Celebração tripla marca recuperação do altar-mor do Bonfim

Festa de Pentecostes, 275 anos de chegada da imagem e a restauração do altar agitam Colina Sagrada

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 9 de junho de 2019 às 21:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr.

Nem mesmo o mau tempo que castigou este domingo (9) foi suficiente para afastar os fiéis que lotaram a Basílica Santuário do Senhor do Bonfim para uma tripla comemoração: a festa de Pentecostes, que marca o fim da Páscoa e o nascimento da Igreja Católica; a restauração do altar-mor após dez meses de obras; e o jubileu que marca os 275 anos de chegada da imagem e da devoção ao Nosso Senhor do Bonfim.

As atividades começaram às 6h e tiveram encerramento às 17h, quando a imagem que chegou ao Brasil em 1745, foi novamente entronizada no altar principal do Santuário. Na oportunidade, o reitor da Basílica, o cônego Edson Menezes, conclamou os fiéis a realizarem também uma renovação espiritual.“Pentecostes é uma das comemorações mais importantes do calendário católico e, como disse o Papa Francisco, com ele, a Igreja nasce Universal, por isso mesmo, esse é o momento da inclusão, do perdão e de usar os dons do Espírito Santo para atender aos chamados de Deus”, disse o religioso.Trajando roupas vermelhas que remetiam às línguas de fogo lançadas durante a descida do Espírito Santo, os fiéis atenderam ao chamado da devoção ao Senhor Bonfim e fizeram questão de estar presentes ao longo do dia em cada uma das celebrações eucarísticas, mesmo com o tempo pouco convidativo.

Essa entrega e participação foi ressaltada pelo padre Edson, que pediu aplausos aos presentes. Para enfatizar a importância dessa participação, o religioso lembrou das palavras do Monsenhor Gaspar Sadoc, falecido em 2016. Ele ressaltava que o altar-mor da Basílica do Bonfim era o maior de todos os altares. “Estamos recomeçando a caminhada da fé, sem esquecer da nossa disponibilidade de servir”, disse o padre Edson, pontuando que os próximos passos serão a reforma das escadarias e dos altares auxiliares, garantindo a reforma completa do santuário do Senhor do Bonfim. 

Na última celebração, o padre Edson Menezes fez questão de salientar que a verdadeira prática do cristianismo está no exercício do amor e do perdão.

“Deus está onde reina o amor, e onde existe rancor e mágoa, o Espírito Santo não entra, pois os dons dessa manifestação divina  falam a linguagem do amor e pedem respeito à diversidade das missões, conforme o dom e a capacidade de cada um”, reforçou o pároco.

Durante os rituais litúrgicos, o sírio de Pentecostes foi apagado e, em seu lugar, foi aceso um novo sírio: o do jubileu de aniversário da devoção, que ficará aceso ao longo do ano no altar-mor. A imagem do  Nosso Senhor do Bonfim, que chegou ao Brasil em 1745, foi novamente entronizada no altar principal do Santuário (Foto: Betto Jr) Emoção Sem esconder a emoção, Matilde Freitas, 74, encontrava vitalidade para atravessar o templo lotado e mostrar aos amigos e irmãos como tudo estava bonito e arrumado. Integrante da devoção há mais de 50 anos, a senhora vibrava pelo retorno da imagem ao altar-mor. “Não consigo expressar minha felicidade em palavras, mas é muito emocionante ver que os nossos esforços resultaram numa celebração tão bonita e tão cheia de emoção e fé”, disse.

Quem compartilhou do entusiasmo foi José Bento do Nascimento, 65. Como um bom baiano, ele é frequentador da Basílica sempre às sextas e aos domingos. “Para além da fé que não pede altar especial, é muito bom poder estar presente nessas celebrações que ganham um brilho especial com a recuperação do altar”, pontuou.

 A Devoção do Nosso Senhor do Bonfim foi criada junto com a chegada da imagem por um grupo de leigos católicos, que desejavam ampliar o louvor ao Senhor do Bonfim e à Nossa Senhora da Guia. O culto foi uma iniciativa do capitão da Marinha Mercante portuguesa, Teodhósio Rodrigues Farias, que se salvou de um naufrágio e, em agradecimento, prometeu construir um templo igual ao existente na cidade de Setúbal, em Portugal. O que era apenas uma capela, cresceu, tornando o Senhor do Bonfim uma das maiores devoções da Bahia.