a Igreja. Além de exaltar a demonstração do amor dada por Cristo, citou a importância do sacrifício do filho de Deus para que os fiéis sejam inspirados a seguir os passos dele.

“Perceber o grande amor que Deus tem por nós, até o ponto de se sujeitar aos nossos sofrimentos. Para que, fazendo esses passos, possamos perceber que Jesus e Maria são solidários aos nossos sofrimentos”, ressalta o padre. 

Após dois anos sem a tradicional caminhada por causa da pandemia de covid-19, os fiéis puderam voltar a cumprir o caminho que simboliza a trilha do calvário, em Salvador, ao lado da imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, para levá-lo até Nossa Senhora das Dores, da Igreja Nossa Senhora da Ajuda até a frente da Igreja São Domingos de Gusmão, e retornando, com os dois juntos para a primeira igreja. 

Ao som da matraca, instrumento que substitui o toque do sino no período da Semana Santa, quando não é permitido o uso durante atos litúrgicos, os fiéis deixaram a igreja e seguiram em procissão, entoando canções religiosas sobre perdão, arrependimento e renascimento.

A caminhada foi dividida em sete passos, cada um simbolizando um momento marcante vivido por Cristo até o martírio. Aqui, o cenário foi representado pela Rua Chile, passando pela Praça da Sé até a chegada ao Terreiro de Jesus. O primeiro passo foi dado em frente à Câmara dos Vereadores, onde os fiéis pararam para relembrar o momento em que Jesus é preso e condenado.

O instante em que o filho de Maria carrega a cruz foi simbolizado pelo segundo passo, próximo a Igreja da Misericórdia. Até ali, Erotides de Jesus, 79, seguiu com as mãos agarradas no andor que conduzia a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos. 

Devota como é, saiu caminhando da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, no Comércio, direto para a procissão. “Me agarrei aqui porque tenho muita fé em Deus. Esse ano, nessa pendenga, reformaram minha casa, que eu morreria sem ter condições. Chorei demais, então vim agradecer”, conta.

Dali até o sexto passo, Sandra Reis, 61, seguiu firme, mas quando finalmente as imagens se encontraram, ela não conseguiu mais conter as lágrimas. “Ela [Maria] recebeu o filho nos braços. Eu perdi minha única filha e já não a tenho para recebê-la nos meus. O que me faz estar aqui, diante de tanta dor, é o amor, a esperança e a fé”.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo